É impressionante o que estamos assistindo. No julgamento mais importante da democracia brasileira, a Suprema Corte do país convive com uma série de "ses". Se o relator votar assim, se o revisor agir assado, se o ministro decidir cozido, se colegiado "consensar" mal passado. Ninguém sabe como funcionará o julgamento e se, no frigir dos ovos, aparecerá nova regra regimental que livrará os quadrilheiros. Leia abaixo matéria da Folha de São Paulo, se você tiver paciência.
O novo sistema adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o
mensalão põe em risco a participação do ministro Cezar Peluso numa
etapa decisiva do julgamento, em que será analisado o envolvimento do
ex-ministro José Dirceu, o principal dos 37 réus do caso. Considerado por advogados e observadores do processo como um voto certo
pela condenação de Dirceu e de vários outros acusados, Peluso terá de se
aposentar no dia 3, quando completa 70 anos. Há apenas seis sessões previstas até o dia da sua aposentadoria. Se o
rito estabelecido pelo STF para o julgamento for seguido sem nova
mudança, dificilmente os ministros terão tempo de examinar o caso de
Dirceu até lá.
A presença de Peluso no julgamento afastaria a possibilidade de empate
no plenário, hipótese que tende a favorecer os réus. O Supremo é
composto por 11 ministros. Sem Peluso, restariam dez. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse ontem que o julgamento
será retomado na segunda-feira de acordo com o novo rito estabelecido na
quinta-feira, que fatia o processo em vários capítulos. Indagado sobre a
participação de Peluso, Ayres Britto afirmou: "Vai depender do andar da
carruagem".
O novo sistema adotado pelo STF aumenta de forma significativa o poder
que o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, tem para ditar o ritmo
do julgamento e tentar influenciar os colegas. Em vez de cada ministro apresentar de uma vez seu voto, examinando todos
os crimes apontados pela Procuradoria e a conduta de todos os réus, a
análise agora será feita em capítulos, na ordem que Barbosa estabelecer. Na quinta-feira, o relator informou aos colegas que seguirá a mesma
ordem que adotou em 2007, quando a denúncia da Procuradoria-Geral da
República foi aceita pelo STF. Mas nada impede que ele proponha outra
ordem.
Se Barbosa seguir a mesma ordem, os crimes de que Dirceu é acusado só
serão analisados perto do fim do julgamento, quando provavelmente Peluso
estará fora do STF. Na quinta-feira, Barbosa começou votando pela condenação do ex-deputado
João Paulo Cunha, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e dois
dos seus sócios. Segunda-feira, será a vez do revisor do processo, Ricardo Lewandowski,
se pronunciar sobre eles. Os demais ministros votarão depois dele.
Se não houver surpresas, os ministros entrarão depois nos outros
capítulos, examinando os contratos das agências de propaganda de Valério
com órgãos públicos, a participação do Banco Rural no mensalão e a
conduta de vários deputados que receberam dinheiro do esquema. Só depois disso é que chegará a vez de Dirceu ser julgado, se Barbosa
seguir a ordem que indicou nesta semana. Embora o relator possa
antecipar o exame do capítulo em que Dirceu é acusado, essa
possibilidade era considerada remota ontem, porque geraria controvérsia.
Para ministros ouvidos pela Folha, da forma como ficou decidido, Peluso não participa da votação de Dirceu. Existe também a hipótese de Peluso antecipar seu voto por inteiro na
primeira chance que tiver de falar, indo além do capítulo que estiver em
discussão e se pronunciando sobre todos os crimes antes do relator e do
revisor. A iniciativa também geraria polêmica, porque o regimento interno do
tribunal diz que o relator e o revisor devem ser sempre os primeiros a
se manifestar no julgamento de processos criminais.
Caberia ao plenário do tribunal avaliar a legalidade da antecipação do
voto de Peluso. Ele poderia ser liberado pelos colegas em caso de acordo
prévio ou poderia votar com autorização de Ayrres Britto, hipótese
prevista pelo regimento do Supremo. A mudança no rito do julgamento levou a um embate entre os ministros na
quinta-feira. Lewandowski disse que não concordava com o fatiamento
proposto por Barbosa, mas no fim do dia recuou.
14 comentários
Esse é o bando de JUIZES AMADORES mais bem pagos do PLANETA!
ReplyO STF não vai sujar o batatal. Estão vigiados pela opinião pública.
ReplyVotar contra as provas dos autos desestabilizará mais ainda o desmoralizado Brasil.
O julgamento do MENSALAO vem mostrando ao povo brasileiro duas grandes verdades:
Reply- O TOTAL DESPREPARO DOS "ministros" PARA O CARGO REGIAMENTE REMUNERADO QUE OCUPAM e,
- O TOTAL DESDEM COM OS BRASILEIROS E COM A JUSTICA QUE CHEGA AS RAIS DO DEBOCHE EXPLICITO NO LINGUAJAR DE marco aurelio de mello.
Eu não li tudo, mas fiquei com uma dúvida. A maioria da imprensa tira o ministro Peluso do julgamento dos petistas graduados. Dai eu pergunto: o ministro Joaquim Barbosa já surpreendeu julgando um grupo de acusados escolhidos aleatoriamente por ele. Quem garante que antes da aposentadoria ele não coloque em julgamento os grãs-petitas? O que acertaram foi acolher o fatiamento não foi?
ReplyNesse oceano de "incertezas", a unica coisa tida como certa é a pureza anjelical dos MENSALEIROS...
ReplyCoronel,
ReplyLi, em comentários, que existe precedente do Presidente do STF prolongar(ou retardar) a aposentadoria para participação de Ministro aposentado até o término de um julgamento!!
Sei lá, o Ayres Brito é um poeta (vide Raposo Serra do Sol) e gosta de fazer a diferença!!
JulioK
Coronel, no STF só tem dois ou três homens independentes; estamos fritos! Falar o que mais? Do bandidão Lula e do grande empresário fenômeno Lulinha?
Replyalguém ainda acredita nesses ministros do atual stf?
Reply“Ainda há juízes em Berlim”
ReplyAssim ficou conhecido o episódio que teria ocorrido no século XVIII, imortalizado pelos versos do escritor francês François Andriex (1759-1833) no conto
“O Moleiro de Sans-Souci”
Frederico II, “o Grande”, rei da Prússia, um dos maiores exemplos de “déspota esclarecido”, exímio estrategista militar e amante das artes, amigo de Voltaire, resolveu construir um palácio de verão em Potsdam, próximo a Berlim.
O rei escolheu a encosta de uma colina, onde já se elevava um moinho de vento, o Moinho de Sans-Souci, e resolveu chamar seu palácio do mesmo modo (Sans-Souci significa “sem preocupação”).
Alguns anos após, porém, o rei resolveu expandir seu castelo e, um dia, incomodado pelo moinho que o impedia de ampliar uma ala, decidiu comprá-lo, ao que o moleiro recusou, argumentando que não poderia vender sua casa, onde seu pai havia falecido e seus filhos haveriam de nascer.
O rei insistiu, dizendo que, se quisesse, poderia simplesmente lhe tomar a propriedade.
Nesse momento o moleiro teria dito a célebre frase: “Como se não houvesse juízes em Berlim!”
Pasmo com a ousada e certamente ingênua resposta, que indicaria a disposição do moleiro em litigar com o próprio rei na justiça, Frederico II decidiu alterar seus planos, deixando o sujeito (e seu moinho) em paz.
François Andriex concluiu o conto com uma certa dose de melancolia, ao mencionar que o respeito real acabou prejudicando a própria província. Ao que parece, o escritor lamentou o recuo do rei diante de um insignificante moleiro.
Entretanto, o episódio imortalizado em versos passou para a história como um símbolo da independência possível e desejável da Justiça.
Para o moleiro, a Justiça certamente seria cega para as diferenças sociais e não o distinguiria do rei, mesmo em uma monarquia.
“NINGUÉM ESTÁ ACIMA DA LEI”
É um princípio consagrado em todo o mundo livre.
Uma frase é universalmente citada, ao menos nos países civilizados, como síntese desse valor: “AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM”
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Enquanto isso, no Brasil...
Caro amigo das 07:31
ReplySe o STF votar de acordo com as provas dos autos (o que é de se esperar numa alta corte) provavelmente não condenará ninguém. Isso porque o único crime realmente comprovado, que é o caixa e, já prescreveu. Todo o resto das acusações foram feitas apenas como peça midiática, e não adianta chiar porque qualquer advogado de porta de cadeia pode confirmar isso. Foi feito apenas para a mídia ter o que falar. Mas, como vimos, toda a trama foi totalmente desmontada.
Coronel
ReplyO caso transita no Supremo há sete anos. Será que no correr desse tempo todo não sobrou um par de horas para os srs. Ministros se acertarem com relação aos procedimentos e liturgias a serem seguidos por ocasião do julgamento, suas votações etc e tal?
E mais,a nossa mais alta Corte já não tem estabelecidas e consolidadas todas as suas normas, seus regimentos, seus ordenamentos, suas praxes,seus costumes, suas rotinas e, enfim, seus sistemas de funcionamento em todos os momentos e circunstâncias?
Se é assim (ou ao menos deveria ser), como é que se explicam êsses bate-bocas, éssa confusão e essas trombadas entre ministros que mais parecem, no seu conjunto, baratas tontas que não atinam com o que devem fazer e quais os rumos que devem tomar para conduzir o julgamento ao bom termo que a Nação espera?
E será que alguns deles não se dão conta do quanto se amesquinham perante a Nação com suas exibições de arrogância, empáfia e vaidades gigantescas?
Os Trapalhões eram quatro: Mussum, Zacarias, Dedé e Didi (pela ordem de importância). Agora são onze, só que não têm graça nenhuma.
VERGONHA!!!
Cabo
caro petralha das 11:32.
Replypelo voto fatiado do Quincas, citando o dinheiro desviado da camara pelo mensaleiro joão, a unica coisa que não existe no mensalão é caixa 2.
pode espernear,mas a condenação e certa.
Vaza petralha
ReplyPetralha (11:32) que é petralha entende as coisas às avessas. Não adianta explicar. Deve ter apenas dois neurônios, um para andar e o outro para respirar.
ReplyVaza daqui!!!!
Chris/SP