A Operação Porto Seguro revelou que o ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil) mantém relação próxima com o empresário e ex-senador
Gilberto Miranda - denunciado por corrupção ativa e apontado como principal
beneficiário do suposto esquema de compra de pareceres técnicos em órgãos
federais.
Telefonemas gravados pela Polícia Federal, em novembro de
2012, mostram que Dirceu e Miranda marcaram pelo menos duas reuniões às
vésperas da deflagração da operação e que um assessor do petista chegou a pedir
emprestado um jato particular do ex-senador para voar até a Bahia no feriado da
República - viagem que Dirceu fez com a namorada e com Rosemary Noronha,
ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo.
A voz do ex-ministro do governo Lula não aparece nos áudios.
Ele não era alvo da missão policial, mas Miranda estava sob vigilância
permanente. Em uma ligação gravada três semanas depois que Dirceu foi
condenado no julgamento do mensalão, seu auxiliar diz que o petista se recusava
a desembarcar no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, em horários de grande
movimento. "Correr risco agora é besteira, né?", recomenda Miranda ao
assessor. O áudio com a íntegra das ligações está disponível no portal
estadão.com.br.
Os 25.012 telefonemas gravados pela PF no decorrer da Porto
Seguro detalham a intimidade com o poder mantida por Miranda e outros
integrantes do grupo. Eram frequentes os diálogos com deputados, senadores,
governadores, prefeitos e diretores de órgãos técnicos. Foi com a ajuda de algumas dessas autoridades que Miranda
conseguiu benefícios para empreendimentos de suas empresas, como a construção
de um porto privado na Ilha de Bagres, em Santos, litoral paulista.
A PF não envolve Dirceu com os negócios sob suspeita de
Miranda. Mas as ligações interceptadas a partir de um grampo no telefone do
ex-senador revelam que os dois tinham interesses em comum e uma relação que
permitia ao petista pedir até empréstimo de um avião particular.
As escutas mostram que Dirceu e Miranda tiveram um encontro
no início da tarde de 8 de novembro. O assessor do petista telefona para a
secretária do empresário às 11h59 para avisar que ele se atrasaria porque havia
sido convocado para uma "reunião de urgência".
"Eu só queria te pedir o seguinte: é que o Zé foi
chamado para uma reunião de urgência, então a Evanise, a companheira dele, vai
chegar um pouco antes no horário combinado e ele, se atrasar, ele chega uns
minutos depois. Você pode avisar o Gilberto?", pede o auxiliar de Dirceu.
Risco. No dia seguinte, o assessor de Dirceu começa a
articular com o ex-senador reunião para 19 de novembro entre a dupla e Saulo
Ramos, ministro da Justiça na presidência de José Sarney - a quem Miranda é
ligado. O avião de Miranda buscaria Dirceu no litoral da Bahia para levá-lo ao
encontro, em São Paulo, e depois seguiria para Brasília.
"A princípio estava marcado com o ministro (Saulo
Ramos) dia 19, às 16h, mas isso daí eu vou falar com ele agora, pra ver até a
parte da tarde. Isso daí eu te confirmo", diz Miranda. A reunião acabou
cancelada, dias depois.
No mesmo telefonema, o assessor de Dirceu pede informações
sobre um helicóptero do empresário que levaria o petista ao Rio. Os dois temem
que o mau tempo obrigue a aeronave a pousar no movimentado Aeroporto Santos
Dumont, no meio da tarde. "O Zé não estava querendo descer lá no Santos
Dumont, entende?", diz Miranda. "Qualquer coisa pego um avião, saio
daqui no domingo, quinze para as nove da noite, chego em Santos Dumont mais
vazio, entendeu?", sugere o auxiliar do petista.
O assessor telefona mais uma vez para Miranda, em 14 de
novembro, às 14h20, para pedir um favor ao ex-senador. "É só uma consulta,
não é oficial. O Zé tava indo viajar para a Bahia hoje e acabaram de ligar, que
o King (jato executivo) deu uma pane elétrica, que iam emprestar para ele... Por
acaso o teu está por aqui e poderia levá-lo, ou não?", pergunta o
assessor. "O meu está, mas eu estou sem piloto. Eu, como não ia viajar...
Eu dei folga para eles", responde Miranda. Apesar da recusa, Dirceu foi à Bahia, na praia de Camaçari,
com a namorada e Rose.
Os criminalistas José Luís Oliveira Lima e Rodrigo
Dalla'Acqua, que defendem Dirceu, responderam que o ex-ministro "não
mantém nenhum relacionamento profissional com o sr. Gilberto Miranda, bem como
não utilizou nenhum meio de transporte de propriedade do mesmo". Eles
destacaram: "A reunião com o sr. Saulo Ramos, como evidenciam as próprias
gravações obtidas pelo 'Estado', acabou não se realizando." O advogado Cláudio Pimentel, defensor de Miranda, disse que
ele não vai se manifestar pela imprensa, mas nos autos judiciais.(Estadão)
7 comentários
PQP de roda,
ReplyTem mais de 20 anos, isto é do tempo em que o Color era presidente.
Não tinha um irmão do Gilberto Miranda que foi ministro do Color? Esqueci o nome dele.
Já naquele tempo mirandinha aprontava na Zona Franca e até hoje ninguem incomoda esse cara?
Cadê o ministério público? Cadê a polícia federal?
Esse ZD já era perigoso e corrupto quando estudante, de lá pra cá só soubemos de mais falcatruas e maracutais desse verme, imagina o quanto piorou até hoje. Porque um elemento de tão alta periculosidde e mau carater ainda anda solto pondo em risco a vida do País?
ReplyCoronel,
ReplyA título de informação: o preço de voo de um jatinho ronda a casa dos R$ 22,00/km(US$ 11,00/km) para facilitar o cálculo.
Um RioxSão Paulo, ida e volta, uns R$ 22/24 mil reais.
Imagina o tamanho da amizade deles para "emprestar" um jatinho!!!
JulioK
Será que nesse jatinho também tem cama de casal ?
ReplyA corrupção tomou conta, de cima a baixo, triste Brasil.
jatos, helicópteros, esquema diferenciado de desembarque, reunião com ministro, com empresarios e tudo isso para um ze ninguem?
Replyporque na hora do julgamento do mensalão o cagão ai queria fazer parecer que mandava menos do que a copeira do Planalto...
que era um coitado injustiçado...
Nada mais do que troca de favores entre a quadrilha. Eles continuam cometendo crimes, apesar do julgamento do Mensalão e não vão parar não, a não ser que sejam julgados e enjaulados. E, apesar disso, continuarão a delinquir atrás das grades.
ReplyEsther
Cel
ReplyOk, King não é jato. É turbohélice. Se for o B200, um dos mais utilizados no Brasil, custa uns 8 reais por quilômetro voado. Se o Zé Dirceu fosse fretar essa máquina, pagaria os quilômetros voados ida e volta para Salvador a partir de Jundiaí, pertinho do seu antro preferido (Vinhedo) -- onde dizem, aliás, que ele desfruta de favores aeronauticos de antigo parceiro de tramóias na Telemar, mas essa é outra história. Bom, de Jundiaí a Salvador são umas 800NM, que dão 800x1852: 1.482KM, vezes dois (cobra-se ida e volta) dá 2.963km vezes 8 reais por quilômetro: R$ 23.705,00. Esse é o custo do "favor" de emprestar um avião desse tipo. Claro que depois o favor é devolvido com sobras... como sempre. Se fosse um jato, é só multiplicar essa quilometragem por um mínimo de 14 reais por quilômetro, que é o custo básico de um dos pequenininhos.