O Supremo Tribunal Federal
(STF) retoma nesta quinta-feira (16) o julgamento de uma ação do PC do B
que busca anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Na sessão, 10 ministros da Corte devem se manifestar para definir o
rito do processo, questionado pelo partido e também pela Presidência da
República.
Nesta quarta, o relator da ação, ministro Luiz Edson Fachin leu seu voto e defendeu a validade de atos já praticados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A sessão desta quinta está marcada para as 14h.
O primeiro foi o acolhimento do pedido de impeachment sem antes ouvir
Dilma; e depois a eleição, por votação secreta, de uma chapa avulsa (com
deputados não indicados por líderes) para compor a comissão especial
que vai analisar as denúncias contra a petista.
A decisão também deverá decidir sobre um pedido do PC do B para dar ao Senado o poder de recusar a instauração do processo na Casa mesmo após autorização da Câmara aprovada por 2/3 dos deputados.
A decisão também deverá decidir sobre um pedido do PC do B para dar ao Senado o poder de recusar a instauração do processo na Casa mesmo após autorização da Câmara aprovada por 2/3 dos deputados.
Neste ponto, Fachin votou para o Senado seja obrigado a dar
prosseguimento ao processo até o julgamento final do presidente da
República. Ele disse que "inexiste competência do Senado para rejeitar
autorização expedida pela Câmara dos Deputados" para instaurar o
processo.
Conforme a Constituição, somente após a instauração do processo pelo Senado
é que o presidente da República deve ser afastado do cargo, por até 180
dias, até o julgamento final sobre o impeachment, também a cargo dos
senadores. Segundo Fachin, a suspensão ocorre depois da leitura da
decisão da Câmara no plenário do Senado.
A questão colocou em confronto as próprias Casas do Congresso: em sua
manifestação, a Câmara defendeu que a decisão dos deputados determina a
abertura do processo. O Senado, por sua vez, afirmou que a Casa não
precisa seguir a decisão dos deputados, entendimento também manifestado
pela Presidência e pela Procuradoria Geral da República.
A decisão final será dada pela maioria dos 11 ministros do Supremo.
Depois de Fachin, ainda votam os ministros Luís Roberto Barroso, Teori
Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar
Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Defesa prévia
Em seu voto nesta quarta, Fachin também se manifestou nesta quarta contra a necessidade de defesa prévia da presidente da República antes do recebimento, pelo presidente da Câmara, de um pedido de impeachment, passo inicial do rito.
Em seu voto nesta quarta, Fachin também se manifestou nesta quarta contra a necessidade de defesa prévia da presidente da República antes do recebimento, pelo presidente da Câmara, de um pedido de impeachment, passo inicial do rito.
A posição contraria pedido do PC do B
para anular a decisão de Cunha, que acolheu uma denúncia por suposto
crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff, no último
dia 2 de dezembro. Como Dilma não foi ouvida antes, o partido quer que o
STF anule o processo de impeachment.
Fachin também votou para negar pedido do PC do B para que o acolhimento do pedido de impeachment seja anulado devido à suposta "parcialidade" de Eduardo Cunha. O partido alega que o peemedebista deu aval ao pedido de afastamento de Dilma em retaliação ao PT por não ter obtido apoio da legenda na votação, no Conselho de Ética, de processo que visa cassar seu mandato.
Formação da comissão
O ministro Fachin também rejeitou pedido para anular a eleição da comissão especial. O PC do B questionava o fato de a chamada chapa da oposição – formada por indicações avulsas dos partidos – ter sido eleita por voto secreto. Para a legenda, a votação deveria ser aberta.
Fachin reconheceu que a regra geral é de votação aberta para qualquer decisão. Ele disse, porém, que a formação de comissões é regida pelos regimentos da Câmara e do Senado. O regimento da Câmara diz que eleições no âmbito da Casa, como para a Mesa Diretora, devem ocorrer por votação secreta.
Fachin também rebateu argumento do PC do B de que não poderia haver chapa avulsa na eleição para a comissão especial. Para a legenda, só poderiam concorrer deputados indicados oficialmente pelos líderes dos partidos. O ministro, porém, destacou que uma "eleição" pressupõe a participação de mais de uma chapa na disputa.
Segundo Fachin, a votação deve ser aberta quando o processo chegar ao plenário da Câmara, quando todos os deputados votam o parecer da comissão especial. Para autorizar o procedimento, é preciso o voto favorável de 342 (2/3) dos 513 deputados.
O ministro Fachin também rejeitou pedido para anular a eleição da comissão especial. O PC do B questionava o fato de a chamada chapa da oposição – formada por indicações avulsas dos partidos – ter sido eleita por voto secreto. Para a legenda, a votação deveria ser aberta.
Fachin reconheceu que a regra geral é de votação aberta para qualquer decisão. Ele disse, porém, que a formação de comissões é regida pelos regimentos da Câmara e do Senado. O regimento da Câmara diz que eleições no âmbito da Casa, como para a Mesa Diretora, devem ocorrer por votação secreta.
Fachin também rebateu argumento do PC do B de que não poderia haver chapa avulsa na eleição para a comissão especial. Para a legenda, só poderiam concorrer deputados indicados oficialmente pelos líderes dos partidos. O ministro, porém, destacou que uma "eleição" pressupõe a participação de mais de uma chapa na disputa.
Segundo Fachin, a votação deve ser aberta quando o processo chegar ao plenário da Câmara, quando todos os deputados votam o parecer da comissão especial. Para autorizar o procedimento, é preciso o voto favorável de 342 (2/3) dos 513 deputados.
AGU
A fala de Fachin ocorreu após a defesa do governo, feita pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Ele defendeu o poder do Senado para recusar a abertura de um processo de impeachment, mesmo com a decisão da Câmara.
A fala de Fachin ocorreu após a defesa do governo, feita pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Ele defendeu o poder do Senado para recusar a abertura de um processo de impeachment, mesmo com a decisão da Câmara.
Adams também argumentou que a decisão da Câmara é apenas "condição"
para instauração do processo, que cabe aos senadores, em sua visão.
A defesa do poder do Senado para recusar o impeachment coincide com
manifestação que o próprio Senado entregou ao STF na semana passada.
Também concordam com essa tese o PC do B, autor da ação, e a
Procuradoria Geral da República.
Adams destacou que as etapas intermediárias do processo de impeachment
têm consequências “gigantescas” e, por isso, é preciso haver decisão
favorável tanto da Câmara quanto do Senado para a instauração do
processo.
Ele lembrou que uma das consequências da instalação do procedimento é o afastamento por seis meses da presidente.
Ele lembrou que uma das consequências da instalação do procedimento é o afastamento por seis meses da presidente.
“No impeachment as consequências relativas ao presidente são
gravíssimas, nas decisões intermediárias. A admissão do processo afasta o
presidente por seis meses. Se admitida a denúncia contra o presidente
da Câmara, ele não será afastado. Mas o presidente da República é
afastado”, destacou.
Câmara
Antes de Adams e falando pela Câmara, o deputado federal Miro Teixeira (PROS-RJ) defendeu que a decisão da Câmara, por 2/3 de seus membros, seja obrigatoriamente seguida pelo Senado para instaurar o processo.
Antes de Adams e falando pela Câmara, o deputado federal Miro Teixeira (PROS-RJ) defendeu que a decisão da Câmara, por 2/3 de seus membros, seja obrigatoriamente seguida pelo Senado para instaurar o processo.
“A Câmara pratica o juízo de admissibilidade. O Senado julga. Será que a
Câmara tem esse trabalho, de aprova por dois terços, e o Senado
ignorar? O que diz a Constituição, a Câmara autoriza e o Senado julga. É
um procedimento difícil. Dois terços dos votos, são raros são os
dispositivos que preveem dois terços”, afirmou.
Miro Teixeira também defendeu a eleição secreta para a escolha da
comissão especial que dará parecer pela continuidade ou não do processo
de impeachment. Ele destacou que todas as eleições no âmbito da Câmara
são feitas por voto secreto e que seria este o caso para a escolha dos
membros do colegiado. "Nós não estávamos ali discutindo outra coisa que
não eleição", argumentou.
Julgamento
Na ação em julgamento nesta quarta, o PC do B argumenta que várias regras da lei de 1950 devem se adaptar à Constituição de 1988. Além disso, defende que as regras dos regimentos da Câmara e Senado sejam derrubadas, argumentando que o rito só pode ser definido por lei específica.
Na ação em julgamento nesta quarta, o PC do B argumenta que várias regras da lei de 1950 devem se adaptar à Constituição de 1988. Além disso, defende que as regras dos regimentos da Câmara e Senado sejam derrubadas, argumentando que o rito só pode ser definido por lei específica.
O partido foi o primeiro a se manifestar no julgamento, iniciado na
tarde desta quarta-feira (16). O advogado Claudio de Souza Pereira Neto,
que representa o partido, afirmou na sustentação oral perante a Corte,
que a "banalização" do processo de impeachment pode gerar “instabilidade” política e econômica no país.
O PC do B questiona não só atos já realizados – caso do acolhimento do pedido de impeachment – como também outros que ainda estão por vir, inclusive no Senado, que irá julgar se houve ou não crime de responsabilidade. (G1)
1 comentários:
Adams destacou que as etapas intermediárias do processo de impeachment têm consequências “gigantescas”. Catastrófico é manter a anta no poder. Qualquer sinalização de afastamento da dilma já é motivo pra reação positiva do mercado. Bem coisa desta gente: não vê nada, não sabe de nada. Adams pegue seu boné e saia de mansinho.
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