A gente só quer honestidade.

O pior de tudo não é o crime em si. É a justificativa que vem sendo dada para ele. Comprar passagens para a esposa ou a amante viajar para Paris ou Miami, com dinheiro público, é apenas decorrência da falta de caráter, de decência e de honestidade dos parlamentares brasileiros, sem exceção. O pior de tudo, no entanto, é assistir homens públicos, que deveriam zelar pelo patrimônio da nação, eleitos para fiscalizar o bom uso do nosso suor transformado em impostos, "entenderem" que o dinheiro público, quando não é gasto, passa a pertencer a eles. Esta conclusão é de uma desonestidade tão grande que explica, por si só, toda a roubalheira e todos as falcatruas que estes senhores e estas senhoras têm cometido contra o país. Quem é capaz de embolsar dinheiro público na forma de uma passagem aérea, acha perfeitamente natural receber propina de uma empresa interessada em contratar uma obra pública. Ou ter a sua campanha e a sua vida regiamente pagas para representar interesses de um setor, compondo as famosas "bancadas" que se unem para defender privilégios e distribuir emendas orçamentárias. Ou, ainda, vender o seu voto em troca de cargos e influência em empresas públicas. Se você é um executivo, sabe muito bem que, ao fim de uma viagem, tendo recebido uma diária ou um adiantamento, juntará as suas notas e comprovantes de despesas, prestando contas centavo a centavo. E que isto faz parte da mais cotidiana prática empresarial. Já no serviço público, a corrupção sistêmica e endêmica avalizada por estes senadores e deputados impele o servidor a embolsar o que restou da diária ou arranjar umas notinhas falsas para não ter que devolver o troco. Roubar faz parte da distribuição de renda safada que promovem no setor público. A verdade é que estamos sendo roubados diuturna, voraz, desavergonhadamente, por quem? Pelo Fernando Gabeira, que vergonha. Pela Luciana Genro, quem diria. Pelo Rodrigo Maia, pasmem, jovem liderança e presidente de um partido. O que está acontecendo hoje no Brasil é um roubo generalizado usando a tática do descuido. Enquanto o senador nos distrai com belos discursos da tribuna, os seus assessores roubam passagens aéreas, recebem presentinhos de empreiteiras, acertam votações para favorecer aos doadores de campanha. Enquanto o deputado nos engambela com uma proposta de CPI contra a corrupção, os seus assessores são usados como empregadas domésticas, os apartamentos funcionais são transferidos para filhos, os parentes são empregados nos gabinetes ao lado, naquele famoso troca-troca para evitar o nepotismo. Tem cabimento um homem com vergonha na cara defender que não sabia que a cota de passagens aéreas que recebe do Congresso Nacional é um bem público? Que deve ser usado com parcimônia? Que deve ser usufruido apenas quando é absolutamente necessário e em prol do povo? Como é que podemos confiar nesta escória, nesta gentalha sem escrúpulos, nestes párias da ética? Será que agora terão a coragem de abrir os gastos e de acabar de vez com as cotas de passagens aéreas e com as mordomias que os tornam reféns das dezenas de "diretores" do Congresso Nacional? Há um dito popular que afirma que "político bom é político morto". O eleitor não quer morte, o eleitor só quer honestidade.

11 comentários

Coronel

A farra das passagens:

http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia_list.asp?ct=85

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Anticomunista (nova ortografia) mod

"Quando os homens são honestos, leis são desnecessárias; quando os homens são corruptos, leis são inúteis." -- Disraeli

Existem "milhões" de leis no brasil, todas inúteis. Os canalhas sempre encontrarão meios de burlá-las ou usá-las em favor de sua impunidade.

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Ehh, ahh, bem, humm..exato:queremos honestidade.
Mas não tenho nada contra umas caveiras como, digamos,amuleto pra afungentar os maus espíritos.

Nada seria mais divertido do que ver Lula e Ideli pendurados pelos pés,em praça pública,pra servir de lição.
Quantos aos demais,se estiverem amarrados uns aos outros e a 21 palmos no chão,já será um bom começo.Ideal seria masmorra com pão mofado recheado com baratas,mas onde colocar tantas prisões?

¬¬
lia

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Pois é Coronel.
Sou seu leitor assíduo, mas não sou comentarista. Ontem lendo aquele seu post "Desabafo" tive até vontade de comentar, mas me contive. Não sou de letras, sou ex-metalúrgico que a maior parte da vida só lia livros técnicos estudando o passo da rosca, o diametro primitivo da engrenagem depois a programação da máquina de contole numérico e por aí vai. Só depois de velho é que passei a ler sobre filosofia, política e outros humanismos. E a ler os blogs. Mas uma coisa acredite: pelas minhas origens, pelas convivência variada e pelo tempo vivido, eu conheço esse "povão". Criei um neto - filho de um comunista que o abandonou para ir pichar muros para o PT - que hoje com 28 anos, uspiano (sem nariz empinado) e que conhece os "States", que me disse certa vez o seguinte: - "O "povo" daquele país é tão tosco quanto o brasileiro, o que êles têm é uma "elite ferrada" que faz a diferença." Não sei se êle está certo, mas se estiver e talvez esteja, aí está a diferença. Nós somos um povo tosco e com uma elite tosca. Os poderosos empresários que custeiam as campanhs políticas sabem que o dinheiro aplicado por eles e depois os impostos escorchantes que são praticados pelos políticos, no poder, saem, em última instância do "couro" do povo que eles deveriam representar e liderar. Sabem também que a corrupção é paga pelo povo. Poder têm para dar um "ultimato" à corja. Por que não faz? Porque talvez faça parte da mesma corja. Povo tosco sem elite (verdadeira) dirigente, segue para o matadouro e não há quem salve. Talvez mereça como disse o suíço Henrich Trachsler quando aquí esteve a serviço do Império durante a guerra dos farrapos. Sabe Deus.
Um abraço,
J.Rodrigues

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Honestidade se aprende em casa.Ética se aprende em casa.conceitos sobre moral também....o que se pode dizer sobre os pais dessa gentalha?Dora

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Johnnie Walker mod

Honestidade deveria ser pré-requisito. O que precisamos mesmo é de pessoas envolvidas e comprometidas em todas as esferas do governo. Xô racinha.

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Grande Sr. J.Rodrigues, é um prazer tornar a ler seus impecáveis comentários.

Está certo o seu neto.

O problema é moral, é de análise ética. Isso, essa desgraça universal, decorre das ideologias, principalmente daquela que colocou no topo moral a bondade em detrimento da honestidade.

A questão são os valores estabelecidos por meras morais arbitradas por ideologias sempre voltadas para a perpetuação do Poder politico ambicionado também como fantasia por pulhas que jamais o exercerão e mesmo dele não se beneficiarão a maior do que sem ele.

Os valores das ideologias são populistas, demagógicos e de fácil simulação. Assim são elaborados para aliciar a maioria simiaesca (simios racionalóides sem noção de dignidade), animalesca a ponto de se fazer animal doméstico de outros homens (o cãodivíduo).

O Populismo safado é milenar, é politicagem antiga. As ideologias, populistas, tem por objetivo justificar o Poder de um grupo hierarquizado dominando manadas, ou rebanhos humanos, que exploram gostosamente.

Enquanto a bondade for o máximo moral arbitrario, despresando a honestidade e a razão como princípios da análise étca, nada mudará. Ou apenas as moscas mudarão permanecendo a mesma merda.
Morais arbitradas por ideologias populistas sempre resultarão em vitória do Poder sobre o trabalho.

Abração
C. Mouro

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Ah! Estou de pleno acordo com a Grande Lia. Aliás, geralmente também me delicio com seus comentários, mais das vezes concordando com empolgação.

Abs
C. Mouro

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Aprovetei o embalo e mandei o post para uma porção dos "ladrões de casaca". Mas acho que devemos dar uma chance: Alguém aí conhece um cientista capaz de decifrar o genoma do político?
Quem sabe é um problema de DNA?

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Coronel,
por que será que Heitor de Aquino Ferreira (a eminência parda da outra eminência Golbery) deixou o Exército e hoje é "conselheiro" da EUCATEX e de outras empresa da família Maluf, ganhando uma boladinha nada mal? Naquele tempo tinha isso, de mandar dinheiro pro exterior? Ou seria mera coincidência?
Conhecí muitos (a grande maioria) oficiais sérios, corretíssimos, grandes profissionais, que dão orgulho a qualquer brasileiro. Mas, assim como há também esses, há aqueles, como na classe política, no Congresso. O Congresso é importante, não temos que malhar a instituição...

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