(Veja) Nas últimas três décadas, o PMDB exerceu com incomparável habilidade a
arte de se manter no governo - e sempre arranjar uma justificativa
aparentemente republicana para isso. A tática do adesismo irrestrito
costuma funcionar bem: rende votos, influência e cargos privilegiados no
primeiro e segundo escalão. Até que se esgote a popularidade do líder
do momento e seja necessário pular do barco.
O PMDB está nessa situação. Os níveis baixíssimos de popularidade de
Dilma Rousseff e a decadência do PT são sinais muito fortes para serem
ignorados por um partido que almeja assumir o Palácio do Planalto em
2018. Ao mesmo tempo em que aumentam as críticas à presidente da
República e ao seu partido, nomes de destaque do PMDB têm se aproximado
de figuras da oposição. Mas ainda não há clareza a respeito do rumo a
tomar. Rompimento imediato? Apoio aberto ao impeachment? Preservação do governo para lucrar com a imagem de fiador da estabilidade?
Em meio às incertezas, os peemedebistas se preparam para lançar no
próximo congresso da legenda, previsto para a primeira quinzena de
outubro, uma proposta de programa partidário com traga quinze caminhos
para a política e a economia. O principal responsável pela elaboração do
documento é o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A depender das suas
últimas declarações sobre as políticas econômicas de Dilma, é esperado
que apresente propostas divergentes das adotadas pelo governo petista.
Na última semana, o parlamentar disse que "chegou a hora da verdade dos
números" e que nos cálculos não devem haver "maquiagens" ou "pedaladas".
Dentre os peemedebistas de destaque, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), é o que menos esconde a disposição de rompimento com o
PT - embora não com o governo: "O PMDB, a cada dia que passa, está mais
distante do PT e nós esperamos que fique a cada hora mais distante",
disse ele na última quinta-feira. E prosseguiu: "Temos a
responsabilidade da governabilidade de um governo que em que o PMDB faz
parte na chapa, mas isso não quer dizer que temos que mergulhar nas
teses equivocadas do PT". Desde que assumiu o comando da Câmara, Cunha
tem pautado temas que desagradam o governo. Até agora, venceu mais do
que perdeu.
O ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é um dos personagens que
ajudam a explicar a relação do PMDB com o PT. Antigo adversário dos
petistas, ele se aproximou do governo ainda na gestão de Lula. No
primeiro mandato de Dilma, se tornou vice-presidente da Caixa Econômica
Federal. Depois, rompeu novamente com o PT. "Na medida em que a coisa
vai se deteriorando, a nossa ideia de afastamento vai ganhando adeptos e
se tornando mais real. Vai culminar em outubro no congresso do PMDB",
avalia.
Já na convenção de 2014, a sigla mostrou-se dividida. O apoio à
reeleição de Dilma Rousseff foi aprovado com apenas 54% do total de
credenciados para votar. Se a votação ocorresse hoje, o resultado
certamente seria amplamente desfavorável ao governo. A tese do impeachment ainda é minoritária. Para muitos
peemedebistas, interessa manter a presidente Dilma Rousseff acuada e
impopular. Por dois motivos. O primeiro, porque com uma presidente
enfraquecida no poder o partido continua a controlar a agenda pública,
como tem feito por meio de Eduardo Cunha e Renan Calheiros. O segundo,
porque assim será mais fácil derrotar o PT em uma eventual candidatura
avulsa à Presidência em 2018.
Mas a estratégia traz riscos. Se chegar na próxima eleição
presidencial ao lado de Dilma, mesmo que apenas simbolicamente na figura
de Michel Temer, o PMDB terá muita dificuldade em se apresentar como o
porta-voz da mudança.Como negar que o PMDB também é parte dos motivos
para a crise? A instabilidade econômica é fruto de políticas
irresponsáveis de Dilma Rousseff no seu primeiro mandato e de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Tanto um quanto outro contaram com o apoio
providencial do PMDB, que nunca questionou a sério a política econômica
petista. Presidente da Fundação Ulysses Guimarães e figura próxima a
Temer, o ex-ministro Moreira Franco tenta eximir o partido: "O partido
não participou e nem participa da formulação das estratégias
econômicas", diz.
No caso do petrolão, outra causa direta da impopularidade do governo,
não há dúvida de que a estrutura foi montada por governos petistas,
para atender prioritariamente o PT. Mas também é inegável que o PMDB
desfrutou do esquema. Eduardo Cunha e Renan Calheiros estão na lista de
investigados da operação Lava Jato. É outro tema em que o partido terá
de se esforçar muito para passar a imagem de que é diferente do PT.
O PMDB pode, por outro lado, abarcar a tese do impeachment.
Nesse caso, o herdeiro da Presidência seria Michel Temer. Mas a história
mostra que o partido só faria isso quando o cenário estivesse desenhado
contra o governo. Não é do perfil da sigla tomar a dianteira em um
processo sem volta como esse.
Enquanto avalia qual rumo tomar em 2018, o PMDB já tem clareza que,
nas eleições municipais de 2016, o afastamento do PT é o melhor caminho
para obter um bom resultado nas urnas. Se colocado em prática, poderá
ser o primeiro passo para o divórcio que o PT tanto teme.
12 comentários
-Resumindo/traduzindo: pra variar PMDB em cima do "muro".
ReplyE a conivência da oposição de mentirinha do PSDB
ReplySão avalistas deste governo desde a primeira hora, nunca fiscalizaram as contas, jamais questionaram qualquer coisa, muito pelo contrário, participaram alegremente do banquete e de todos só Jarbas Vasconcelos se tornou independente. PT e PMDB são faces da mesma moeda, péssimos gestores, corruptos até dizer chega.
ReplyO Brasil está sem saída e Impeachment é chover no molhado, trocar seis por meia dúzia, sai o sujo e entra o mal lavado pois a única parceria que deu certo e fez essa carroça sair do lugar foi com o PSDB/DEM (antigo PFL), aí sim, vimos o país melhorar e até sentíamos um pouco de orgulho de sermos brasileiros, no mais, desde a redemocratização é assim, damos um passo à frente e trocentos para trás e PT/PMDB são os responsáveis por nos levar ao século passado, 1990.
Fora Dilma!
Fora PT!
Fora PMDB!
Cassação da chapa e novas eleições já! Os brasileiros que sustentam a farra merecem uma segunda chance, é legal, infringiram a lei eleitoral e basta de malfeitos!
O Alckmim está fazendo a cotação de preço.
ReplyVai disputar a candidatura para no fim cobrar caro pra apoiar o Aécio.
A outra alternativa é o Senado, porque provavelmente a turma do Serra vai ganhar a prefeitura paulistana em 2016 e depois o governo em SP em 2018 com Matarazzo, Aloysio ou o próprio Serra.
Magistrados lançam blogue conservador.
ReplyVale a pena conferir. Deixo um link para um artigo sobre a redução da maioridade penal.
https://veritasquae.wordpress.com/2015/05/25/a-reducao-da-menoridade-penal-e-o-argumento-do-nao-resolve/
O povo tem que ter consciência.O PMDB é o fiel da balança,mantendo o pt no "comando"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!.
ReplyA verdade o PMDB é um bando de abutres, que comeram o banquete junto com o PT, e agora esta esperando doente terminal morrer para jantar.
Reply2016 pode ser o ano p o Brasil começar a votar mais consciente.todos temos o dever de votarmos melhor,tentar ter mais informaçoes dos candidatos,saber a q veio e cobrar,cobrar e cobrar.
ReplyCoronel, acho o título do post um pouco temerário. Existiria corrupção com o PT sim mesmo que não houvesse PMDB. Não vamos transformar o PT em vítima. Agora sim, devemos forçar o PMDB a tomar partido do impeachment, nada de ficar cozinhando a Dilma.
ReplyFelipe
Evidente que sim, o PMDB sustentava as trapaças do PT, sua EX BASE DE ALUGUEL DO GOVERNO LULA E DILMA; O PMDB parece ter mudado de posição apenas pelo fato que sentia que seria engolido pelo PT e reduzido a zero!
ReplyDaí então o PMDB resolveu mudar de posição, quando sentiu que se tornou massa-de-manobra dos nazifascistas do PT que aos poucos ia descartando sua BASE DE ALUGUEL PMDB à medida que não precisava mais dele e o PMDB contava com parceria, não ser devorado, aí não!
Ainda bem, pois se o PMDB estivesse até hoje com o PT, o bolivarianismo já estaria implantado!
DE QUALQUER FORMA, O PMDB É MUITO MENOS RUIM QUE O PT!
Adote o comunismo e durma com o diabo!
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/folha-online/brasil/2015/07/12/beneficiarios-do-bolsa-familia-trilham-caminhos-opostos-ao-longo-de-dez-anos.htm
ReplyO PMDB sabe que virar o salvador da pátria, tanto 2016 e 2018 estão garantidos! O diabo muda a pessoa, mas a pessoa não muda o diabo!
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