Lembram que o último ministro da Educação, Fernando Haddad, passou 2011 inteiro fazendo campanha para ser prefeito de São Paulo? E que Aloisio Mercadante, atual ministro, passa o tempo inteiro coordenando a campanha de reeleição de Dilma Rousseff? Sem ministro da Educação há três anos, a educação brasileira só poderia estar um caos. É o tema de hoje da coluna de Aécio Neves, na Folha de São Paulo, intitulada " A verdadeira emancipação", publicada abaixo.
A educação é a principal ferramenta da verdadeira e emancipadora
transformação social que o Brasil precisa fazer. Reduzi-la apenas a frases de efeito ou a discursos é um gesto de covardia
para com milhares de brasileiros. A falta de planejamento nessa área vai custar
muito caro ao país. Para milhões de jovens, o preço já está alto demais.
Os números oficiais mostram que o despreparo e a ineficácia trabalham juntos
para comprometer conquistas preciosas da sociedade brasileira, como a
universalização do ensino fundamental, a elevação do percentual de pessoas com
mais de oito anos de estudo e a forte redução do analfabetismo, entre outros
avanços iniciados no período Itamar/Fernando Henrique. Esse quadro promissor vem
sendo sistematicamente demolido.
Os números da Pnad 2012, divulgados há poucas semanas, revelam que a taxa de
analfabetismo no país parou de cair e atinge 13 milhões de pessoas. Há ainda um
enorme contingente de analfabetos funcionais que se encontram à margem do
mercado de trabalho. De cada dez jovens entre 17 e 22 anos que não completaram o
ensino fundamental, três continuam sem estudar e trabalhar. Cerca de 50% da
população adulta (superior a 25 anos) não têm ensino fundamental e só 11% têm
ensino superior, índice muito inferior ao recomendado por instituições
internacionais.
O ensino superior é uma das faces do caos no qual estamos imersos. Cerca de
30% dos cursos avaliados no último Enade foram reprovados. O compromisso de
realizar dois Enems por ano acabou definitivamente arquivado. No principal
ranking internacional de universidades, o Brasil ficou sem nenhuma representante
entre as 200 melhores do mundo.
A inexistência de universidades competitivas diz muito sobre o país que
pretendemos construir. A educação não é uma ilha isolada. Deveria estar inserida
em um contexto que aposta na formação dos nossos cidadãos, em novas matrizes de
produção, no incremento da inovação e no uso intensivo de tecnologias de ponta.
Aqui se instala o grande desafio a ser enfrentado: a nossa juventude não pode
mais esperar que a educação de qualidade saia do papel e das promessas, da mesma
forma que o país não pode continuar aguardando eternamente as condições
necessárias para realizar o grande salto no seu processo de desenvolvimento.
O país que almeja conquistar um lugar de destaque no mundo precisa aumentar a
sua competitividade e a autonomia da sua população. Ao não se inserir no
mercado, toda uma geração corre o risco de não conseguir romper com limites hoje
conhecidos, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade.
Essa realidade é injusta com o país. E é injusta, sobretudo, com milhões de
brasileiros.
5 comentários
Sem falar no fato de que cursos de humanas cada vez mais se parecem com lavagem cerebral para formação de esquerdistas e cursos na área de exatas/engenharia se parecem cada vez mais com cursos de humanas. O número de desabamentos e outras tragédias só tende a aumentar.
ReplyUm país que tem um político analfabeto que chegou à presidência da república, e que em vez de estimular os jovens estudar, estimula sexo e drogas e diz que não precisa estudar porque ele não estudou e chegou lá.
ReplyOlha aqui, cidadão, você só chegou lá porque o povo ficou descontente com o FHC PSDB no segundo mandato de seu governo. Tenho a mais profunda convicção que o povo deveria ter ficado com o PSDB mesmo. E que o povo brasileiro nunca mais eleja um analfabeto para o cargo de presidente da república.
As universidades criadas pelos petralhas são meros cabides de emprego para docentes mal formados, fingindo que trabalham e que fazem "pesquisas". Oferecendo cursos para os quais não há mercado de trabalho, com um sistema de seleção eivado de ideologia e de superficialidade, com muitas cotas, o sistema está bichado. Há mais: vejam o caso da UNILA. A imprensa comprada não divulga mas os altissimos gastos da UNILA e os extravagantes cursos deveriam ser investigados. Pagamos com nossos impostos a boa vida de "estudantes" do Mercosul que vem aprender a glorificar ditadores comunistas.
ReplyCel,
ReplyUm pais cujo presidente que diz que o povo pode falar errado e o importante eh entender, e mantem uma amante trabalhando junto, nao pode a educacao avancar. Soh poder virar na zona que estah.
o que ocorre hoje em Minas é o resultado de uma política deliberada, por parte da gestão Aécio-Anastasia, de destruição da carreira dos educadores, e consequentemente, de destruição da perspectiva de uma Educação pública de qualidade.
ReplyMuitos estão adoecidos, outros conseguiram outras fontes de renda ou empregos, ou estão prestes a se aposentar. Afinal, são 12 anos de gestão de ataques ininterruptos aos direitos dos educadores de Minas. É dose cavalar, até mesmo para uma categoria acostumada a sofrer e a ser mal remunerada, tratada como se fizesse parte de uma obra de caridade e não de uma profissão considerada por alguns como das mais nobres.
No Brasil, o professor (e demais educadores) é tratado como artigo fútil por uma elite mais fútil ainda, que não se compromete com o presente e com o futuro de gerações de brasileiros, especialmente os mais pobres. Trata-se de uma elite mesquinha, acostumada a tratar os mais pobres como escravos, e que enxerga na Educação um artigo de luxo para as camadas populares.
A categoria de educadores, acostumada a sofrer, a lutar e a conquistar, mesmo que pequenas migalhas, de repente, num dado momento aprendeu que poderia sonhar com uma carreira decente. Acreditou nisso piamente quando aprovaram a Lei do Piso em 2008, com algumas regras bem definidas no seu texto constitucional, embora com um ridículo valor nominal no salário inicial.
Contudo, nem este mínimo que seria o piso enquanto vencimento básico foi cumprido pelos governos, a exemplo do governo de Minas, que tratou de burlar descaradamente a norma federal, abolindo de uma só tacada o vencimento básico e todas as gratificações e vantagens (quinquênios, biênios, pó de giz) adquiridas pelos educadores ao longo de muitos anos de luta. A Minas Gerais do neto de Tancredo, que hoje aparece na TV dizendo cinicamente que investiu na qualidade da Educação, simplesmente destruiu a carreira dos educadores. Implantou um subsídio como valor total (teto) de dois salários mínimos congelados até 2016. Rebaixou, apenas para os educadores, os percentuais de promoção e progressão na antiga carreira; aboliu, para a maioria, o direito a férias-prêmio, depois de ter reduzido, apenas para os educadores, de três para dois meses o tempo que supostamente estes poderiam usufruir o suposto direito - com quase 10 anos de carreira e já tendo direito a férias-prêmio publicado no Diário Oficial, fui informado pela secretaria da escola que só depois de 2020 eu teria uma remota possibilidade de usufruir tal direito, situação aliás comum à maioria dos educadores mineiros.
Minas usou todo o seu aparato estatal - governo, legislativo, judiciário, ministério público, e incluindo a imprensa, que é parte integrante da dominação de classe da mesma elite que detém o poder do estado em Minas e no Brasil - para destruir a carreira dos educadores, e com isso, sucatear a própria Educação pública no ensino básico. Os educadores de Minas estão fora da Lei do Piso nacional, não têm carreira, estão divididos por políticas deliberadas do governo; e tiveram praticamente todos os seus direitos cassados por uma política de estado criminosa - sim, meus caros, quando se destrói deliberadamente uma carreira como a dos educadores comete-se crime contra milhares de pessoas que dependem do ensino público de qualidade para saírem da situação de miséria em que se encontram.