Para Kassab, chapa pura tucana é indicativo de renúncia futura e pode comprometer a vitória em São Paulo.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), disse ontem pela manhã que irá apoiar Serra incondicionalmente, mesmo que não indique o candidato a vice. "Se o Serra for candidato, a prioridade será elegê-lo. Todas as outras questões são menores, inclusive a vice", disse Kassab à Folha. O prefeito tem feito elogios reiterados ao tucano, seu antecessor na prefeitura. Serra foi eleito prefeito em 2004 tendo Kassab como vice. Em 2006, deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado e Kassab o substituiu, demonstrando fidelidade total -todos os secretários foram mantidos, por exemplo. 

Kassab não quis comentar a possibilidade de "chapa pura", com o vice de Serra do próprio PSDB, como tem sido ventilado. A Folha apurou, no entanto, que o prefeito tem comentado com auxiliares e políticos que a possibilidade de chapa pura seria um suicídio político para Serra. Segundo um dos interlocutores do prefeito, Kassab acha que se o vice for do próprio PSDB ninguém irá acreditar que Serra vai ficar na prefeitura até o fim do mandato. Ele é um dos principais nomes do PSDB para disputar a Presidência da República em 2014. Na avaliação do prefeito, e mesmo de tucanos, se a população não acreditar que Serra cumprirá seu mandato integralmente, dificilmente vencerá a eleição. 

Em 2004, ele chegou a assinar um documento em que se comprometia a cumprir o mandato, mas renunciou pouco mais de um ano depois da posse. Mesmo não sendo prioridade, Kassab ainda mantém a esperança de indicar o vice de Serra. O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider (PSD), deve ser exonerado até o fim de março para ficar como uma "reserva técnica" para a vaga. O prefeito trabalha com a possibilidade de que, após o anúncio de sua candidatura, Serra consiga atrair outros partidos para a aliança, como o PPS, de Soninha Francine. Aí, o PSD brigaria com esses partidos pela vice.(Folha de São Paulo)
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O blog já manifestou a sua opinião. A preocupação não corresponde aos fatos. É a terceira vez que publicamos o trecho abaixo:

Em 2004, a cidade de São Paulo elegeu Serra como prefeito com 54,86% dos votos. Em 2006, após ter renunciado ao cargo para concorrer ao governo do Estado, o tucano obteve 53,08% dos votos paulistanos e venceu a eleição no primeiro turno. Em 2010, concorrendo à presidência da República, José Serra obteve 53,64% dos votos da maior cidade do país. Nunca Serra obteve menos de 50% dos votos na cidade. E, salvo engano, 50% mais 1 continua sendo o número para ganhar eleição até mesmo contra inimigos na trincheira. Então que babaquice é esta de que a cidade de São Paulo tem mágoa por Serra ter renunciado ao cargo de prefeito? A cidade tem é o maior orgulho do seu maior político, tanto é que continua votando nele, na mesma proporção, em qualquer eleição.

4 comentários

Se Haddad ganhar a eleição para prefeito (Deus livre São Paulo desse castigo!), isso automaticamente faria dele o principal nome do PT para concorrer ao governo do estado em 2014. O mesmo aconteceria com qualquer político que vencesse a eleição para prefeito de uma capital de estado. O calendário eleitoral brasileiro e a visibilidade desproporcional de ser prefeito de capital faz com que isso seja algo esperado para qualquer prefeito. A população sabe e está acostumada com essa característica da política brasileira, que não foi inventada por Serra.

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Mariana - voltei... mod

Coronel

Pelos dados que o senhor mostrou, não procede mesmo a preocupação. Eu, por exemplo, votaria no Serra ainda que fosse para ele ficar 1 dia só na prefeitura...hahaha.

Não, não é irresponsabilidade o eleitor pensar assim, não acho. Aqui no Brasil, o que vale é escorraçar a quadrilha do PT para longe dos cofres públicos e das mentes em formação. Ainda mais com o empurrão bem forte de um político e homem público como o Serra. Ele precisa ter chances de continuar a trabalhar pelo bem do país.

Mariana

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O alerta do Kassab faz sentido, embora os números apontados digam o contrário. Creio que seria importante, desta vez, Serra não assinar documento garantindo que não usará a prefeitura da maior cidade do Brasil como trampolim para seus projetos pessoais. O fato é que grande parte dos eleitores de SP entendem a estratégia serrista e com ela concordam silenciosamente, como demonstrado nos resultados eleitorais anteriores. Mas afirmar uma intenção em documento e depois descumprir o compromisso pode trazer desgastes desnecessários.

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NÃO TEM A VER COM O ASSUNTO MAIS É IMPORTANTE :


Autoridades ajudam a abafar episódio da advogada que a máfia infiltrou no governo

Procurador-geral da República e ministro da Justiça não fazem o que se espera deles: investigar por que a história não é devidamente esclarecida

Rodrigo Rangel


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tranquilizou o ministro Dias Toffoli sobre o conteúdo do depoimento (Sérgio Dutti & Andre Dusek/AE)

Há duas semanas, VEJA revelou que os ministros Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, agiram em sintonia com a máfia que desviou mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos. Em depoimentos prestados ao Ministério Público e à Polícia Federal, a advogada Christiane Araújo de Oliveira contou que, durante anos, manteve relações estreitas com ambos e usou essa intimidade para conseguir levar à frente ações de interesse da quadrilha para a qual trabalhava. Apesar da gravidade das acusações, registradas há mais de um ano em um arquivo de vídeo e outro de áudio, na ocasião nenhum procedimento de investigação formal foi aberto para apurar a denúncia. Pior que isso: uma parte do material -- o áudio original no qual a advogada narra aos policiais os detalhes de seus encontros com as autoridades do governo e as atividades paralelas derivadas desses encontros -- pode ter sido propositalmente escondida para evitar constrangimentos ao governo.

No áudio até agora desaparecido, Christiane conta detalhes, muitos deles sórdidos, a respeito do período em que conseguiu se infiltrar no governo a pedido da máfia. Entre muitas histórias impressionantes, a advogada confirma que, em 2009, entregou ao então advogado-geral da União, Dias Toffoli, material gravado clandestinamente que incriminava opositores do governo -- versão confirmada em depoimento prestado recentemente à Polícia Federal por Durval Barbosa, o chefe da quadrilha, que fez um acordo de delação premiada com a Justiça. Dias Toffoli nega que tenha recebido qualquer documento das mãos da advogada. Em conversas com colegas do STF, o ministro relatou que está sendo vítima de calúnia e que teria recebido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a garantia de que não há nada nos depoimentos que o comprometa. Não é um comportamento apropriado para quem deveria zelar pelo interesse público: melhor seria se o procurador se empenhasse em descobrir por que as revelações da advogada ficaram escondidas por tanto tempo.


Sérgio Lima/Folhapress

José Eduardo Cardozo: "suposta gravação informal"

Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a afirmar que “a suposta gravação informal (áudio) não consta de nenhum procedimento instaurado pela PF”. O ministro não esclarece coisa alguma. O áudio desaparecido tem seis horas de conversa e existem algumas cópias dele guardadas, inclusive com pessoas da própria polícia. O ministério daria uma boa contribuição à Justiça se ajudasse a esclarecer por que o depoimento da advogada foi -- e permanece -- escondido na Diretoria de Inteligência da Polícia Federal. Mas, ao que parece, não é esse o objetivo. Na mesma nota, o ministro negou que tivesse recebido e visto o vídeo no qual a advogada explica suas relações com Gilberto Carvalho. Cardozo, inclusive, chegou a relatar o conteúdo do material a um assessor da presidente Dilma Rousseff, segundo fontes do Palácio do Planalto. Estranho o comportamento do procurador-geral da República. Estranho o comportamento do ministro da Justiça.

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