Oposição pode dar um tiro no pé.

Fui chamado de petista, em post abaixo, ao desafiar a revista Época a apresentar provas de vôos irregulares em jatinhos feitos pelos dois ministros petistas Paulo Bernardo e Gleisy Hoffmann. Pela manhã, já havia levantado a hipótese de que o governo Dilma está atrás de uma "barriga" da imprensa para transformar as denúncias de corrupção brilhantemente levantadas em denuncismo e perseguição. A partir disso, virá a famosa vitimização dos acusados e uma cruzada oficial contra a mídia golpista.

O PB e a loura são as jóias da coroa petista. Se derrubar um, cai o outro. Aí sim poderemos ter um escândalo de proporções gigantescas. Mas se as denúncias não forem comprovadas, o casal passará a funcionar como um escudo contra a CPI da Corrupção e contra qualquer iniciativa de investigação. Virarão álibi. Portanto, a oposição que se cuide e não seja intempestiva, passando por sensacionalista ao se pautar por denúncias não comprovadas de forma suficiente. 

Para enfrentar o PT, tem que saber ler o PT. Este blog sabe e já provou isto várias vezes. O importante é pensar com a cabeça deles. Notaram que Paulo Bernardo não respondeu a nenhuma acusação e deixou a coisa toda tomar formato de escândalo?  A tática é velha e batida. Lembram quando o jornal O Globo, por meio de Jorge Bastos Moreno, publicou que este ministro havia sido citado por Luiz Pagot, do DNIT, como responsável por várias falcatruas quando era ministro do Planejamento? Primeiro, ele deixou as acusações correrem e, depois, deu um cala-boca no jornal O Globo, que foi obrigado a enterrar o assunto, pois tudo o que afirmou não foi comprovado. Quem quiser refrescar a memória, pode ler aqui.

No caso da revista Época, a estratégia é a mesma. O petista simplesmente negou-se a responder as questões, deixando uma falsa impressão de que não teria repostas para as acusações. Agora, quando a revista foi mais incisiva, ele publicou uma nota desqualificando a Época, que ficou no compromisso de apresentar provas concretas das acusações. Por sua vez, a Folha de São Paulo, que também vem repercutindo a mesma denúncia, está fazendo sensacionalismo, que tem sido a sua marca, passando a impressão de que o petista está definitivamente enrolado. Não é o que parece. Cabe a oposição, neste caso, evitar dar um tiro no pé.

A Folha informa que o ministro admitiu, na nota, que usou jatinho de empresas. Omitiu, no entanto, que, na mesma nota, o petista declara que usou jatinhos de empresas aéreas de fretamento e não de empresas privadas. Ao mesmo tempo, destaca que o Procurador Geral da República disse que as denúncias podem ser graves. Disse, mas também afirmou que "o Ministério Público não pode se precipitar e formar seu juízo a partir das denúncias da imprensa". E foi mais longe: "Eu acho que temos de ver caso a caso se efetivamente essa promiscuidade existe. Se a promiscuidade existir, efetivamente é indesejável, mas temos de analisar caso a caso pra ver se isso existe", declarou Roberto Gurgel.

A nota de Paulo Bernardo é, sob o ponto-de-vista da sua defesa, impecável. Não há nada ali que o incrimine e deixa em aberto várias saídas. Afirma que não pode lembrar de todos os aviões que usou, mas que pagou por todos eles. E que isto está declarado nas suas contas de campanha, que são públicas, basta ir ao TRE verificar. E não adianta querer que ele apresente as notas fiscais para comprovar. O acusado é ele. Quem deve as provas é quem fez a denúncia e isto é básico e óbvio. É a revista Época que tem obrigação de provar as suas insinuações ou afirmações, sob pena de perder a credibilidade. Tem que mostrar uma foto que caracterize o uso. Uma gravação. Um testemunho oficial. Ou em vez de derrubar um casal de ministros, vai botar a sua credibilidade no lixo e ser acusada de fazer parte de um complô da imprensa golpista.

Na última linha da sua nota, o ministro petista declara: "Quero destacar que estou e sempre estive à disposição do Congresso Nacional para a prestação de quaisquer esclarecimentos que se façam necessários. Defendo, como sempre defendi, o máximo de transparência na utilização do dinheiro público. Considero este o meu dever e minha responsabilidade política"  Se o que a Oposição tem em seu poder é o que a Revista Época não tem, não há motivos para dar um atestado de inocência para Paulo Bernardo. Não existe crime. A não ser que tudo já esteja combinado entre FHC e Dilma. Que fique claro que não sou petista, por óbvio. Mas aprendi a pensar como eles. A mim não enganam, mesmo!
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Enquanto acabava o post, o jornal O Globo publicava nota da construtora negando o empréstimo ou aluguel de qualquer avião para o casal de ministros. Leia aqui.