Artigo intitulado "Trinta dias" publicado hoje, na Folha de São Paulo, por Aécio Neves, presidente do PSDB e ex-candidato presidencial que recebeu quase 52 milhões de votos nas urnas.
Completamos um mês do fim das eleições presidenciais. Tudo o que se viu
neste período comprova, na prática, o que a oposição denunciou no
processo eleitoral: a grave situação em que o país se encontra. Além dos prejuízos causados pela má gestão e pela corrupção endêmica, o
PT prestou, recentemente, mais dois grandes desserviços ao Brasil. Um na
campanha, outro nos dias que se seguiram.
O primeiro, na ânsia de vencer a qualquer custo, o de legitimar a
mentira e a difamação como armas do embate político. O segundo, o de
contribuir para a perda da credibilidade da atividade política ao fazer,
sem qualquer constrangimento, nos dias seguintes à eleição, tudo o que
afirmou que não faria.
Como a atividade política é instrumento fundamental da vida democrática,
sua desmoralização só interessa aos autoritários, para quem o discurso
político não é compromisso, mas encenação que desrespeita e agride a
cidadania.
Finda a eleição, a candidata eleita, rapidamente, pôs de lado as
determinações do marketing e colocou em prática tudo o que acusou a
oposição de pretender fazer. Fez isso sem dar satisfação à opinião pública. Sem dar explicação sequer
a seus próprios eleitores. Os mesmos eleitores que observam, atônitos, a
presidente implantar as "medidas impopulares", que usou como
matéria-prima do terrorismo eleitoral contra seus adversários.
Hoje a realidade demonstra que ela concordava com todos os alertas que
fiz sobre os problemas enfrentados pelo país, mas entre o respeito à
verdade e aos brasileiros, e a insinceridade ditada pela conveniência do
marketing, a presidente escolheu o marketing, o que não contribui para
engrandecer a sua vitória.
Na campanha, o PT dizia que aumentar os juros tiraria comida da mesa do
trabalhador. Três dias depois da eleição, foi justamente isso o que o
governo Dilma fez. No discurso do PT, se eleita, a oposição iria reajustar a gasolina,
governar com banqueiros e patrões. Vencida a eleição, o governo anunciou
o aumento dos combustíveis e convidou um banqueiro para a Fazenda.
Anunciou ainda dois novos ministros: para cuidar da agricultura e da
indústria, a dirigente e o ex-dirigente das confederações patronais.
Mesmo conhecendo a realidade, a candidata teve coragem de dizer que a
inflação e as contas públicas estavam sob controle. Agora, deparamos com
mais um rombo espetacular e manobras inimagináveis para maquiar as
obrigações da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Surpresos, os brasileiros assistem àquilo que muitos estão chamando de
estelionato eleitoral. Tudo isso explica a indignação de milhares de
pessoas que vão às ruas e se mantêm mobilizadas nas redes sociais. São pessoas que se sentem lesadas, mas esse sentimento não tem relação
com o resultado eleitoral em si. Processos eleitorais fortalecem a
democracia, qualquer que seja o resultado da eleição. Vencer e perder
são faces da mesma moeda. As pessoas estão se sentindo lesadas porque os
valores que saíram vencedores na disputa envergonham o país.
Além do grave descalabro econômico e administrativo agora revelado, é
assustador o que ocorre com a nossa maior empresa. Nos debates, ofereci
várias oportunidades para a candidata oficial pedir desculpas aos
brasileiros por ter tirado a Petrobras das páginas econômicas e a levado
para o noticiário policial. A situação, desde então, agravou-se de uma maneira jamais imaginada. A
Petrobras hoje é um caso de polícia internacional. Não há mais como se
desculpar.
Por outro lado, não deixa de ser simbólico o fato de a presidente ter se
negado a participar do anúncio dos novos ministros da área econômica. É
possível que ela tenha se sentido constrangida por correr o risco de se
encontrar com a candidata Dilma Rousseff.
Os últimos 30 dias são uma amostra da situação real do Brasil e do que
vem pela frente. E nos mostram por que não podemos nos dispersar.
12 comentários
Corona, meu cunhado radicalizou, ele fez o seguinte cartaz para sair nas manifestações contra a 'Mulher Tomate':
ReplyCUBÃO NO BRASIL SÓ O DA VALESCA POPOZUDA!
Essa PeTralhada não tem vergonha. Eles acham que os fins justificam os meios e pronto. Não adianta bater com luva de pelica. Tem que ser porrada.
ReplyCoronel,
Replyo Aécio está cumprindo o papel da oposição. Onde anda os demais oposicionistas? É preciso que todos se unam numa só voz. Que todos mostrem que realmente são oposição.
Ao J. Freire (9.47). Vc estava hibernando? Vc não tem lido as notícias das duas últimas semanas? Se vc conseguir ler as mesmas ficará sabendo que outros oposicionistas estão tendo uma atuação bem agressiva, inclusive melando a 1ª votação do PLN 36.
ReplyAlguém no Brasil está acima da Lei. Na teoria, não, mas na prática, é o que vemos todos os dias e por isso não acredito em oposição, estão todos no mesmo barco, jogando de acordo com suas conveniências. O Brasil até pode mudar, mas não com os políticos que estão la.
ReplyPor que Aécio não está nas ruas falando isso? Artigos em jornais não atinge o eleitor, não faz opinião e não aparece na mídia como seria promovendo passeatas - ou, no mínimo, capitalizando as passeatas de pessoas que de tão indignadas estão indo prá rua por conta própria.
ReplyOlha só as passeatas: estão minguando a cada dia que passa. A do dia 29, ontem, fala-se em 2000 pessoas. Por que está acontecendo isso? Porque não tem liderança política. Os caras que promovem as passeatas estão na melhor da intençoes, mas ninguém vai para uma manifestação política - e é política - para ouvir Lobão e companhia, por mais que estes sejam decentes. Tem que ter liderança política. Manifestação sem liderança política está fadada ao fracasso.Tem que agregar, e isso só o político consegue.
Imagina o peso que uma manifestação liderada pelo Aécio em comício pedindo aplicação da LRF, apoio a PF e apuração exemplar do escândalo do Petrolao, sobre o Congresso Nacional? Um peso enorme!
Não adianta ficar pedindo para 'não nos dispersar' e convocando redes sociais. Tem que levar as pessoas para as ruas. Representar, honrar aquelas que já estão lá.
Cel,
ReplyJá são eleições seguidas que o PT ganha na base do estelinato, mentiras, cinismos, terrorrismo, etc. 2006, 2010, 2012 em São Paulo, e 2014. E não adianta ficar chorando nas paginas de jornais que o povo não lê. Tem de partir para ignorancia e ir pras ruas, arrebentar este governo e dar o impeacheament da vagabunda. Caso contrario vai perder em 2016, 2018 e assim por diante.
Oh, Aécio, estás enganado!!!!! Os que votaram no PT/3% são aqueles, por autômatos, não se importam com nada que seus senhores façam! Estes, deram a metade dos votos à candidata aloprada; os outros votos, saíram do cabresto do Bolsa Família e outras benesses!! Já estes, desiludidos, votam naquele que se dispuser a dar pelo menos algumas migalhas, que compram desde farinha até pinga e mesmo pedrinhas de crack! E é o ERÁRIO, controlado pelo PT/3%, quem tem $ para comprar suas consciências!!!
ReplyOs primeiros, após receberem afagos de seus donos, logo esquecerão Levy; os "segundos", estes só se preocupam com "coisas di comê"!!!!!
Quanto a nós, os mais de 51 milhões, queremos que esse governo se exploda! É por esse motivo que detestamos essas nomeações ortodoxas da megera do neurônio solitário!!! Queremos o caos, amigo Aécio, o CAOS, só ele nos salvará!!!!!!
ReplyLIÇÃO para OS BRASILEIROS!!
https://www.facebook.com/video.php?v=630481147062270&set=vb.100003011724588&type=2&theater
Ao anônimo das 10.23 hs. Que pena que eu não sei quem você é, pois se soubesse pediria autorização para assinar o seu comentário. Perfeito. O Aécio Neves, que nunca fez oposição a ninguém, ainda não percebeu que além de líder do maior partido da oposição é detentor de um cacife de 51 milhões de votos e tem que partir para a luta contra este governo, como um esfomeado parte para cima de um prato de comida ou como o PT (arghhh!!!) partia para cima do governo FHC. Acorda Aécio e tenha coragem, pois o Brasil precisa de você,
ReplyAnônimo das 10:23 tem razão!
ReplyFalta liderança política aos movimentos de Rua. Falar em "não vamos nos dispersar" é muito fácil e cômodo.
Lobão e outros que promovem estes movimentos, por melhor intenção que tenham, é pouco, eles não tem a força necessária. Não aguentarão fazer isto pelos próximos 4 anos.
Chris/SP
Completando os comentários... Concordo, apoio das ruas é essencial. Olhá-la o Lula organizando contra-manifestações. O pessoal tá rachado, tem boa vontade, mas ocorrem coisas que dispersam mesmo como brigas entre eles nas redes, em hangouts, falta de apoio da imprensa, marcação de passeatas para dois dias diferentes e/ou locais diferentes (ocorreu em Sampa 29/12 e 06/12 e antes masp/batata). Acho, por outro lado, que Aecio pode ser chamado golpista, e eh o momento de conquistar aquela fatia de indecisos que acabou optando por nulo/branco/dilma.
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