Começa o horário eleitoral gratuito. A campanha está no ar.

Um dos comerciais de 15 segundos que irão ao ar na campanha tucana.

Uma duríssima campanha eleitoral começou agora, hora e meia atrás, pelo rádio. Vai entrar na TV na hora do almoço. Atingirá o ápice no horário nobre com os programas de TV. E se consolidará com a maciça veiculação dos spots no rádio e dos comerciais na televisão. As diferenças de tempo são brutais. Dilma tem mais de 11 minutos disponíveis. Aécio apenas 4 minutos e alguma coisa. Marina Silva pouco mais de dois minutos. 

O PSDB, que é a candidatura de oposição, nunca teve tão pouco tempo para anunciar candidato, programa de governo, propostas e críticas. Também nunca teve um candidato tão desconhecido quanto Aécio Neves. 19% não sabem quem ele é, 27% o conhecem um pouco, 37% o conhecem de ouvir falar e somente 17% o conhecem muito bem. Esta é uma vantagem e indica imediatamente a estratégia: os primeiros momentos de campanha deverão ser, obrigatoriamente, de apresentação do candidato, de biografia, de fisionomia, para despertar confiança e criar musculatura para poder criticar com força. 

Os militantes mais desavisados e mais nervosos já querem que o candidato saia atacando o Foro de São Paulo, o porto de Mariel, a compra de Pasadena e outros temas recorrentes nas discussões daquela pequena parcela politizada e bem informada. Estes temas não enchem urna. Não devemos esquecer que 40 milhões de eleitores são impactados pela Bolsa Família e zero pelo dinheiro secreto mandado para Cuba. Não dá para entrar nestes temas em 4 minutos de programa na TV, onde os temas devem ser inflação, saúde, transporte, segurança e educação. É isto que move a vida das pessoas.

Alguns dirão que isso foi feito em 2010 e que perdemos as eleições. Não foi por isso. Lula, naquela oportunidade, tinha mais de 70% de ótimo e bom. Hoje Dilma tem menos de 40%. O Brasil bombava, hoje o Brasil está em crise. Os programas eleitorais eram piores que os do PT? Plasticamente, sem dúvida alguma. E estética é importante. Até mesmo a estética da miséria. Os pobres do PSDB eram feios e desdentados. Os pobres do PT brilhavam no vídeo.

Há também uma miopia quanto a importância dos debates. Não são tão decisivos, pois quando começam 80% dos eleitores já estão dormindo. O programa eleitoral, da mesma forma, só funciona mesmo na última semana. O mais contundente são os comerciais durante o horário da programação. As mensagens rápidas, de 15 segundos. E aí que reside o grande temor, pois o PT terá uma carga brutal, algo como 12 inserções por dia de 15 segundos.  

Por isso, antes de criticar, atacar e pensar com o fígado, é bom lembrar que temos um tempo muito menor, um candidato pouco conhecido e a necessidade de deixá-lo com credibilidade para bater e com massa muscular para apanhar, porque também vai apanhar muito. É preciso muito sangue frio. É preciso chegar ao segundo turno. E desta vez será por muito pouca diferença. Boa sorte para todos nós. E para o Brasil.