Lula mentindo não é novidade - e o povo brasileiro tem pago um custo altíssimo por suas mentiras.
Lula mentindo para a Polícia Federal, contudo, pode acabar antecipando a cena que todas as pessoas de bem aguardam há meses: o petista sendo preso em caráter preventivo.
O Ministério Público Federal (MPF) encontrou novos indícios de que o
tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP), era destinado à família do
ex-presidente Lula, suspeito de ocultação de patrimônio e lavagem de
dinheiro desviado do esquema de corrupção na Petrobras. Em janeiro, em
nota, o Instituto Lula admitiu pela primeira vez ter estado no tríplex
164-A, com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, e informou que o
ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, apenas visitaram “uma
unidade disponível para venda no condomínio”. No documento em que pedem a
realização de buscas e apreensões para a investigação de Lula, os
procuradores afirmam que, segundo documento da própria construtora, há
mais de quatro anos não há unidade sem proprietário no condomínio.
Segundo o MPF, em petição enviada em 29 de agosto de 2011 ao Conselho
Superior do Ministério Público de São Paulo, a OAS “expressamente”
informou que, das 112 unidades do Solaris, 111 haviam sido sido vendidas
a ex-cooperados da Bancoop (cooperativa do Sindicato dos Bancários que
se tornou insolvente) e uma unidade para novo adquirente.
Apesar de a construtora ter informado sobre a venda de todas as
unidades, no cartório de registro de imóveis o tríplex segue em nome da
OAS, o que reforça a suspeita dos procuradores de ocultação de
patrimônio — outras unidades mantidas em nome da empreiteira no Solaris
também são investigadas.
O documento do MPF diz ainda que, em nota publicada em 14 de agosto
de 2015, o Instituto Lula informara, em resposta a uma reportagem do
GLOBO, que Marisa era titular de uma cota do empreendimento e que o
casal não havia decidido se compraria um imóvel ou pediria
ressarcimento.
“O posicionamento de Lula para negar a propriedade do apartamento
164-A no condomínio Solaris, invocando inclusive suposta cota de Marisa
Letícia no empreendimento, não corresponde à realidade”, conclui o
Ministério Público.
O Instituto Lula informou que desconhece o documento e reafirma o
conteúdo da nota anterior: “A família cogitou comprar, não comprou, a
escritura não foi transferida, não frequentaram, não é deles”, informou.
Os procuradores lembram que a opção entre desistir do imóvel ou
acatar novas condições contratuais da OAS foi ofertada aos cooperados em
2009, com prazo de 30 dias para a escolha. A OAS moveu ações judiciais
contra os que não respeitaram os prazos. Várias ainda tramitam no
Judiciário.
O Ministério Público de São Paulo também investiga se o ex-presidente
ocultou a posse do tríplex. No fim de fevereiro, os advogados de Lula
entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de suspensão das
duas investigações em curso — no Ministério Público Federal e no
Ministério Público do Estado de São Paulo sobre o tríplex do Guarujá e o
sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Eles argumentam que a legislação
impede duplicidade de investigações sobre um mesmo objeto e pedem que o
Supremo decida quem deve fazer as apurações.
Para a Lava-Jato, o tríplex e as reformas de R$ 1 milhão feitas nele
podem ter sido uma forma de pagamento de vantagem indevida a Lula pela
OAS, uma das construtoras que participaram do cartel da Petrobras. Entre
2007 e 2012, a OAS fechou mais de R$ 7 bilhões em contratos com a
estatal.
“Há indícios de que, como constatado em relação a outros agentes
públicos e políticos já denunciados no âmbito da denominada Operação
Lava-Jato, empreiteira participante do cartel defraudador de licitações
da Petrobras, OAS, entregou vantagem indevida por meio de manutenção
dissimulada de propriedade e de pagamento de reforma de imóvel”, diz o
documento.
Depoimentos de funcionários da OAS e do Solaris, segundo o MPF,
mostram que a família de Lula acompanhou a reforma e esteve no prédio
mais de uma vez. Letícia Eduarda Rosa, que trabalha na portaria do
edifício, disse que viu Lula no prédio no começo da reforma do
apartamento, no fim de 2013: “Ele entrou, subiu até o apartamento 164 A e
foi embora”. Lula havia admitido ter visitado o apartamento em 2014.
O engenheiro Igor Pontes, da OAS, disse que foi informado no fim de
janeiro de 2014 que era necessário limpar e pintar o apartamento 164-A,
devido a visita de um “potencial comprador”. O serviço foi feito e,
depois, Lula e Marisa teriam visitado o imóvel com o então presidente da
construtora, Léo Pinheiro. Pontes disse que, em agosto de 2014, Marisa e
seu filho Fábio Luís foram ao apartamento e que, segundo Roberto
Moreira, diretor da OAS, “o intuito seria acompanhar a execução da
obra”.
Pontes afirmou que “é possível concluir que as reformas dizem
respeito a possíveis ajustes comerciais entre OAS e ex-presidente Lula".
Rosivane Cândido, ex-funcionária da empresa que reformou o tríplex,
disse ter presenciado reunião de Marisa, um filho de Lula e executivos
da OAS “para apresentar as modificações executadas e em execução do
apartamento”.
Quatro diretores da OAS disseram que a empresa não vendia imóveis com
armários de cozinha e dormitórios personalizados e eletrodomésticos.
Segundo eles, serviços de adaptação de plantas, como os que ocorreram no
tríplex, só eram feitos após a compra das unidades habitacionais por
clientes. (
O Globo)