Indústria afunda em todos os segmentos e indicadores. É o efeito Dilma.


A produção industrial encolheu 0,7% em outubro frente a setembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal — Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira. É o pior resultado para o mês desde 2011 e o quinto resultado negativo seguido, acumulando uma perda de 5,7%. O levantamento é de O Globo.

Em relação ao mesmo mês de 2014, o setor recuou 11,2% — 20ª baixa seguida nessa análise e a mais forte desde abril de 2009, quando caiu 14,1%. Entre janeiro e outubro deste ano, houve queda de 7,8%. Já no acumulado em 12 meses, a indústria registrou retração de 7,2%, maior baixa desde novembro de 2009 (-9,4%), mantendo a trajetória descendente iniciada em março do ano passado. 

Com o resultado de outubro, a indústria está 17% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. 

A produção de bens de consumo duráveis despencou em outubro e levou o setor industrial a abrir o quarto trimestre com perdas generalizadas, sem dar sinais de recuperação em um ambiente de recessão econômica e confiança abalada. Os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, de queda mensal de 0,20% e anual de 10,40%.

O resultado de outubro frente ao mês imediatamente anterior desacelerou em comparação com setembro, quando a indústria recuou 1,5% em relação a agosto. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda de outubro foi mais intensa do que os 10,9% registrados em setembro.

— A queda expressiva de bens de capital tem relação direta com expectativas dos empresários que estão abaladas, assim como a dos consumidores. Toda a turbulência política e econômica tem influência nas expectativas e no investimento — afirmou o economista do IBGE André Macedo.

Na passagem de setembro para outubro, todas as quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE, assim como 15 dos 24 ramos analisados registraram resultado negativo. As principais influências de baixa foram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,7%); indústrias extrativas (-2%); veículos automotores, reboques e carrocerias (-3%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,4%).

Entre os oito ramos que ampliaram a produção em outubro frente a setembro, a maior contribuição para a taxa global foi de produtos alimentícios, que avançou 1,7%, após recuar 0,1% no mês anterior.

Ainda na comparação com setembro, entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis recuou 5,6%, registrando a maior queda do mês e o terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando no período perda de 15,8%. O segmento de bens de capital (-1,9%) também caiu mais do que a média nacional (-0,7%), eliminando a alta de 1,3% do mês anterior. Bens intermediários (-0,7%) e de consumo semi e não duráveis (-0,6%) também encolheram. O primeiro está em queda desde fevereiro e acumula no período baixa de 6,6%. Já o segundo voltou a recuar após leva alta de 0,5% em setembro.

Frente a outubro de 2014, a indústria encolheu 11,2%. Dos 26 ramos pesquisados, 24 recuaram, assim como 69 dos 79 grupos e 77,4% dos 805 produtos pesquisados. O IBGE pondera que outubro deste ano teve dois dias úteis a menos do que em 2014. A maior influência de baixa foi da atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias (-34,9%), pressionada pela queda na produção de automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para transporte de mercadorias, reboques e semirreboques, carrocerias para ônibus e caminhões e autopeças.

Outras contribuições para o recuo na comparação com outubro de 2014 vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-35,8%), máquinas e equipamentos (-18,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,9%), produtos de metal (-17,2%), metalurgia (-10,8%), produtos de borracha e de material plástico (-12,8%), produtos de minerais não metálicos (-11,4%), produtos têxteis (-21,7%), impressão e reprodução de gravações (-31,9%), móveis (-24,6%), outros produtos químicos (-5,3%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-14,9%), outros equipamentos de transporte (-17%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-9,3%). As altas ficaram a cargo de produtos do fumo (10,1%) e bebidas (0,7%).

As reduções mais acentuadas entre as grandes categorias econômicas na comparação com outubro do ano passado ficaram com bens de capital (-32,6%) e de consumo duráveis (-28,7%). Os setores produtores de bens intermediários (-7,5%) e de bens de consumo semi e não duráveis (-7,4%) também registraram resultados negativos, mas abaixo da média nacional (-11,2%).

O setor de bens de capital (-32,6%) intensificou a queda verificada em setembro (-31,2%) e registrou a 20ª baixa seguida nessa comparação. O mesmo aconteceu com o segmento de bens de consumo duráveis (-28,7%), que teve também a maior queda desde junho de 2014 (-32,8%). Já a produção de bens intermediários (-7,5%) registrou a 19ª taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde julho de 2009 (-11,1%).

A queda na produção de bens de consumo semi e não duráveis (-7,4%) foi a 12ª taxa negativa consecutiva. O desempenho em outubro frente a igual mês do ano passado é explicado pelo IBGE pelos recuos em todos os grupamentos: semiduráveis (-17,1%), não duráveis (-9,3%), alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-2,5%) e carburantes (-5,1%).

No ano, a indústria recuou 7,8% e as taxas negativas afetaram as quatro grandes categorias econômicas, 25 dos 26 ramos, 71 dos 79 grupos e 75,5% dos 805 produtos pesquisados tiveram queda na produção. O principal impacto negativo foi em veículos automotores, reboques e carrocerias (-24,6%), pressionado pela redução na produção de aproximadamente 95% dos produtos investigados.