O Produto Interno Bruto (PIB) pode ter encolhido 0,8% no segundo
trimestre, de acordo com estimativa da gestora de recursos Mauá Sekular.
É provável que isso provoque a revisão do resultado do primeiro
trimestre, de um crescimento de 0,2% para um recuo entre 0,1% e 0,2%, o
que mostraria que a economia brasileira já está em recessão.
"A gente não está falando de recessão técnica [crescimento negativo
em dois trimestres consecutivos], mas, sim, que o país está efetivamente
em recessão", adverte Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá e
ex-diretor do Banco Central (BC). "Poucas vezes assistimos na história
ao que estamos vendo agora."
A gestora de Figueiredo foi um dos primeiros participantes do mercado
a rever de maneira drástica as projeções de crescimento para 2014. No
início do ano, quando o mercado ainda apostava em alta do PIB próxima de
2%, a Mauá a revisou para 1%. Mais tarde, fez outra revisão, desta vez
para 0,5%, e agora está apostando em crescimento de no máximo 0,3% neste
ano - a mediana das projeções para 2014 do boletim Focus, do BC, está
em 0,79%.
O pessimismo decorre do fato de que, embora se espere uma pequena
melhora na atividade no segundo semestre, ela tende a ficar aquém da
imaginada. Já se sabe que o segundo trimestre foi particularmente ruim
por causa da realização da Copa do Mundo, que diminuiu o número de dias
úteis, mas essa não é a única explicação.
Entre abril e junho, os únicos dados positivos de uma série de
indicadores observados pela Mauá se restringiram às vendas dos
supermercados e ao fluxo de veículos leves nas estradas. Na comparação
da média do segundo trimestre com a média do primeiro, com dados
dessazonalizados, houve expansão respectiva de 1,4% e 0,3%. Todos os
outros indicadores analisados apresentaram variação negativa.
A produção de veículos (dados da Anfavea), por exemplo, teve recuo de
11,6% no segundo trimestre, utilizando-se o mesmo critério de
comparação. O indicador de confiança da indústria da FGV, por sua vez,
caiu 5,9%, assim como a venda de veículos (-5,9%), o fluxo de veículos
pesados (-4,4%), a produção de papel ondulado (-3,5%) e o consumo de
energia (-3,3%).
No mesmo critério, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) ampliada
(vendas no varejo, que incluem veículos e materiais de construção)
recuou 3,1% no segundo trimestre; a PIM (produção industrial mensal)
caiu 2%; o IBC-Br (estimativa de PIB do Banco Central) mostrou
crescimento negativo de 1,2%; e a PMC restrita (vendas no varejo sem
veículos e materiais de construção) encolheu 0,6%. Figueiredo acreditava que, como junho foi um mês muito ruim para a
atividade econômica, julho teria uma volta ou retorno ("payback", na
linguagem dos economistas) forte, algo entre metade e dois terços. O
problema é que o "payback" foi mais fraco que o esperado.
"Nossos modelos sugerem que a produção industrial pode devolver a
queda de junho, (+1.4% face a -1.4%), mas o nível é péssimo. Devolve
junho, mas mantém queda ainda bem acentuada no ano", explica Marina
Santos, economista-chefe da Mauá Sekular. "De fato, se a queda de 0,8%
do PIB no segundo trimestre contra o primeiro for confirmada, projetamos
alta forte no terceiro trimestre (um 'payback' de aproximadamente
0,75%) para que o crescimento do ano seja de mísero 0,3%."
Em resumo, ainda que julho tenha sido um mês bom e o terceiro
trimestre seja de "payback", os níveis são muito fracos e o PIB do ano
será igualmente fraco, próximo de zero. O que dificulta uma possível
recuperação é que, como os indicadores de confiança tanto dos
consumidores quanto dos empresários estão em níveis historicamente
baixos, a atividade não reage. Em julho, a confiança dos consumidores
melhorou um pouco, mas a da indústria piorou.
"O que importa para a população é a percepção. O medo de perder o
emprego, por exemplo, é crescente", diz Figueiredo. "A inflação está
dando uma aliviada sem dúvida, mas por razões ruins [o forte recuo da
atividade]." (Valor Econômico)
9 comentários
O MARIDO DE MARINA SILVA OCUPA CARGO NA GESTÃO PETISTA DO ACRE. E não é qualquer cargo. E mais ainda: não aceitou entregá-lo. Tem muito militante inocente que não tem a menor ideia disso.
ReplyCoronel,
ReplyNão tem empregada doméstica ou porteiro de edifício que não esteja sentindo na pele a RECESSÃO DA DILLMA.
Fazem 4 anos que a Dillma+Mantega "vendem" o próximo semestre melhor que o anterior. Erram sempre!!
Armínio ou Giannetti terão um "MONSTRUOSO DESAFIO" em 2015!!
JulioK
Apesar de todas as dificuldades o povão sustentado por salários altos, que os patrões não conseguem mais pagar, está apenas começando a sentir as dificuldades que a economia está impondo a todos nós. Tomara que dê tempo para que o eleitor brasileiro abra os olhos e expulse o PT do poder. No âmbito regional isto já está acontecendo, precisa acontecer no âmbito federal. Obviamente que a indústria que mais emprega, como a automobilística vai suportar mais um período de prejuízo e não demitir ninguém até as eleições, mas depois vai ser um salve-se quem puder.
ReplyCel
ReplyA cada dia que vou ao supermercado vejo gente reclamando dos aumentos dos gêneros de primeira necessidade, alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza.
O pior é que para consertar os erros dos governos Lula+Dilma teremos quase três anos de sacrifícios.
Com o incremento das exportações de carnes e frango para a Rússia/China os preços aqui no Brasil vão aumentar aproximadamente 30% - 40%.
Átila
Fácil. Prendam os analistas!
ReplyFrancisco
ReplyTambém queriam o quê?
Um país que optou por "consumir" sem "produzir" só poderia ter este resultado!
Ah,..., desculpem, nossa produção está firme e forte.
Produzimos 40 milhões de "bolsa família" o que é sem duvida uma baita produção.
Ah,..., se continuar nessa toada, a "borsa" M&FBOVESPA vai ter um "crashzinho" legal logo log.!!!.
Tô só esperando, porque aí compro umas 100 mil ações de alguma companhia de cerveja, aguardando cidadão que vai querer encher a cara indefinidamente.!!!.rsrsrs...Abs: Att: fonseca.
Isso é que é competência !
ReplyFora Dillma, e leva o PT junto contigo !
Analisando quem quebrou banânia foi o X-9dedos além de não fazer nada, de surfar em ondas alheias e não fazer as reformas pontuais mínimas exigidas, ainda botou no governo da madame satã os incompetentes do partido petralha e deu no que deu, só ladeira abaixo.
ReplyCoronel,
Replycontra todos os "famosos" economistas e analistas de mercado que previam um PIB de 4%, depois de 3%, depois de 2% e agora de 0,3% eu já previa um PIB de no máximo 1%. Quando a economia mostrou sua constante desaceleração e o mercado baixou para 2%, afirmei que seria negativo. Parece que estou com a razão. Para os que não sabem, Economia é uma ciência e não uma bola de cristal. Fazer previsões para acalmar mercado ou bajular governo, não adianta que no final os números serão implacáveis.