TV Brasil: ao trabalho, senhores senadores.

Na Espanha, a Constituição, no seu Artigo 20, garante valores de pluralismo, veracidade e acessibilidade com a finalidade de contribuir para a formação de uma opinião pública informada e prevê a regulação por lei da organização e controle parlamentar dos meios de comunicação social dependentes do Estado. No Brasil, estão querendo botar este poder na mão do Presidente da República.

A Lei 17/2006, de 5 de junho, que estabelece os preceitos do rádio e televisão de titularidade estatal na Espanha, ao contrário da MP 389, que cria a TV pública no Brasil do Lula, reforça e garante sua independência, mediante um estatuto e órgãos de controle adequados, que são as Cortes Gerais e um organismo supervisor que se configura como autoridade independente, que atua com autonomia em relação aos Administradores públicos, leia-se, aqui, Ministros de Comunicação e Presidentes da República. Lá é o Congressom que nomeia o Presidente do Conselho de Administração, por exemplo.
Está na lei espanhola que a TV pública "garantirá a informação objetiva, veraz e plural, que deverá se ajustar plenamente ao critério de independência profissional e ao pluralismo políco, social e ideológico, presente na sociedade, assim como a norma de distinguir e separar, de forma perceptível, a informação da opinião". Nada disso está previsto na MP que cria a TV pública no Brasil.

Na sua natureza jurídica, a TV pública espanhola "goza de autonomía em sua gestão e atua com independência funcional do Governo e da Administração Geral do estado." O corpo diretivo é eleito pelo Conselho de Administração que, por sua vez, é escolhido pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. O Presidente da República não participa do processo, ao contrário do que se quer impor no Brasil, onde Lula poderá indicar todos os cargos de comando da televisão pública.

Os Senhores Senadores deveriam chamar, para as audiências públicas que estão sendo realizadas, exemplos de outros países. A lei espanhola pode ser lida aqui. Convidem os presidentes da TVE, da BBC e de outros modelos democráticos para trazerem os seus depoimentos para o Brasil. Convidem políticos que estão participando de Comissões nestes países. Enviem Comitivas para estudar estes modelos in loco. Não dá para aprovar um projeto deste porte pela palavra de um Franklin Martins e de uma Teresa Cruvinel. Eles não tem nenhuma credibilidade, autoridade ou conhecimento para isso. São apenas velhos jornalistas chapa-branca, que nunca exerceram cargos importantes de gestão na área, que só estão aí em agradecimento por serviços prestados. Ao PT e ao Lula.

9 comentários

Coronel, a Espanha é parlamentarista...

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CORONEL,

Suas sugestões são boas,tendo em vista que os políticos adoram uma enrolação,notícias nos jornais sobre seus movimentos burocráticos,etc.
Mas,para mim,este assunto Teleteta deveria ser enterrado com um sonoro NÃO do Senado. O Brasil já tem a rede de TV Cultura,que foi muito boa no passado,com programas tão bons, que foram copiados por tvs privadas.
Estou com ojeriza de tudo que é estatal,público...tudo que recebe meu dinheiro e que eu não posso usufruir,opinar,gerenciar,escolher.

Abraços, ANA.

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Caro Anônimo:

Qual o problema da Espanha ser parlamentarista? Não existe TV Câmara, TV Senado, alguém já acusou uma destas emissoras de ser aparelhada? Não são. Agora, você acredita que a TV do Lula vai ser aparelhada ou não?

Um abraço.

Coronel

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Coronel, não disse que a TV Petralha não será aparelhada.
Ninguem acusou as TVs Senado, Câmara, etc. de aparelhamento porquê elas:
1. Não tem canal obrigatório no espectro disponível;
2. Dá traço de audiência;
Tem verbas fixas definidas no orçamento da união.
O que apontei na Espanha é o fato de que a regulamentação, etc. é tarefa do congresso. O presidente ou o rei só são vaquinhas de presépio. Comparar as funções executivas daqui e de lá não faz lá muito sentido.
Aqui em SP a TV Cultura tambem está aparelhada. A grita inexiste pois o Ibope dela é traço (e sempre foi, a despeito de sua qualidade).
[ ]´s

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Ainda bem que temos a Internet.

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Alô Boss.
Não vejo nenhum movimento das outras emissoras,jornais e rádios defendendo ou contrários á criação desta monstrenga.
Pelo menos movimento representativo e firme.
Serão coniventes ou estão 'comprados"?
fuiii

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A criação desta emissora jamais será combatida de forma veemente pelos políticos e assemelhados.
Todos olham para ela como um emprêgo agora ou no futuro(cabide).
A OAB,sindicatos e representantes dos jornalistas,repórteres e afins também olham para isto de forma lúdica.
Esperam um recompensa agora ou no futuro(boquinha).
Afinal este dinheiro tá mole!!!!
abraços

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Grande Coronel

Tenho certeza de que ao menos a TV Camara está sendo usada com relêvo politico sim. No inicio de janeiro do corrente ano, não havendo algo interessante na TV Senado, sintonisei a Camara, estavam entrevistando FHC a respeito do Plano Real onde o mesmo afirmava ser um plano jaboticaba, por servir únicamente ao Brasil. Na sequência fizeram uma retrospectiva da politica Brasileira desde o fim da ditadura. Destacaram o erros dos governos até chegar no ano de 2003....Aí é que percebi o uso nefasto, pois simultâneamente ao citar Lula presidente a imagem do País destacou-se das américas e do planeta sugerindo que entramos em um paraiso!!!!!

patriota

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Olá Coronel.

Tenho comigo que a oposição ainda não percebeu o tamanho do monstro que está em gestação. Se, aparentemente, tem agora dimensões aceitáveis, não se sabe o que poderá vir a se tornar no futuro.

Considero relevantes a lista de questões levantadas no post mas, duas coisas me deixam encafifado.

Desconfio que no DNA do monstro exista algumas sequências com o intuito de enfraquecer a comunicação privada. Esta tem sido a pior dor de cabeça do Governo e do PT e associados. Seria fazer pouco da inteligência deles se isto não estivesse incluído entre os objetivos não declarados.
E olhe que a mídia, principalmente, a escrita já está bem "aparelhada" mas, ainda assim, é pouco, os grandes veículos ainda podem fazer muito barulho.

O trato com a receita publicitária, o que mantém as empresas privadas, deve ser dissecado minuciosamente. É por aí que a Teleteta pretende minar os "concorrentes". Uma empresa que se pretende "pública" e mantida com recursos do governo e que vai oferecer serviços competindo com as redes privadas deixa entrever alguns desequilíbrios neste mercado. Sem pagar impostos, como seria a planilha de custos desta TV ao estabelecer preços no mercado publicitário?

A questão da audiência, ainda insignificante, é um problema a ser corrigido mais adiante, quando a questão formal de implantação estiver concluída.
Para resolver isto basta que a Teleteta, por ser "pública", obtenha algumas "exclusividades" e uma maioria na Câmara e no Senado para aprova-las.

Que os nossos oposicionistas nao subestimem o "monstrinho" e o combatam agora, no nascedouro.

Um abraço.

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