Aliado ao protecionismo, Brasil tenta comandar OMC.

A batalha entre Brasil e México pelo comando de uma das mais importantes organizações internacionais — a Organização Mundial de Comércio (OMC) — está se revelando mais complicada do que o governo brasileiro previu. A União Europeia (UE), que detém 30% do comércio mundial, teria decidido ontem secretamente apoiar em bloco o candidato do México, Herminio Blanco, contra o do Brasil, Roberto Azevêdo.
 
O nome do vencedor poderá ser conhecido hoje. Ontem, em Genebra, reinava o suspense total. Na votação interna da UE, o candidato mexicano teria vencido a preferência por apenas dois votos de diferença — 15 contra 13 a favor do mexicano. O que mostra o continente profundamente dividido.
 
Quem mais capitaneou os votos a favor do mexicano foram os dois países que têm parceria estratégica com o Brasil – Reino Unido e França – além da Alemanha, a maior potência europeia.
Fontes do governo brasileiro disseram que o resultado já era previsto: o Brasil já não contava com os votos dos europeus. Entre os europeus que apoiaram o Brasil estariam Portugal, Espanha, Itália, Bulgária, Eslovênia, România e Holanda.
 
Brasil teria apoio dos países dos Brics
Sem o apoio dos europeus na disputa pelo comando da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil poderá ficar sem o apoio dos dois grandes blocos econômicos, se os Estados Unidos também se alinharem, como esperado, com o candidato do México. E isso, na OMC, tem peso.
 
Os americanos estão silenciosos desde o início da disputa. Mas na OMC muitos sabem: Blanco, economista com doutorado na Universidade de Chicago e ex-ministro do Comércio, foi um dos negociadores chaves na época da criação do Nafta, o bloco de comércio que une EUA, México e Canadá. E foi ele quem foi ao Congresso americano convencer os parlamentares de que o Nafta era também um bom negócio para os EUA.
 
Nas contas do Brasil, Roberto Azevêdo — diplomata especialista em questões comerciais que, desde 2008, é embaixador do Brasil na OMC — teria o apoio dos Brics — o bloco dos grandes emergentes que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Azevêdo também teria muito apoio na África, Ásia, América Latina e Oriente Médio.
 
Azevêdo precisa de 80 votos
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ontem que está confiante na vitória de Azevêdo. Para conseguir vencer o mexicano Herminio Blanco, Azevêdo precisa de 80 votos, que corresponde à maioria de um total de 159 países associados. Mas na OMC não é só número de votos que conta : o candidato tem que ter apoio em todas as regiões.
 
— Não é o caso de entrarmos em muita especulação, porque é um momento sensível o final desse processo de seleção, que tem suas peculiaridades. Não é uma votação aberta, como por exemplo na Assembleia Geral da ONU. Aguardamos com confiança, pois o candidato brasileiro tem todas as qualificações para fazer um excelente trabalho à frente da OMC. Aliás, isso é universalmente reconhecido — disse Patriota.
 
A disputa na OMC não é apenas entre dois países. O que está em jogo são duas visões do comércio internacional. Os mais liberais, que querem abrir portas do comércio mundial e quebrar barreiras a qualquer custo, tenderiam a se alinhar com o México. Já os desenvolvimentistas, que acham que liberalização do comércio sozinho não funciona, que estariam mais alinhadas com a visão do Brasil. (O Globo)

2 comentários

Despetralhando mod

Estão querendo botar um “progressista tupiniquim” para fazer o que é melhor para essa corja de alienados que condenam o Nafta e cheiram naftalina.

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Texto de RA resume muito bem a posição deste brasileiro na OMC:

UM BRASILEIRO NA OMC: O MUNDO APLAUDE A NOSSA INCOMPETÊNCIA PORQUE ISSO LHE É IRRELEVANTE!
(...)
Azevêdo na OMC significa que o resto do mundo aplaude a nossa incompetência. Até porque os EUA, a União Europeia, a China, o Canadá, o Chile e o Peru continuarão a fazer os seus acordos bilaterais, independentemente do evangelho de Azevêdo. Poderão até declarar o Brasil campeão moral do multilateralismo, mas continuarão mesmo a ganhar dinheiro com o bilateralismo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/um-brasileiro-na-omc-o-mundo-aplaude-a-nossa-incompetencia-porque-isso-lhe-e-irrelevante/

Chris/SP

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