BrOi: um petista bateu o martelo.

Notícia publicada hoje, em O Globo, informa que o Inquérito do Protógenes Queiroz relata um grampo realizado em 26 de março de 2008, com um diálogo entre Luiz Eduardo Greenhalgh e Humberto Braz (braço direito de Dantas, que está preso):

Na conversa grampeada em 26 de março, a PF constata que está sendo cobrado um valor de US$ 260 milhões que cobririam o "custo" para o "trabalho" de tráfico de influência para viabilizar a criação da supertele — que ainda depende de mudanças na legislação em vigor. Segundo a PF, Opportunity e Citi deveriam arcar cada um com US$ 130 milhões. a proposta pendente era do Citi, que envolvia um terço do valor da Telemig. Seria "o equivalente a US$ 110 milhões, mas os lobistas insistem em receber do Citi a quantia de US$ 130 milhões para conseguir a efetivação do negócio junto ao governo federal, chegando à diferença de US$ 20 milhões", segundo análise policial.

O grampo:

GREENHALGH Veja bem o que eu vou te falar. Os compradores foram orientados para resolver o nosso problema. A pessoa com quem você tem falado está sabendo. Vai resolver esse imbróglio todo. Tudo bem, vai resolver o dele também

BRAZ Para se fazer justiça, eles estão agindo nesta direção.

GREENHALGH Acho que vai fechar hoje.

BRAZ Eu também estou achando. Hoje até o limite da noite eles fecham

Dois dias depois, confirmando o grampo telefônico, esta é a notícia publicada pela Folha de São Paulo, em 28 de março de 2008.

Foi fechado ontem o acordo de compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar). Todas as pendências envolvendo os sócios Citigroup e Opportunity, do empresário Daniel Dantas, que eram o último empecilho na BrT, foram resolvidas.O negócio, que depende de mudança na legislação do setor e de aprovação pelos órgãos reguladores, gira em torno de R$ 8 bilhões. O fato relevante sobre a operação deverá ser publicado na próxima semana. O governo federal, que foi o principal inspirador do negócio, foi informado na noite de ontem.A assinatura de um acordo prévio foi feita na sede da Andrade Gutierrez, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde estava montada uma espécie de "quartel general" com as partes envolvidas. Nos últimos dias, os negociadores viraram noites para o acordo ser fechado.O fechamento da operação demorou em razão das disputas judiciais envolvendo o Citigroup e o Opportunity. No início da semana, os principais envolvidos no negócio, os empresários Carlos Jereissati (La Fonte) e Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), chegaram a cogitar uma saída sem o acerto entre o Opportunity e o Citi.Outra opção que também chegou a ser pensada foi a de se buscar uma arbitragem internacional para resolver essas pendências. Ontem essa alternativa foi descartada. As partes chegaram a um acordo, e a papelada final deve ser assinada na próxima semana, quando deverá ser divulgado o fato relevante do negócio.Outra batalha judicial, que envolvia os fundos de pensão e o Opportunity, já tinha chegado a um acordo há mais tempo. As duas partes deverão retirar as questões na Justiça envolvendo uma das maiores disputas empresariais do país.Os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte, que serão os principais controladores da nova tele, só admitiam a compra da BrT com todas as pendências judiciais solucionadas.Ontem a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que adiou a definição sobre a mudança na lei que poderá permitir a compra da BrT. Segundo a agência, a proposta não foi concluída pela área técnica do órgão. "É questão de semanas", disse Ronaldo Sardenberg, presidente.

Assim, o anúncio da venda foi feito um dia depois do diálogo apanhado pelo grampo telefônico, comprovando que o mesmo tem relação direta com o fechamento de negócio da fusão da Oi com a BrT. O petista que ligava para Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do Lula, que foi recebido três vezes no Palácio do Planalto, foi o homem do lado de lá que bateu o martelo. Luiz Eduardo Greenhalgh é o Humberto Braz do governo Lula, mas está soltinho da silva.