A Polícia Federal indiciou as cúpulas de três empreiteiras
diretamente envolvidas no suposto esquema de pagamento de propina e
formação de cartel para fatiamento de contratos na Petrobras. Em
relatórios assinados nesta terça-feira e na segunda-feira, a PF fez os
primeiros indiciamentos desde a deflagração da última etapa da Operação
Lava-Jato, em meados de novembro, que levou à prisão os donos e gestores
das principais empreiteiras do país. Foram indiciados cinco executivos
da OAS, dois da Queiroz Galvão, um da Galvão Engenharia e quatro da
Mendes Júnior. Também foi indiciado o lobista Fernando Soares, conhecido
como Fernando Baiano, que tem ligações com o PMDB.
No total, a PF
indiciou 13 pessoas. Os crimes apontados pela PF contra os
representantes das empreiteiras são lavagem de dinheiro, fraude a
licitações, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e corrupção
ativa. O Ministério Público Federal no Paraná prepara a denúncia contra os
executivos, o que deve ocorrer esta semana. A prioridade da denúncia é
atingir os 11 executivos de seis empreiteiras que continuam presos. Na
próxima semana, as empresas começarão a ser processadas, na esfera
cível, por meio de ações de improbidade administrativa. O artigo que
baseará essas ações estabelece a proibição de novas contratações com o
poder público em razão da suposta improbidade.
O
indiciamento representa a conclusão da PF sobre a prática de crimes
pelos acusados. Os relatórios com os indiciamentos foram assinados pela
delegada Erika Mialik Marena. Agora, para que a Justiça passe a
investigá-los formalmente, é preciso que o MPF denuncie os suspeitos. Se
a Justiça aceitar a denúncia, ele se tornam réus.
As empreiteiras são suspeitas de pagamento de propina e de formação
de um cartel — o chamado “clube” — para fatiar contratos de obras da
Petrobras, em especial a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Nos
relatórios, a delegada ressalta a “abertura de contas bancárias em nome
de interpostas pessoas, o fluxo mascarado do dinheiro, a celebração de
contratos ‘de papel’ para esquentar a saída do dinheiro na contabilidade
dos corruptores, o uso de doleiros para propiciar a disponibilização de
valores fora do país aos corruptos e a falta de uma concorrência
efetiva nos certames da Petrobras”.
Da construtora OAS foram indiciados o presidente, José Aldemário
Pinheiro Filho, conhecido como Leo Pinheiro, e outros quatro executivos:
José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros,
Mateus Coutinho de Sá Oliveira e Alexandre Portela Barbosa. Os quatro
primeiros continuam presos em Curitiba. A PF observa que a empreiteira
fez depósitos para as empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef e a
apreensão em um dos escritórios controlados pelo doleiro do registro de
pagamentos feitos pela OAS no exterior para a offshore Santa Tereza. O
relatório destaca uma lista com o nome de políticos que a empreiteira
buscava “agradar”.
“Dentro o material apreendido no cumprimento das medidas
judicialmente autorizadas, destaca-se a vasta lista de pessoas que a OAS
procurava agradar com presentes e lembranças de aniversário,
notadamente políticos e servidores públicos e da estatal Petrobras”, diz
trecho do relatório.
A PF observou ainda que foram apreendidos contratos com consultorias
desconhecidas até então, que merecem “aprofundamento” para verificar a
possibilidade de se tratar de pagamentos a outros operadores do esquema.
Destacou ter apreendido grande quantidade de documentos no avião de Leo
Pinheiro, na Bahia.
RECIBOS DE DOAÇÕES PARA SIGLAS
A PF indiciou
ainda o ex-presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho; o
diretor-geral da mesma empreiteira, Othon Zanoide de Moraes Filho; e o
diretor da Galvão Engenharia Erton Medeiros Fonseca. Dos três
indiciados, Erton é o único que continua preso em Curitiba. Os gestores
da Queiroz Galvão conseguiram ser soltos após a deflagração da etapa
mais recente da Operação Lava-Jato, deflagrada dia 14. Não há nenhum
representante da Queiroz Galvão que continua detido.
A delegada cita que a Galvão Engenharia foi uma grande depositante de
quantias nas contas da MO Consultoria, empresa de fachada de Youssef
usada para a movimentação de propinas. Erton admitiu ter pago “vantagens
indevidas” a Youssef, segundo o relatório do indiciamento. Na sede da
Queiroz Galvão, a delegada diz que os policiais encontraram “grande
volume de recibos oficiais de doações para partidos políticos diversos”.
Da Mendes Júnior, foram indiciados os vice-presidentes Sérgio Cunha
Mendes e Angelo Alves Mendes, além dos executivos Flávio Sá Motta
Pinheiro e Rogério Cunha de Oliveira. A empresa fez depósitos para
empresas de fachada de Youssef. Sérgio Mendes é o único que está preso
no Paraná. O MPF deve denunciar pelo menos 20 envolvidos no escândalo da
Petrobras até sexta-feira por crimes como corrupção, lavagem de
dinheiro e fraude à licitação. Há ainda a possibilidade de incluir
agravante, como motivo fútil, por busca de lucro fácil. ( O Globo )
4 comentários
Coronel,
Replyquero ver se as palavras tão veementes do Procurador são reais ou um belo de um teatro.
Lea no Augusto Nunes tem uma votação para escolher o pior ministro da Dilma. Adivinhem que está ganhando? Acertou quem pensou no Porcão Garboso, o advogado de porta de cadeia do PT.
Flor Lilás
Não vi se está na lista o advogado da UTC, o vendedor e administrador de offshore ...
ReplyÉ preciso lacrar a porta da sede dessa quadrilha.O banditismo alcançou patamares inacreditáveis "nessepaiz".A quadrilha tem sede, cnpj, logomarca.Seus asseclas tem crachá e assessoria.Tudo isso sem falar no topete de todos eles.
ReplyCoronel,
Replysimbólico, muito simbólico.