No atual debate político econômico brasileiro, poucos têm
posição tão clara como o economista Edmar Bacha. "Não é segredo para
ninguém que sou tucano", diz ele. Um dos pais do Plano Real e hoje diretor
da Casa das Garças, ponto de encontro carioca reservado às discussões de temas de
interesse nacional, Bacha defende que o novo governo vai precisar impor um
"desafazimento" da atual política macroeconômica e lançar as bases
para uma abertura comercial de longo prazo. Segundo Bacha, os "pibinhos" são frutos do
isolamento nacional. "Estou convencido que para o Brasil crescer o caminho
é a abertura para o comércio internacional", disse na entrevista que se
segue.
No evento que marcou os 20 anos do Plano Real, na semana
passada, o senhor disse que no primeiro dia do novo governo seria necessário
retomar a reforma tributária. A agenda se resume à reforma?
Edmar Bacha: Não. Com certeza é mais ampla. Eu parto de um
diagnóstico, com uma sequência de pontos. O primeiro ponto é a constatação que
estamos presos na chamada armadilha da renda média. Desde 1981, o Brasil vem
tendo um crescimento medíocre. Esse processo parecia ter se alterado a partir
de 2004. Porém, fica muito claro hoje que o impulso adicional que a economia
teve entre 2004 e 2011 foi fruto único e exclusivo da bonança externa. A alta
dos preços das commodities (matérias-primas com cotação internacional) e a
enorme entrada de capital nesse período propiciaram e financiaram um
extraordinário aumento da demanda interna. Como havia no começo do período uma
capacidade ociosa acentuada e um desemprego alto, isso permitiu, durante esse
período da bonança até 2011, que o País crescesse mais do que vinha crescendo
no período anterior.
Com a reversão da bonança, os preços das commodities
começaram a cair e o fluxo de capital, por circunstâncias diversas, se
reverteu, e voltamos aos pibinhos. Associado a esses pibinhos vem algo
peculiar. Se temos pibinhos, deveríamos ter inflação baixa. No entanto, ao
contrário, estamos com inflação elevada para os padrões dos nossos vizinhos -
com exceção de Argentina e de Venezuela, que ninguém mais leva em conta. Há
também déficit externo, quando pibinhos são associados a superávits comerciais.
Esse conjunto denota que a economia brasileira tem uma enfermidade.
Estamos
diante de uma doença brasileira, que se forma pela associação de baixo
crescimento, alta inflação, déficit externo e, para compor o quadro,
desindustrialização. O que se constata é que o pibinho não é produto do atual
governo, não é cíclico. É uma característica da economia brasileira há 30 anos.
Uma característica quase secular - o País tem limitações para fazer a transição
para o primeiro mundo.
Qual o segundo ponto do diagnóstico?
Edmar Bacha: O segundo ponto é o que se vê quando listamos
os países que, no pós-guerra, conseguiram fazer a transição da renda media para
a renda elevada. Não foram muitos. Na minha conta, foram uns dez. Os Tigres
Asiáticos e Israel fizeram a transição com base na indústria exportadora. Os
países da periferia europeia - Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda - fizeram a
transição com base em prestação de serviços, inclusive com a concessão de mão
de obra para a comunidade europeia.
O terceiro conjunto de países inclui
Austrália, Nova Zelândia e eu também colocaria no grupo a Noruega. Até o final
dos anos 1960, a Noruega era o mais pobre entre os nórdicos e agora é o mais
rico. Esses três países fizeram a transição na base de produtos naturais. Cada
um fez a transição a sua maneira, mas com uma característica comum: todos se
integraram a um mercado maior e encontraram nichos a partir dos quais
conseguiram se desenvolver. Isso é empírico. A transição ocorreu por meio da
integração internacional. Analiticamente, parece claro - para transitar da
renda média para a alta renda, o nome do jogo é produtividade.
Para todos esses
países havia acabado a fase fácil em que se conseguia aumentar a produtividade
trazendo gente da cidade para o campo - a fase em que a China e a Índia ainda
se encontram. Como o ambiente urbano é mais produtivo que o campo, a mera
transição do campo para a cidade, num contexto frequentemente de substituição
de importações, permite que se faça a transição da pobreza para a renda média.
Clique aqui e leia a entrevista na íntegra.
4 comentários
Oi vc sabe alguma coisa sobre isto?
Reply500 MIL HOMENS ARMADOS NAS MÃOS DO PT: É O PERIGO DA PEC 51 - DESMILITARIZAÇÃO DA PM
http://youtu.be/mt8Y3y8nkTM
Este post foi publicado por Aluízio Amorim ONTEM, o Coronel amigo dele compartilhou a matéria, recortou e colou com a devida autorização do outro nobre jornalista que também recorta e cola matérias tuas, é bom.
ReplyO Brasil tem uma anemia brasileira, a ANTI-DOENÇA HOLANDESA que fora "heroicamente combatida pelo PT como ruim e fez até fundos soberanos para guardar os superávits em petróleo e nos alimentos.
Se tivesse superávit o melhor seria permitir que o exportador deixasse seus dólares e outras moedas NO EXTERIOR para importar outras coisas, sem passar pelo sistema cambial. O "superávit do pré-sal" guerreado por deputados como HIENAS FAMINTAS ATRÁS DE CARNIÇA DO FUTURO, ficaram a ver navios, o petróleo agora é inútil e os americanos SINTETIZAM A SUA GASOLINA ( POR ENQUANTO SÓ 1% ) DE ENERGIA SOLAR, calor de até 1200°C
onde o gás carbônico e água são misturados e catalisadores que quebram a água em H2, oxigênio é liberado, o gás carbônico reage com hidrogênio formando metano.
Poderiam parar por aí mas eles conseguiram produzir muitos dos hidrocarbonetos que na natureza demora cem mil anos ou mais em poucas horas, gasolina querosene e outros derivados feitos um a um e AGORA PETRÓLEO PRA QUE?
ECONOMISTAS DISSERAM QUE A IDADE DO PETRÓLEO ACABARIA COMO ACABOU A IDADE DA PEDRA, e não foi devido à extinção das pedras e sim por uso de novas ferramentas, o mesmo vai ocorrer com o petróleo e forma a GASOLINA LIMPA e também álcool se quiserem.
Em outro programa vi usarem óleo de batata frita ser usado para sintetizar querosene de aviação, um bio querosene com moléculas em formato diferente e com mesma fórmula do querosene, baixíssimo ponto de solidificação e quase não é explosivo.
VENEZUELA, PRE-SAL, RÚSSIA, ÁRABES vão acabar tentando EXPORTAR AREIA porque petróleo será TÃO INÚTIL QUANTO É VENDER AREIA NOS DESERTOS DAS ARÁBIAS. KKK
Como crescer se não há luz? Falo isto há anos. Se o Brasil crescer, apaga.
ReplyBrasileiros,
ReplyProdutividade? A dilma não trabalha, só faz comício todo dia. É logico que o país vai pro buraco.