Sarney é o cara do Lula.

"Eu não posso ser demonizado pelo que está acontecendo no Senado, como disse a minha amiga ministra. Nem posso ser considerado um homem comum, pois tenho poderes, inclusive o legislativo, como disse o meu amigo presidente. Minha fundação abasteceu na Petrobras e é claro que não pedi nota. Sou um brasileiro, jamais faria um projeto social tão desinteressado lá no meu Maranhão com a Esso, a Shell, muito menos com a PDVSA, que nem gosto do venezuelano. Parentes no governo? Ora, mas o FHC não tinha o Pedro Parente dentro do seu gabinete? E me acusam da minha casinha, uma simples casinha que, no calor da luta, esqueci de declarar. Que homem não pode ter direito a um lar? Aquela é a minha casa, minha vida! Mas os companheiros não me abandonaram. Acordo comigo é no fio de bigode, aliás tenho um fio do Mercadante guardado aqui no bolso traseiro do meu macacão. Outra grande injustiça dos meus desafetos é dizerem que sou um coronel nordestino, quando na verdade sou um homem simples, de hábitos espartanos, quase monásticos. Quando vou para o exterior gasto pouquíssimo, os meus amigos banqueiros é que pagam as minhas contas. Minha mãe também nasceu analfabeta como a de Lula, também sou um sertanejo. Como político, e política para mim é uma religião, sempre fiz tudo pela governabilidade, juntamente com Renan. Todos se ajoelham quando chegamos, movidos pela nossa fé. O nosso PMDB tem uma afinidade sanguínea com o PT, somos irmãos siameses, mamamos na mesma teta, comemos do mesmo cocho. Por isso, os companheiros estão tão unidos em torno do meu nome. Não existe nada secreto nisso. Nem contas, nem nomeações, nem licitações, nem CPI da Petrobras, que abri porque assim podemos ter uma melhor, como se diz mesmo, correlação de forças. Até o companheiro Tião Vianna já me telefonou garantindo o seu apoio, pois uma mão lava a outra e as duas lavam a Dilma. E a Dilma precisa tanto, cercada de tantas falsidades e falsificações. A senadora Ideli, a senadora Serys, o senador Suplicy, todos temos, antes de tudo, um compromisso com o eleitor pobre e trabalhador, que grita pelo Brasil à fora: "Fica, Sarney! Fica, Sarney!"Vocês não estão ouvindo os metalúrgicos, os sindicalistas, os barnabés, os CCs ? Pois eu digo a esse povo que pelo povo e em nome do povo, aqui eu fico e daqui ninguém me tira. Que as forças retrógradas da direita, as elites dominantes, estes coronéis caudilhos, nem pensem em nos derrubar. Pátria ou morte! Socialismo! Povo unido, jamais será vencido!"

Assinado: José Ribamar Sarney