O mapa eleitoral que emerge das urnas impacta a corrida presidencial de 2010 em pelo menos três aspectos: o governador de São Paulo, José Serra, se projeta em definitivo como o presidenciável tucano, o PT enfraquecido dá autonomia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conduzir o processo de sucessão e o PMDB, fortalecido nacionalmente neste pleito, se afirma como a "noiva" cobiçada por tucanos e petistas. A análise é de cientistas políticos ouvidos pela Folha.Para especialistas, o PMDB terá a opção de manter a coligação com PT ou nacionalizar a união com o PSDB. Existe ainda a possibilidade de lançar um nome próprio, como observa Celi Jardim Pinto, cientista política e diretora do Instituto de de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)."Aécio [Neves, governador mineiro do PSDB] pode se tornar o nome forte que o PMDB busca. A hipótese não é de toda obscura e agrada a Lula, que gostaria de ver a oposição dividida", diz Celi. Para a especialista, o mineiro poderia deixar o PSDB. Apesar da vitória de dois de seus afilhados, em Belo Horizonte e Juiz de Fora, Aécio saiu "chamuscado dessas eleições", diz David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).O cientista político ressalta que tucanos alimentam o sonho de lançar "uma chapa puro sangue", com Serra na cabeça e Aécio vice. "Garante boa parte do eleitorado de Minas e de São Paulo, os dois maiores colégios do país. Mas o PSDB ainda teria que buscar votos no Sul e no Nordeste", afirma.Nesta dobradinha sobraria pouco espaço para acomodar o PMDB, o que abriria caminho para o presidente Lula negociar com o PMDB. O cientista político Carlos Alberto Furtado de Melo, do IBMEC, acha que a eleição deste ano "mostrou que Lula é muito maior que o PT e que não há transferência de voto. "Perderam os setores que poderiam sair vitoriosos e, assim, interferir no processo de sucessão."Melo e Fleischer dizem que o PMDB não conseguirá coesão nacional e deve se dividir entre Lula e Serra. "É provável que o PMDB de São Paulo esteja com Serra. Mas não dá para dizer que [Roberto] Requião (PR), e o Sérgio Cabral (RJ) seguirão."O professor de Ciência Política da USP Gildo Marçal Brandão concorda. "O PMDB nunca foi unido." Ele afirma que as eleições municipais derrubaram a crença de que grandes líderes, nacionais ou regionais, elegem quem quiserem. "A idéia de que Lula e Aécio elegem "um poste" não é assim."
1 comentários:
O PMDB é, por assim dizer, a biruta (dessas de aeroporto) que vai nos apontar o que vem por aí em 2010. Se começar a se bandeirar para o Serra, é sinal claro que o PT não terá mesmo chance nas próximas eleições.
ReplyDe qualquer modo, é bom frisar que o resultado das urnas foi ótimo. Isto porque nosso estimado líder (e homem de visão) acreditava que não só venceria nos estados de peso, como, principalmente, "esmagaria" a oposição.
Tivesse conseguido seu intento, seria fácil aprovar, diante de uma oposição notoriamente covarde como a que temos, o terceiro mandado.
Mas, pra nossa felicidade, deu tudo errado.
Bem ou mal, a oposição continua a respirar, colégios eleitorais importantes não foram conseguidos (São Paulo e Rio - neste, é bom notar, venceu um aliado. Aliado é diferente de membro do partido. Principalmente porque, como eu frisei acima, o PMDB só ficará aliado do PT enquanto este estiver por cima. Se começar a naufragar, será o primeiro a pular da nau petista), a crise mundial estourou; enfim, a hipótese do terceiro mandado ainda é real - mas, talvez, tenha se tornado, ao menos no presente momento, mais difícil.