(Estadão) O Tribunal de Contas da União (TCU) declarou não haver
mais nenhuma dúvida de que o governo Dilma Rousseff incorreu, de fato,
em crime de responsabilidade fiscal, ao utilizar recursos de bancos
públicos para inflar artificialmente seus resultados e melhorar as
contas da União. As operações, que contrariam frontalmente a Lei de
Responsabilidade Fiscal, passaram a ser conhecidas como "pedaladas
fiscais".
"Não
tenha dúvida. Há um descumprimento de lei. Um banco público não pode
emprestar dinheiro para o governo. É como se você estivesse devendo no
seu cheque especial, e o governo não pode ter esse cheque especial",
disse o relator do processo do TCU, José Múcio. "Faltou dinheiro e a
conta foi paga por terceiros". Nos cálculos do TCU, mais de R$ 40
bilhões foram sacados pelo governo das contas do Banco do Brasil, Caixa e
BNDES, para engordar a contabilidade fiscal e se aproximar da meta de
superávit primário, a economia feita para o pagamento dos juros da
dívida pública.
Na prática, a decisão do plenário do TCU sobre as "pedaladas
fiscais" pode fortalecer a intenção da oposição, que analisa um possível
pedido de impeachment de Dilma por "crime de responsabilidade". Após as
manifestações do dia 12, o PSDB pediu ao ex-ministro da Justiça Miguel
Reale Júnior que avaliasse a possibilidade. Ao Estado, Reale Júnior
disse que o seu parecer não se refere, na prática, ao impeachment, mas
sim à avaliação se houve um crime comum para a solicitação de uma
eventual ação penal. "O ponto nuclear é a análise das 'pedaladas
fiscais' detectadas no TCU", disse.
O tema impeachment foi levantado em uma reunião da bancada
de deputados com o presidente nacional da sigla, senador Aécio Neves
(MG). No final do encontro, Aécio pediu para que deputados que defendiam
a proposta se manifestassem. Praticamente todos os presentes levantaram
a mão a favor. O principal defensor da ideia na Câmara é o líder da
minoria, Bruno Araújo (PE), que conta com o apoio do líder da bancada,
Carlos Sampaio (SP).
Explicações. Em decisão tomada nesta quarta-feira,
15, pelo plenário do TCU, 17 autoridades do governo Dilma Rousseff terão
de explicar essas operações. O ministro José Múcio Monteiro deu 30 dias de prazo improrrogável,
para que todos prestem informações sobre as irregularidades nas contas.
Caso sejam condenadas, as autoridades podem ser alvos de multas e
processos por crime de responsabilidade. O TCU tenta identificar quem
deu a ordem para as "pedaladas". Perguntado se a presidente Dilma
poderia ser chamada a dar explicações, Múcio disse que essa
possibilidade "não é avaliada".
Mas o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, entrou
para a lista de convocados para prestar esclarecimentos sobre a
utilização de dinheiro de bancos públicos pelo governo. Além de Tombini,
a corte de contas quer ouvir explicações do atual presidente da
Petrobrás e ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
Também estão listados o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega; o
ex-secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin; o atual ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa; o ministro do Trabalho, Manoel Dias; o
ex-presidente da Caixa Jorge Hereda, e o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho. As 'pedaladas' no Banco do Brasil envolveriam, por exemplo,
recursos para subsidiar juros baixos em financiamentos de produtores
rurais e incentivos a exportadores. A situação motivou representação de
acionistas minoritários do banco ao TCU para que a situação fosse
apurada.
Banco Central. Presente na sessão plenária do
TCU, o procurador-geral do Banco Central, Isaac Ferreira, disse que o
BC não tem, por competência, a tarefa de detectar as irregularidades
fiscais que foram cometidas pelo governo. Ferreira também fez questão de
frisar que Alexandre Tombini não é alvo de investigações ou acusações
de irregularidades, mas foi chamado apenas para prestar esclarecimentos.
"O Banco Central não tem competência para captar irregularidades
fiscais, nem para punir bancos que porventura foram acusados de cometer
irregularidades fiscais", disse Ferreira.
Segundo o procurador, o BC não é órgão de execução da política
fiscal, não ordena despesa nem arrecada receita orçamentária,
cabendo-lhe apenas elaborar estatísticas fiscais, "o que é bem distinto
da execução ou contabilidade orçamentária".
"Quanto ao mérito, tenho a convicção jurídica pessoal de que,
do ponto de vista da regulação bancária, sequer enxergo elementos que
caracterizem operação de crédito vedada. De todo modo, os trabalhos do
TCU ainda estão em sua fase inicial e tudo se submeterá ao crivo do
contraditório", afirmou Ferreira.
3 comentários
Coronel,
Replyque todos os anjos do Céu digam "Amém".
Flor Lilás
Oooooohh! Descobriram que madame min cometeu crime de responsabilidade depois de 8 meses de ter cometido o crime! Que povo rápido!...
ReplyAgora temos a carta na manga , a bala de prata!
ReplyGabriel-DF