Lula é o "cara" também para a imprensa.

De vez em quando, a turma dos assessores de Lula formulam uma declaração do presidente que não seja uma daquelas piadas de mau gosto ou uma daquelas expressões de ódio racial ou de classes. Além disso, há a turma dos marqueteiros, que sabem que uma "bondade" não deve ser feita antes, mas sim depois de um feriadão. Some-se a turma dos colunistas e jornalistas chapa-branca, que garantem repercussão. Por exemplo, ao final de uma reunião de ministros, realizada na semana passada, botaram o seguinte "pensamento" na cabeça de Lula e mandaram na forma de release. Gentilmente, o Painel da Folha e vários outros jornais publicaram sem pestanejar:

Quebrando a cabeça.Lula mandou a equipe econômica refazer o pacote de ajuda aos municípios apresentado na semana passada. O presidente avaliou que as medidas esboçadas eram insuficientes e vetou a concessão de antecipação de receitas como as do Fundeb e da dívida ativa. A ajuda deve vir do Tesouro, orientou.A Fazenda também afastava no fim da semana a ideia de estabelecer um piso de repasses com base na média dos últimos três anos. Lula quer ampliar o diagnóstico da penúria dos municípios: acha que além da queda do FPM a retenção de recursos do INSS pode ter afetado o caixa dos prefeitos.As medidas serão apresentadas amanhã, antes da reunião de coordenação política que baterá o martelo.

O texto acima é antológico: " Lula mandou", "avaliou e vetou", "orientou" e "quer ampliar o diagnóstico" da "penúria dos municípios", como se o presidente fosse capaz de tamanho exercício mental. E esta, então, de Lula "achar" que à queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios também pode estar somada uma retenção de recursos do INSS, então, é de lascar. Deveriam inscrever o "cara" para o Nobel de Economia, não para o Nobel da Paz.