Mais cabeça, menos fígado.

Do Blog do Reinaldo Azevedo:

Como lembrei em texto anterior, Serra foi um duplo exilado, primeiro do Brasil e depois do Chile. Se pleiteasse, teria direito a uma gorda indenização da tal Comissão de Anistia — ou melhor, distribuída por ela; quem paga somos nós. Ele enviou, sim, uma carta à comissão, mas abrindo mão de qualquer compensação financeira. E me parece que isso diz um tanto de quem ele é. Teve de sair do Brasil para não ser preso ou morrer. Estudou e deu aula no Chile; depois, nos EUA. No que respeita à vida privada, recorrendo à linguagem popular, fez limonada com o limão. Lula certamente teria reivindicado a grana. Como sei? Porque ele reivindicou o levou. Recebe quase R$ 6 mil como “perseguido do regime”. Dilma também recebeu indenização de três Estados: São Paulo, Rio e Minas.

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Pegando o gancho do blogueiro da Veja, há pessoas perplexas com a opinião de José Serra(PSDB-SP) de que preferia a vitória de Eduardo Frei, no Chile, e não do candidato de centro-direita, Sebastian Piñera. Ocorre que Serra nunca negou que é um candidato, se mantivermos a dicotomia, de centro-esquerda. Neste momento, o que importa é o quanto de centro existe nas suas propostas, pois é ali que o Brasil poderá recuperar a sua democracia ameaçada. Dilma Rousseff(PT-de onde?) é uma candidatura totalmente de esquerda e aí reside a sua diferença para Serra. Sejamos coerentes. A direita brasileira não conseguiu, em 20 anos, criar um partido e quanto menos viabilizar um candidato. Preferiu mamar nas tetas da nova república. O DEM, última e desastrada tentativa, está aí para comprovar, envolvido até o último fio de cabelo em corrupção, justamente na capital federal, que é onde está o poder central, que é o tambor do Brasil,que deveria ser o espelho de uma gestão impecável. No Rio, onde foi poder tanto tempo, o DEM não consegue dar um palanque para o candidato de oposição, mesmo sendo de lá o seu bisonho presidente. No Rio Grande do Sul, alia-se ao PT em grandes colégios eleitorais, na sua insana fisiologia de partideco de fundo de quintal. E mais: o DEM jamais se assumiu como um partido de direita, pois, marqueteiramente, ficaria inviabilizado. Por fim, os militares. Os militares jamais terão um candidato ou um partido no Brasil. Eles não querem saber de política e só ficam excitadinhos quando alguém vai atrapalhar o baile das seis da tarde, do Clube Militar, com estas idéias de rever a Lei da Anistia,no que estão mais do que certos. Vocês lá, nós aqui e não encham o saco! Queremos construir uma "direita" decente no Brasil, descolada da marca da tortura, da ditadura e da falta de liberdade com que lhe rotularam por mais de quarenta anos? Ensinemos nossos filhos e nossos netos a não engolir o que estão lhe ensinando na escola, se é que já leram os atuais livros de História. Votemos com a cabeça e não com o fígado. Parece que foi isto que aconteceu no Chile e que, talvez um dia, possa acontecer no Brasil. Observem que no Chile a direita ressurgiu com um grande empresário, assim como no México. Aqui,para nossa desgraça, eles viram vice-presidentes da esquerda ou participam dos seus "conselhos", auferindo os lucros fáceis da corrupção na máquina pública. É o país do jeitinho e do levar vantagem em tudo. Portanto, já que não temos direita, vamos pelo menos eleger o que existe de centro em José Serra. E torcer para que ele predomine e não tenha guinadas para o lado vermelho sangue da força. Afinal de contas, olhando para os lados, não vamos esquecer que Zelaya era um direitista dos quatro costados, eleito pelo Partido Liberal, o PFL de lá.