Há dois tipos de constituição democrática. Umas definem apenas a forma de organização do Estado, as limitações dos seus poderes e os direitos e garantias dos cidadãos. Esse tipo de constituição estabelece princípios gerais que, por sua natureza, são perenes e resistem às mudanças históricas porque refletem sentimentos permanentes dos homens. Essas constituições não precisam ser mudadas com frequência e servem aos povos por longos períodos. O exemplo é a Constituição americana, em vigor desde 1787.
As constituições do segundo tipo, além dos princípios gerais, tratam de regular numerosos aspectos da vida das nações. Essas, inevitavelmente, trazem a marca transitória da época em que foram escritas e, com o passar do tempo, tornam-se anacrônicas ou mesmo inaplicáveis. É o caso da do Brasil. A Constituição brasileira é excessivamente detalhista, regulando minúcias da vida social, segundo a visão dominante em 1988. Ela se estende por 250 artigos, mais centenas de parágrafos, incisos e alíneas, compondo, ao final, muitas centenas de dispositivos que dominam o sistema legal e só podem ser alterados por três quintos dos deputados e dos senadores, em dois turnos de votação. A isso acrescentemos 97 artigos das Disposições Transitórias, com status constitucional e efeitos duradouros. Não seria exagero afirmar que os constituintes quiseram petrificar o direito para o tempo futuro e impor às gerações vindouras a sua visão particular do mundo e da história.
A Constituição brasileira, não obstante seus grandes méritos como diploma democrático, envelheceu precocemente. As mudanças que ocorreram no mundo e no Brasil, entre 1988 e hoje, foram grandes demais.Parece que um século inteiro se passou nessas duas décadas. Os grandes princípios democráticos e os avanços sociais inscritos na Carta continuam válidos, e ninguém deve alterá-los. São cláusulas de pedra que servirão ainda a muitas gerações. Mas há muita coisa na Constituição que se tornou um obstáculo a uma gestão racional do Estado e ao equilíbrio entre direitos e deveres. Por isso vivemos em um estado de permanente revisão constitucional.
De 1992 até hoje, já foram aprovadas 73 emendas constitucionais. De 1989 até hoje, foram propostos ao Congresso 4.666 projetos de novas emendas para reformar a Constituição, dos quais 2.210 ainda estão em tramitação. Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal deu provimento a 757 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, tendo ainda provido, em parte, outras 203. Neste momento, 1.116 Adins aguardam julgamento. Há, portanto, uma revisão constitucional em andamento, por diversos meios e de um modo assistemático e desordenado.
As ideias dominantes sobre o funcionamento do Estado, da economia e da sociedade no Brasil de 1988 já não existem mais, não servem mais. O mundo todo mudou. Nada está mais no lugar. O Brasil será certamente um grande protagonista do novo mundo, mas, para isso, precisamos de um Estado muito diferente do que foi cristalizado pelas ideias da Constituição brasileira. Reformar a Constituição pelos ritos convencionais é uma tarefa que não terá fim. O Congresso tem outras tarefas e não pode concentrar-se nesse objetivo com exclusividade. Além disso, para uma reforma em grande extensão, o corpo legislativo precisa de uma legitimação que só uma eleição específica pode conferir.
A Câmara Revisora Constituinte não pretende ser uma assembleia de sábios. Esse tipo de assembleia só pode existir na imaginação, nunca no mundo real. Muito menos no mundo da democracia. Mas ninguém pode contestar que uma assembleia composta de homens que não estão envolvidos com carreiras políticas e que não precisam se reeleger tem muito mais possibilidades de responder apenas perante à nação em geral do que aos interesses particulares e às corporações de todo tipo que controlam nossa vida pública. Por que esperar por uma ruptura ou um desastre para fazer o que é preciso? Por que não fazer isso em tempos de paz?
24 comentários
Respostaà última pergunta da Senadora: porque a esquerda tem a hegemonia cultural´, política e ideológica (sentido gramsciano)e o controle da maioria da imprensa; porque é o que tem sido feito nos países governados pelos membros do Foro de São Paulo (criado pelo PT e Fidel Castro) na AL, em detrimento da democracia representativa; porque é uma idéia nascida no PT, para a reforma política; porque somente ingênuos não vêem que a oposição ainda é fraquíssima no Brasil e não teria chances contra a máquina governista controlada pela esquerda petista; enfim, porque tem tudo para ser um tiro no pé.
ReplySr Coronel:
ReplyAnulo o meu voto desde 1988 quando foi promulgada essa constituição.
Votei no ano de 2010,para dar um basta na decadência moral que estamos vivendo.
Fico muito preocupado em fazer agora uma constituição,com o domínio dos CORONÉIS DO PT.
Saudações
Está muito claro que Kátia Abreu tem uma postura de grande bom senso, domina e conhece a Constituição Brasileira com detalhes. Claríssimo está também que bom senso e respeito à Constituição são duas características que Dilma e principalmente Lula JAMAIS TIVERAM! Brutamontes pretenciosos que vivem à margem da Lei, devidamente protegidos pela militância locupletada e pelos bandidos de toga.
ReplyCoronel,
ReplyLeia o que saiu no site d PT em 2008:
NOTÍCIAS 16/01/2008 - 13:02 Tamanho da letra A- A+
Assine o projeto que pede um plebiscito sobre a Constituinte exclusiva
O Partido dos Trabalhadores continua coletando assinaturas ao projeto de iniciativa popular que propõe um plebiscito sobre se a população quer ou não a convocação de uma Assembléia Constituinte para fazer a reforma política. Pelo projeto, o Plebiscito deverá acontecer até o final de 2009, quando os brasileiros deverão responder à seguinte questão: “O sr (a) aprova a convocação de uma assembléia constituinte soberana e específica para promover uma reforma constitucional no Título IV da Constituição Federal que redefina o sistema político-eleitoral?”.
Para que um projeto de iniciativa popular seja apresentado no Congresso Nacional são necessárias assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado (algo em torno de 1,3 milhão de pessoas acima de 16 anos), com participação de no mínimo cinco Estados.
IMPORTANTE: Todas as adesões devem obrigatoriamente ser acompanhadas de nome completo, endereço e número do título de eleitor.
Clique aqui para conhecer o projeto, imprimir e fazer a coleta de assinaturas. A impressão deve ser feita em papel tamanho A4, com o espaço para as assinaturas na frente e a justificativa do projeto no verso.
Todos os formulários devem ser enviados ao seguinte endereço: Sede Nacional do Partido dos Trabalhadores – Secretaria Nacional de Mobilização - Setor Comercial Sul, Quadra 02, Edifício Toufic, 2º andar, CEP 70302-000, Brasília, Distrito Federal.
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Não duvido das boas intenções de Kátia Abreu e outros, mas devem se lembrar de que o PT se recusou a assinar a atual carta quando esta foi promulgada. E o que os petistas mais desejam é uma assembléia constituinte, para que possam impor sua visão de mundo totalitária à sociedade brasileira. Os tais "sábios" e "intelectuais" são em sua maioria militantes ou simpatizantes de partidos como o PT ou ainda mais radicais. Quem garante que eles não serão a maioria na tal assembléia? Que garantias temos de sua finalidade não seria desvirtuada para criar uma constituição no estilo chavista?
ReplyCoronel,
ReplyDuvido que fique pior do que a de 1988.
Talvez, eu disse talvez, possa corrigir aquele monstrengo que engessa o país e dá poderes extremos a esquerda, digo ao estado.
JulioK
Tudo bem. Prefiro antes enquadrar o PT. Temos muito tempo para consertar as bobagens do congresso.
ReplyMago
Kátia Abreu não me convenceu da necessidade de uma assembleia específica para reformar a constituinte de 1988.
ReplyEssa assembleia será tudo que o PT sonha para aprovar o seu programa politico.
Que tal traduzir a Constituição Americana e adotá-la como Constituição Brasileira?
Paz? Que paz, se estamos numa guerra cultural assimétrica.
Hereticus
Agora é a Constituição que não serve mais? Pois bem. Desde Sarney, já se dizia que o Brasil seria "ingovernável" com a Constituição de 1988. O PT sequer assinou a CF de 1988.
ReplyNesse ponto Sarney tem razão. Porém, só erra na razão: o País ficou ingovernável por causa dele e de seu sucessor, não por causa da Constituição de 1988. Tanto que hoje ambos são aliados fiéis do PT.
O que a senadora aponta sobre PECs, ADINs etc. são exageros sem dúvidas. Porém, fazem parte da atividade parlamentar ordinária. Deve menos à Constituição e mais às conveniências das forças políticas atuais. Os partidos poderiam reduzir isso ao mínimo,ou seja, apenas admitir regulamentação dos preceitos que demandam tal necessidade.
Isso, ao invés de tentarem pendurar na CF, o que acham ser melhor para suas legendas ou a interesses que possam representar.
Todo o demais deveria ser focado em legislação ordinária e não introduzido na CF. Coisas como reajustes salariais, reconhecimento de categorias profissionais, benefícios a categorias funcionais etc.
O artigo da senadora é muito bom, mas não convence da necessidade de convocação de uma Constituinte. Ao contrário, convence de sua desnecessidade.
Prova disso é que a proposta vem de supetão, de um partido recém-criado. Cujo programa sequer foi divulgado, salvo engano. Foram apresentados princípios, que, interessante, vão precisar de revisão. Isso porque, quase nenhum dos membros do partido os reforçam para valer. Cada um diz uma coisa e fogem de qualquer definição política para o PSD. Mesmo quando confrontados com o ideário liberal, divulgado nos princípios e pela origem da maioria de seus membros, estes tendem a negar ou a desviar, nunca confirmar.
Assim, um Congresso Constituinte Exclusivo, seria, fatalmente, capturado por forças políticas, partidos, que gerariam mais um acolchoado de retalhos.
Acerta a senadora quando diz que está o País em tempos de paz. E deve continuar assim, exceto se forem insistir em tensionar com uma proposta descabida.
Cel
ReplyCom este Congresso que está aí, não dá para pensar na idéia de Katia Abreu, mesmo ela sendo quem é - uma pessoa séria! Não com um PT no poder.
Alguém me responde porque a Constituição Americana, que data de 1787, continua presente até hoje?
Chris/SP
Há lógica no texto dela, mas ela não me convenceu. É corriqueiro na política brasileira você dizer alguma coisa que precisa ser mais explicada, mas não explicar.
ReplyÉ o caso desta malandra parte do texto:
"O Congresso tem outras tarefas e não pode concentrar-se nesse objetivo com exclusividade."
Qual são as outras tarefas, a não ser legislar? Se eles ficam atendendo MP do executivo, é porque eles aceitam ser submissos. Então, o que foi o principal argumento da senadora para a assembléia, em minha opinião, é enrolação. Parece que diz, mas não diz.
Como evitar que a esquerda lulo-chavista monte e cavalgue essa Câmara Revisora, Coronel? Essa proposta é uma faca de dois gumes perigosíssima!
ReplyAo contrário do que a Senadora diz, ela sabe que estamos sim, em guerra, e que essa guerra se trava sob as aparências de paz. Afinal, é do conhecimento de todos que o PT não reconhece a legitimidade de alternativas políticas diversas da sua, e que considera seu direito ao poder acima de qualquer contestação; na verdade, considera que nada do que esteja fora de seu controle tenha sequer o direito de existir. É o que revela sua prática, e é o que já não é mais enunciado em sua teoria, embora já o tenha sido. Mas os tempos explícitos já se foram, e a guerra de conquista, agora, se desenvolve sob outras aparências.
ReplyKatia Abreu sabe disso, e sua iniciativa está rompendo as amarras de uma situação onde o monopólio das iniciativas deveria ser petista, ou então, explicitamente anti-petista, mas nunca sem o poder petista como parâmetro de referência.
Ela está ignorando esse referencial que se pretende obrigatório. Quer empreender uma caminhada sem considerar nenhum balizamento imposto. Está afrontando o clima de paz consentida que mantém subservientes os que se deixam enganar pela aparências. No limite, estará obrigando os petralhas a expor sua chantagem e a mostrar sua caratonha.
Esse embate interessa a nós, e não interessa a eles.
O Congresso tem que sentar o rabo na cdeira e trabalhar mais.
ReplyMudanças através de PECs, como determina a Constituição.
Vai rolar muita grana na cueca dessa comissão. Se bobear, nem será o povo a eleger...
O ASSUNTO DO MOMENTO EH A IMPUNIDADE DOS CORRUPTOS, E VEM ESSA GENTE FALAR QUE TEM QUE TER UMA CONSTITUINTE PARA FAZER REFORMA POLÍTICA.
ReplyO BR JÁ TEM CONSTITUIÇÃO E MUITAS LEIS. EH SOH CUMPRIR. SIMPLES ASSIM...
Gal. LEONIDAS (DE ESPARTA)
ReplyPrezado Coroca.
Boa Noite!
No atual, e tenebroso cenário político social, Segue a relação de algumas autoridades, sábios e pensantes que farão parte da nova constituinte proposta pela Ilustre Senadora:
-Dilma
-Lula o Molúsculo
-Zé Dirceu
-Sarney
-Niemayer
-Saramago
-Frei Beto
-Chico Buarque de Holanda
CONVIDADOS ESPECIAIS:
-Chaves
-Evo
-Fidel
E para dar o contrapeso, os “galinha morta” do:
-Serra
-FHCanábis
-Aércio
Resumindo: "Tamo fud#*d@..."
Precisamos de uma Extrema Direita uma Revolução Nacionalista já!
Alguém salve o Brasil!!!
O detalhe é que essa Constituinte que, fatalmente irá acontecer, não perderá o caráter de "regular numerosos aspectos da vida das nações", como menciona o Coronel no texto. Nesse aspecto (que é o real problema) vai continuar igual - o que vai mudar serão as leis que os comunas irão embutir e que depois as empresas terão que cumprir (perdendo ainda mais competitividade), ou seja: o país ficará mais pobre!
ReplyQue valor tem essa constituição de 1988, se os bandidos que estão no poder legislativo, mudam de acordo com seus interesses e não do país.
ReplyEstado paralelo se lixa para Constituição.
Replyhttp://www.alertatotal.net/2011/10/estado-paralelo-se-lixa-para.html
Eu só gostaria de ver apenas um artigo na Nova Constituição: o interesse público prevalece sobre o direito adquirido e o ato jurídico perfeito. Gostaria de ver essa juizaiada se descabelando para julgar "de acordo com o interesse público". Eu ia rir muito.
ReplySenadora Kátia! Convocar uma nova assembléia? Só depois que todos os corruptos estiverem atrás das grades.
ReplyA Câmara Revisora Constituinte pode não ser de” sábios” mas com certeza não faz sentido ladrões, essa é a palavra certa, formularem novas leis, assim como semi-analfabetos.
Precisamos uma “Operação Mãos Limpas”. Resta saber se políticos cometeriam suicídio como na Itália, quando seus crimes foram descobertos.
De boas intenções o inferno está cheio
Uma nova Constituição poderia trazer figuras como o voto distrital e o voto facultativo. Poderia ter também o veto popular, para leis e sentenças dos poderosos. A criação de um Ouvidor Nacional, acima dos três poderes e abaixo da Constituição,eleito pelo voto direto, encarregado de ouvir e apurar a bandalheira (dispensando os Tribunais de Contas da vida) A restauração do poder popular, que foi usurpado do povo pelo constituinte de 1988 (passou para os "representantes eleitos"). Enfim, tantas coisas boas poderiam acontecer.
ReplyResta sempre um equívoco quando se atribui à fórmula constitucional e não ao caráter do povo a fortaleza de uma constituição. A estabilidade da constituição americana está em expressar rigorosamente isto. A constituição americana não cria (e menos ainda fantasia) o povo americano, a constituição americana expressa o povo americano tal e qual. Antes de serem escritos no papel os princípios democráticos estavam registrados nos corações. Parece poesia e é. Desse fato ainda que se disse (Madison?) que a constituição americana só se aplica a esse povo, e um povo religioso.
ReplyDeixar o PT - O PARTIDO DA CORRUPÇÃO com Lula cachaça, José Dirceu e sua quadrilha mudar a constituição?
ReplyMas nem a pau!!!!