Quem afirma é João Bosco Rabello, do Estadão, no artigo abaixo:
A assembléia constituinte exclusiva proposta pelo PSD é uma polêmica travada no país desde que a revisão constitucional de 93, prevista pelos constituintes de 88, deixou de ser feita. De lá para cá, os sucessivos governos têm convivido com crises anunciadas. Estabeleceu-se quase um consenso em torno da avaliação de que a Constituição de 88, com todos os seus méritos (e não são poucos), padecia de um mal compreensível: foi feita com o olho no retrovisor. Com isso se quis mostrar que ela sofreu a influência da repressão de duas décadas de ditadura militar e tornou-se uma peça altamente reguladora da vida do país, chegando ao grau das minúcias.
O que uma constituinte exclusiva nos moldes propostos pelo PSD tenta é resgatar essa oportunidade de uma revisão constitucional – e não uma revogação do texto em vigor. A iniciativa nasce com uma reação contaminada pela desconfiança por aparentemente respaldar proposta idêntica do PT, diversas vezes defendida pelo ex-presidente Lula. Cabe ressalvar que as motivações são diversas. O PT quer reformas que agravam o poder regulador do Estado, enquanto o PSD vai no sentido contrário, reduzindo essa interferência. Com o reequilíbrio numérico que a formalização do PSD representa no quadro partidário, e considerada a diversidade ideológica entre os dois partidos, o temor de uma hegemonia petista no contexto de uma Constituinte exclusiva deixa de ter razão de ser.
Tomando por base a Constituinte de 88, o PSD cria as condições para reproduzí-la, em caráter revisional, com a garantia de influência de um “centrão” – o contraponto que as correntes ideológicas de centro e direita impuseram ao figurino de esquerda que ganhava força na ocasião, nos ventos de uma aspiração nacional pela revogação do que se concebeu chamar de “entulho autoritário”. Na verdade, o País vive em constante processo revisional, sempre precedido de debates longevos que tornam as reformas de Estado um processo lento demais para acompanhar a realidade das transformações sociais, cenário agravado pelo quorum qualificado exigido para cada mudança.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que coordena a iniciativa da Constituinte pelo seu partido, tem levantamento consistente para comprovar o processo de permanente revisão a que o país se submete desde a opção por não realizar a revisão de 93, com quorum de maioria simples. Diz ela que de 1992 até hoje, já foram aprovadas 73 emendas constitucionais. Desde 1989, apenas um ano após a promulgação da Carta, foram propostos ao Congresso 4.666 projetos de novas emendas para reformá-la, dos quais 2.210 ainda estão em tramitação. Ao mesmo tempo, o Supremo Tribunal Federal deu provimento a 757 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, tendo ainda provido, em parte, outras 203. Hoje , 1.116 Adins aguardam julgamento. Ou seja, às dificuldades de reforma do texto, tem-se a judicialização do processo a partir de demandas específicas que levam partes em conflito ao tribunal. Este, à revelia do processo político, acaba exercendo o papel legislador, sem a legitimação dos mandatos inerentes a essa função. Ainda que possa não prosperar, a iniciativa do PSD pode gerar – ou, pelo menos, deveria, algum tipo de pacto pelas reformas de Estado. Se obtiver tal efeito, já terá sido uma contribuição inestimável.
14 comentários
Podem revisar a Constituição, criar Comissões da Verdade, Leis e Reformas para isso ou aquilo. Mas, se não colocarem em prática uma forma de tornar as eleições brasileiras menos sucetíveis às fraudes, não teremos democracia e cidadania.
ReplyA urna eletrônica como é, sem direito a uma auditoria ou recontagem de votos em casos de fortes indícios de fraudes, vai continuar gerando suspeitas e enfraquecerá o sistema político brasileiro.
Para quem se interessa pelo assunto, acesse: www.fraudeurnaseletônicas.com.br
No YouTube, digite: fraudes nas urnas eletrônicas.
"Chegou a hora de o Brasil discutir a segurança do voto eletrônico, sob pena de deixarmos para nossos filhos um arremedo de democracia onde o eleitor jamais saberá em quem votou e a oposição jamais terá condições de conferir votos".
ReplyNa realidade, qualquer proposta de convocar Constituinte é errada. Assim, não é quem propõe ou o que possa propor. O erro é básico: não há necessidade de Constituinte.
ReplyNão dá para achar que eles se foram - com comunistas não se brinca...
ReplyNada mais compreensível a constituinte ter saído mais reguladora. Os militares estavam ainda bafejando no pescoço dos políticos. Pela pressa deixou-se para mais tarde uma série de regulamentações. (muitos dos líderes já beiravam os 80 anos e todos queriam aparecer - menos Lula que foi contra, lembrem-se) O problema é que parte dos poderes civis não aprenderam a lição e vivem brincando com fogo e agora querem ajeitar a coisa para o lado deles. A hora é de recuperar a ética correta, não a enviezada petista.
ReplyMago
Estou confuso. Na veja de 28 set diz que existe o proj fed de lei 12034 de 2009 que os votos registrados nas urnas devem ser impressos e que é um absurdo. Alega que o voto deixa de ser secreto e aumenta os riscos de fraude. Se nenhum dos modos for isento entao fudeu! Me ajudem ai...
ReplyEscudeiro da Verdade-3 de outubro de 2011 17:08
Reply"Há uma máxima em informática que diz : quando um sistema depende exclusivamente da palavra de quem o controla, ele é intrinsecamente inseguro."
Infelizmente você está certo, as
"urnas eletrônicas", não são seguras.
A Alemanha proibiu constitucionalmente o uso de urnas eletrônicas. A Holanda e outros países,também.
Não há como recontar os votos, nem como impedir sofisticadas fraudes colocando em risco a própria democracia.
Ainda mais aqui, onde pactos entre partidos é visto como normal.
Nesse País, somente o TSE garante que nos seus "COFRES" as urnas brasileiras são 100% seguras.
Por que o Ministério Público Federal quer impedir a comprovação impressa do voto eletrônico, já aprovado pelo Congresso, artigo quinto da Lei 12.034 ?
Segundo o MPF o voto impresso pode "expor o eleitor", tirando o "sigilo" do voto.
E o voto digital ou biométrico é o quê?
Urge rever nosso sistema eleitoral.
Coronel,
ReplyHá uma contradição lógica nesse artigo, um sofisma.
O autor baseia sua tese na correlação de forças no Congresso, no qual o PSD e deamais partidos mais ao centro teriam hegemonia e assim evitariam uma maioria esquerdista. Ocorre que nada garante que, em 2014, a correlação que há hoje seria preservada e tampouco que os candidatos a constituintes desse centro seriam eleitos majoritariamente. Como não seriam políticos profissionais, o mais provável é que venceriam em maior número os delegados dos setores organizados da sociedade, que são dominados pelas esquerdas há bastante tempo.
A argumentação do autor do artigo é fraca, portanto.
Ou melhor, há um paralogismo e não um sofisma (o paralogismo é uma falha de raciocínio não intencional).
Replytô na área
ReplyO PAINEL DO SENADO FEDERAL É SEGURO?
ACM provou que não e os "pianistas"ehehehe,TAMBÉM.
Para "pianistas no senado"hay que guglar ou VEJA(arquivos).
fui...
Nenhum aparato tecnológico é seguro, se for programado por homens. No BR, então, nem se fala...
ReplyCoronel
ReplyO argumento é muito fraco.
"Com o reequilíbrio numérico que a formalização do PSD representa no quadro partidário, e considerada a diversidade ideológica entre os dois partidos, o temor de uma hegemonia petista no contexto de uma Constituinte exclusiva deixa de ter razão de ser."
Somar forças aos desejos de Lula é de uma estupidez que caberia ao PSDB, estamos acostumados. Agora, vindo de um partido que acabou de ser vítima de um esforço contra seu nascimento e com objetivos convergentes aos de Lula, eu diria que é de uma ingenuidade tamanha mesmo que A CORRELAÇÃO DE FORÇAS NO CONGRESSO APARENTEMENTE NÃO FAVOREÇA o PT. Lembre=se que toda a esquerda se une em causas de esquerda. Lembre-se que boa parte do esforço de propaganda dos ideais petista provêem das redações contaminadas, das instituições aparelhadas. Veja o que acontece nas universidades.
O segundo maior partido tem dificuldade em assumir posições de centro direita apesar das grandes realizações nesse sentido, e o Coronel espera que os constituintes sejam centro ou direita em sua maioria.
É muita ingenuidade iniciar o jogo proposto pelo PT mesmo que ambos tenham objetivos aparentemente diferentes. O PT adoraria ter essa força somada ao seu esforço no sentido de alterar a constituição.Para eles esse apoio não poderia vir em melhor hora.
Ronaldo T
Puro e simples: o PSD vai fazer a maior cagada da história, irá provocar uma constituição pré-comunista.
ReplyErnani, 19:10, também não entendi aquela alegação da Veja. Logo a Veja!
ReplyQualquer forma de permitir a recontagem dos votos é preferível ao absurdo a que estamos sendo submetidos hoje. O que está havendo é um massacre da democracia!
FORA AS URNAS ELETRÔNICAS FRAUDULENTAS!