Miopia kassábica.

Que Gilberto Kassab quer um ministério para chamar de seu, assim como acha que o partido que dirige é de sua propriedade, ninguém tem a menor dúvida. Até já determinaram qual a pasta lhe caberá quando o PDS aderir ao governo: Cidades. Este projeto pessoal de poder faz com que 600 quilômetros tornem Kassab tucano em São Paulo e o façam petista em Belo Horizonte, na tentativa de agradar um e outro. Esquece que, a partir de 31 de dezembro de 2012, não terá mais mandato, dependendo do apoio maciço do partido para poder vender o seu passe ao governo. Não terá. Se não voltar atrás e compor internamente, Kassab se transformará num jovem Maluf, vendendo seu tempo de TV pelo melhor preço.

A intervenção promovida por Kassab em Minas Gerais, de forma prepotente e ditatorial, causou as primeiras baixas no PSD.  Ontem, a senadora Kátia Abreu (TO), vice-presidente nacional do PSD, repudiou a decisão Kassab. Em carta endereçada ao prefeito, ela o acusa de atuar de "forma arbitrária e clandestina" e de "abandono de qualquer resquício de lealdade e respeito" aos dirigentes do PSD."Considero que houve mais que abuso de poder", escreveu a senadora. "[Houve] um grave e insolente dano ao espírito do nosso partido, nascido sob a inspiração da ruptura com os rótulos ideológicos anacrônicos (...) com o compromisso de ser uma legenda democrática, sem donos ou comandos arbitrários."

Segundo a Folha de São Paulo,  Kassab recomendou que aliados não respondam para evitar que a senadora ganhe visibilidade com suas reclamações. Na avaliação de kassabistas, ela investe na ruptura movida pela desejo de ocupar o Ministério da Agricultura com a próxima reforma da presidente Dilma.Mas, no fim da noite de ontem, o PSD divulgou uma nota em que diz "não ter fundamento" a afirmação de que partido estaria "contrariando os princípios anunciados na sua formação". 

Ontem à noite, Kátia Abreu reuniu cerca de mil pessoas e uma centena de parlamentares, o vice-presidente Michel Temer, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o ministro do STF, Gilmar Mendes, entre outros, para lançar o Time Agro Brasil, um projeto de marketing nacional e internacional do agronegócio, que tem à frente o Rei Pelé. A senadora deve estar muito preocupada com os kassabistas que não querem lhe dar visibilidade, para que ela não vire Ministra da Agricultura. Em parceria,  com Mendes Ribeiro e Dilma, Kátia Abreu está ajudando a implementar uma nova política agrícola no Brasil, sem um único atrito e com resultados imediatos. É mais do que ministra: é conselheira e consultora do governo, é a voz de quem produz e representa mais de 5 milhões de produtores rurais, dirigindo a poderosa CNA. Parece que a miopia kassábica não tem mesmo limites. Quando sair do pequeno mundo paulistano, vai ver o quanto o deserto é árido, seco e muito frio à noite.