A economia mundial entrará em recessão em 2009 ao sofrer contração em seu crescimento, a primeira em mais de meio século. O PIB global cairá 0,4%, ante 2% positivos previstos para 2008, e o dos EUA se retrairá em 1,3%, ante 1,2% de avanço esperado para este ano.A previsão, do IIF ( Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne 400 instituições financeiras internacionais, foi divulgada ontem e reforça o clima de pessimismo reinante na comunidade financeira para o próximo ano.As chamadas "economias maduras" recuarão 1,4%, puxadas pela queda dos EUA, mas também pelas da zona do euro (1,5%) e do Japão (1,2%). Já as emergentes terão crescimento de 3,1%, alavancadas principalmente pela China (6,5%) e pela Índia (5%). Diferentemente do esperado para este ano, no entanto, esse crescimento não será suficiente para manter o PIB mundial no positivo.A entidade, espécie de Fiesp da banca que reúne os 400 maiores bancos comerciais e de investimento do mundo, revisou para baixo as suas expectativas para o ano que vem. Assim como as previsões periódicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e as de outras entidades, as do IIF são revisadas conforme novos dados da economia são divulgados e estão longe de serem imunes a erros.Ainda assim, refletem o estado de ânimo dos gerentes do dinheiro do mundo, atores da pior crise financeira da história recente. "O enfraquecimento da atividade econômica e as grandes pressões sobre o mercado financeiro alimentam um ao outro e são reforçados pela sincronização mundial da desaceleração", diz Charles Dallara, o diretor-gerente do IIF."No lado positivo, as autoridades na América do Norte, na Europa e no Japão estão plenamente conscientes do tamanho da crise, da necessidade de medidas para contê-la e do imperativo da coordenação global de políticas", afirmou.Para a América Latina, o prognóstico é um crescimento modesto, de 1%, depois dos 5,3% de 2006 e dos 5,4% de 2007 e a previsão de 4,5% para o ano que termina. Dois latino-americanos entrarão no campo negativo, diz o IIF: a Argentina, com 0,4%, uma das maiores quedas nos países em geral, depois dos esperados 6,5% de 2008, e o México, com 0,5%.Para o Brasil, o cenário para o ano que vem é um pouco melhor na comparação com os dois países, mas ainda assim pífio. A economia deve crescer 1,5% em 2009, dizem os banqueiros, que projetam um salto de 5,5% para este ano.No capítulo destinado às economias emergentes, o IIF diz que há um contraste evidente entre a política agressiva de redução de juros adotada pela Ásia e a relutância nesse tipo de ação na América Latina. A taxa básica da economia brasileira, a Selic, é hoje de 13,75%, uma das mais altas do mundo.Cita ainda a dependência de financiamento externo como problema para a segunda região. "No caso da América Latina, muitas corporações encaram agora desafios importantes na rolagem de seus débitos externos", diz o documento."Em contraste, o alto índice de poupança doméstica da Ásia e a falta de dependência em financiamento externo ajudam nesses tempos de pressão."O IIF estima que o prejuízo dos bancos que representa com a crise foi de US$ 1 trilhão desde 2007. Afirma ainda que as entidades levantaram US$ 930 bilhões desde o meio do ano passado, sendo que mais de um terço veio dos cofres públicos.
PIB global cai pela primeira vez em 50 anos.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 às 07:51:00
Da Folha:
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