Língua portuguesa
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
5 comentários
Lindo, lindo, um dos poemas mais lindo da lingua portuguesa.
ReplyLendo este poema, meu pensamento voltou aos bancos do ginasial, doces lembrancas.
Nao sei se ainda hoje, poemas de Olavo Bilac e outros legados da lingua portuguesa como I Juca Pirama em que o indio velho fala "Meninos eu vi...", sao lidos em sala de aula e dissecados pelo(as) professores de portugues.
Obrigado coronel pelo poema.
.50
Cel,
ReplyNo meu tempo de curso primário os alunos se alinhavam no pátio da escola, em frente ao Pavilhão da Nação, também do estado e do município e era cantando o hino nacional brasileiro e, se na semana houvesse uma data comemorativa como o 7 de Setembro por exemplo, também era cantado o hino da independência. Isso todos os dias. Era distribuído e vendido um hinário (Editôra Martins-PR) o qual possuo até hoje. Todos os hinos eram sabidos. Havia uma fala ou duas da direção e em seguida todos entravam ordeiramente para as salas de aula.
Hoje estamos vendo o MEC a distribuir cartilhas e vídeos favorecendo o homossexualismo e também aberrações contra a língua nacional...
"Um império morre de dentro para fora"
Fora PT, fora corrupção, fora incompetentes.
Fora corrupção de menores.
Nivaldo/Praia Grande/SP
Coronel:
Replycertamente Bilac lia muito a Lírica de Camões, esse tesouro de poesia suficiente para cobrir de glória pelo menos cinco poetas. Em particular a redondilha "sobolos rios" onde o nosso Poeta consegue a penetração maior de muitos obscuros mistérios que nos afligem, versos de uma transluminosa e peregrina beleza, que na opinião de Gustavo Corção, nunca foi igualada em nossa língua, nem talvez nas alheias.
O leitor deveria, neste ponto, abrir a Lírica e reler pausadamente:
Sobolos rios que vão
Por Babilônia, me achei,
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião
E quanto nela passei.
........
Como poderá cantar
Quem em chôro banha o peito?
Porque, se quem trabalhar
Canta por menos cansar,
Eu só descansos enjeito.
Que não parece razão
Nem seria cousa idônea
Por abrandar a paixão
Que cantasse em Babilônia
As cantigas de Sião.
............
Hereticus
PS: na linguagem camoniana "Babilônia" é a região entre o Tigres e o Eufrates (Iraque moderno) e "Sião" é Jerusalém.
Em outra passagem, Camões escreve profetizando o Brasil de Lulla e Dima:
ReplyCá nesta Babilônia, ...
Cá onde o mal se afina e o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
...
Cá neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da Natureza,
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
Hereticus
Deveriam pedir ao "palestrante" para decifrar no seu "bom" português os dois poemas;De Olavo Bilac e Luís Vaz de Camões!RGS.
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