Tucanos defendem candidatura própria e vão contra aliança com PSD.

Aliança sim, mas sem renunciar à cabeça de chapa. Este é um consenso entre os quatro pré-candidatos do PSDB à sucessão em São Paulo sobre uma eventual coligação com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab. Todos os tucanos que postulam a candidatura - os secretários estaduais José Aníbal (Energia), Bruno Covas (Meio Ambiente), Andrea Matarazzo (Cultura), e o deputado federal Ricardo Tripoli - baseiam-se em um mesmo pressuposto: é o PSDB que tem militância na cidade e tempo de televisão.

Ao PSD caberia, a depender do arco de alianças, indicar o vice nas eleições à prefeitura, em 2012. "Temos que lembrar que há também o DEM, nosso parceiro habitual", afirma Aníbal. A hipótese, discutida nos bastidores, de acertar uma aliança cruzada para as próximas duas eleições - o PSD encabeçaria a chapa na sucessão da capital paulista, tendo um tucano como vice, enquanto o partido de Kassab ficaria com a vice do governador Geraldo Alckmin quando este disputasse a reeleição, em 2014 - é vista por Tripoli como de benefícios restritos. "Isso só serve no projeto do Kassab de destruir o DEM, ao disputar o mesmo eleitorado. Elegemos duas vezes o presidente da República, cinco vezes o governador de São Paulo e uma vez o prefeito. Não faz sentido aceitarmos ser vice de um partido que nasceu agora e não tem nem tempo de televisão e rádio".

Bruno Covas diz que tal costura poderia fazer mal ao partido internamente. "Depois de todo um processo de prévias no PSDB, é muito difícil abrir mão de uma candidatura própria, não ficaria bem". Matarazzo vai mais longe. "Se nas eleições de 2008, quando o partido estava rachado, tivemos candidato próprio, porque não teríamos agora, com o PSDB unido?". O secretário de Cultura, no entanto, ressalva que "essa é uma decisão que passa pelo governador, liderança maior no Estado. O partido deve seguir o que ele achar melhor".

Uma aliança com o PSD poderia render ainda um problema na elaboração de propostas de um candidato tucano. "A gestão Kassab teve e tem a participação do PSDB. Mas se estivéssemos 100% satisfeitos, não lançaríamos candidatura própria", pontua Covas. Na mesma linha, Aníbal diz que "Kassab procurou trabalhar fortemente, mas não conseguiu vencer desafios como criar vagas suficientes em creches ou acabar com a cracolândia, no Centro".  

Na sexta-feira, o governador Alckmin deixou as portas abertas para uma aliança.  "Da nossa parte a disposição é sempre de unir esforços. Estamos abertos a construirmos, juntos, uma proposta para a cidade, independentemente de nomes", observou. A possibilidade de Henrique Meirelles, que se filiou ao PSD e transferiu seu domicílio eleitoral para a cidade, compor a chapa é vista com cautela pelos pré-candidatos tucanos. "Não sei se ele aceitaria ser vice e não sei se seria um bom nome para prefeito", provoca Matarazzo. Aníbal diz que, sendo ele o candidato, não faria objeções quanto ao indicado pelo PSD para vice. "Mas é claro que, sendo o PSDB a indicar a cabeça de chapa, seria complicado ter o ex-presidente do Banco Central no governo Lula como vice". 

Os tucanos buscam agora acertar a melhor data para a realização das prévias partidárias. Os quatro pré-candidatos concordam que o partido não deve protelar por demais a escolha, já que a disputa para um cargo do Executivo seria novidade para todos e nenhum deles conta com um recall que chegue a dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. "Sem um nome definido, as alianças ficam comprometidas. O ideal seria termos todos os partidos que compõem a base de apoio do governo estadual", diz Aníbal. Tripoli e Aníbal preferem que a escolha se dê ainda neste ano, já que o nome do PT será indicado, também por prévias, no dia 27 de novembro. Covas e Matarazzo veem janeiro como o mês ideal. Todos os filiados no partido há no mínimo seis meses terão direto a voto nas prévias. Segundo o presidente do diretório municipal do PSDB, Júlio Semeghini, o mapeamento desses filiados terminou na última quinta-feira e o número de aptos a participar do processo é de aproximadamente 23 mil pessoas. (Do Valor Econômico)

4 comentários

Os tucanos se acham a última bolacha do pacote, dos quatro pré candidatos nenhum tem a mínima chance.

O Matarazzo argumenta que em 2.008 o partido mesmo rachado teve candidato, e daí? O que aconteceu com o candidato próprio cara pálida?

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ACREDITAR NO PSDB É INSANIDADE PURA...

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Fala-se aqui no blog que o problema iminente é Haddad. Discordo. Mesmo com boa parte da mídia adulando o mentor de um gestão incompetente, o Haddad tem um passivo administrativo que na eleição é plenamente factível de se explorar.

O problema é Chalita, aí sim. Chalita, apesar de não ser de fato, aparenta ser um intelectual, uma pessoa com "olhar diferente". Capaz de metamorfosear para cada eleitorado, pode agregar votos do lado esquerdista, bem como angariar votos do PSDB e religioso.

Agora o PSDB tá de brincadeira...
José Aníbal ainda não realizou que o tempo passou?! Bruno Covas é o Danilo Gentili da política, um piadista, a explicação canhestra quanto a entrevista explicita isto.
Andrea Matarazzo vá lá, mas tem o mesmo problema que Eduardo Jorge, um nome palatável para os dirigentes e certa classe política, mas não tem a característica necessária para levar a prefeitura. Ricardo Trípoli, sem chances, com tanta truculência tenho certeza que no próprio partido encontrará resistências, quem dirá de uma aliança.

O curioso é a ingenuidade de políticos do PSDB, que não visualizam a importância da eleição municipal. Parece que é daquelas coisas que se vai lá e se tenta ganhar, quando na verdade é PRA GANHAR.

Alckmin quase perdeu a eleição de 2002 para o inexpressivo Genoino, isso pq o PT não tinha a maquina Federal, imagine em 2014 com PT na Prefeitura e no Governo Federal...

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O único nome conhecido para o paulistano é o de Guilherme Afif, para prefeito de São Paulo. Esse tem meu voto.

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