No país em que a presidente fala "estrupo" em discurso, qualquer erro é "rasoavel".

Recentemente, em cerimônia para mulheres no Planalto, Dilma lascou um "estrupo". Ninguém registrou, ninguém criticou, mas está no youtube. Agora leiam o que acontece no ENEM.
 
“Rasoavel”, “enchergar”, “trousse”. Esses são alguns dos erros de grafia encontrados em redações que receberam nota 1.000 no Exame Nacional de Ensino Médio 2012 (Enem). Durante um mês, O GLOBO recebeu mais de 30 textos enviados por candidatos que atingiram a pontuação máxima, com a comprovação das notas pelo Ministério da Educação (MEC) e a confirmação pelas universidades federais em que os estudantes foram aprovados. Além desses absurdos na língua portuguesa, várias redações continham graves problemas de concordância verbal, acentuação e pontuação.
 
Apesar de seguirem a proposta do tema “A imigração para o Brasil no século XXI”, os textos não respeitavam a primeira das cinco competências avaliadas pelos corretores: “demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita”. Cada competência tem a pontuação máxima de 200 pontos. Segundo o “Guia do participante: a redação no Enem 2012”, produzido pelo MEC, os 200 pontos na competência 1 são atingidos apenas se “o participante demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentando pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita. (...) Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal, excluem a redação da pontuação mais alta”.
 
O manual aponta, entre os desvios mais graves, erros de grafia, acentuação e pontuação. Na mesma redação em que figura a grafia “rasoavel”, palavras como “indivíduos”, “saúde”, “geográfica” e “necessário” aparecem sem acento. E ao menos dois períodos terminam sem o ponto final. Em outro texto recebido pelo GLOBO, aparecem problemas de concordância verbal, como nos trechos “Essas providências, no entanto, não deve (sic) ser expulsão” e “os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é (sic)”. O mesmo candidato, equivocadamente, conjuga no plural o verbo haver no sentido de existir em duas ocasiões: “É fundamental que hajam (sic) debates” e “de modo que não hajam (sic) diferenças”.
 
Uma terceira redação nota 1.000 apresenta a grafia “enchergar”, além de problema de concordância nominal no trecho “o movimento migratório para o Brasil advém de necessidades básicas de alguns cidadãos, e, portanto, deve ser compreendida (sic)”. Em outro texto, além da palavra “trousse”, há ausência de acento circunflexo em “recebê-los” e uso impróprio da forma “porque” na pergunta “Porém, porque (sic) essa população escolheu o Brasil?”.
 
Pós-doutor em Linguística Aplicada e professor da UFRJ e da Uerj, Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto diz que essas redações não deveriam receber a pontuação máxima. — A atribuição injusta do conceito máximo a quem não teve o mérito estimula a popularização do uso da língua portuguesa, impedindo nossos alunos de falar, ler e escrever reconhecendo suas variedades linguísticas. Além disso, provoca a formação de profissionais incapazes de se comunicar, em níveis profissional e pessoal, e de decodificar o próprio sistema da língua portuguesa — aponta Moraes Neto.
 
Claudio Cezar Henriques, professor titular de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da Uerj, reitera que, ao ingressar na universidade, esses alunos terão de se ajustar às normas da língua de prestígio acadêmico se quiserem se tornar profissionais capacitados. Ele observa que a banca corretora não usa o termo “erro”, mas “desvio”, algo que, segundo ele, é “eufemismo da moda”. — A demagogia política anda de braço dado com a demagogia linguística. É preciso lembrar que as avaliações oficiais julgam os alunos, mas também julgam o sistema de ensino. Na vida real, redações como essas jamais tirariam nota máxima, pois contêm erros que a sociedade não aceita. Afinal, pareceres, relatórios, artigos científicos, livros e matérias de jornal que contiverem esses desvios/erros colocarão em risco o emprego de revisores, pesquisadores e jornalistas, não é? — ele indaga.
 
Logo que o MEC liberou a consulta ao espelho da redação, em fevereiro, o site do GLOBO publicou uma reportagem pedindo que estudantes enviassem redações com nota 1.000, junto com seus comprovantes. O objetivo era expor os bons exemplos no site. Porém, ao ler as redações, a equipe percebeu erros gritantes em várias dissertações. Foram enviadas ao MEC, então, quatro delas. Para não expor os alunos, os textos foram digitados, e as informações pessoais (nome, CPF e número de inscrição), omitidas. O GLOBO perguntou se os desvios não desrespeitavam os critérios estabelecidos pelo manual do MEC, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) alegou que não comenta redações: “por respeito aos participantes, a vista pedagógica é dada especificamente a quem prestou o exame”.
 
Segundo o Inep, “uma redação nota 1.000 deve ser sempre um excelente texto, mesmo que apresente alguns desvios em cada competência avaliada. A tolerância deve-se à consideração, e isto é relevante do ponto de vista pedagógico, de ser o participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em processo de letramento na transição para o nível superior”.
 
Sobre os critérios usados na correção da redação do Enem 2012, estabelecidos pela coordenação pedagógica do exame, a cargo de professores doutores em Linguística da Universidade de Brasília (UnB), o Inep informa que a análise do texto é feita como um todo. Segundo a nota, “um texto pode apresentar eventuais erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”. ( O Globo)

14 comentários

Tá indo muito mal a "Escolinha do Prof. Mercadante" !


Chris/SP

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Coronel experimenta entrar nos blog's de esporte e frequente a parte dos comentários. Qualquer cidadão minimamente alfabetizado vai ficar escandalizado. Antigamente se a criança não chegasse ao 1º ano com uma boa noção de alfabetização não entrava hoje eles toleram isto (não saber ler e escrever) até quase todos os 4 primeiros anos fundamentais. Está um salve-se quem puder e cada vez mais latente aquela paródia popular "Fala português nois fala, o que interessa é o deploma".

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Ailton Benedito mod

Prezado,

Por essas e outras, a sociedade tem direito de saber quem são os examinadores/corretores de provas do Enem.

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É está me parecendo que o supercoxinha (huindadd) deixou sua marca intransferível e que o irrevogável para não varia deixou tudo como estava.
`SI” voçça governANTA vive extrupando nossa língua portuguesa diuturnamente e a “noite também”, porque noz aqui nozeneis não pudemos ter unzerrinho atoa “quinem” o daquele livru qui diz que agente peguemos os peche...(, . : ? ! ;)

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Cel
Eis algumas das pérolas do ENEM:
"Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar".
""Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o srneamento dos pobres. Me pre´-ocupa o avanço regressivo da violência urbana."
("sarneamento" deve ser o conjunto de medidas adotadas por Sarney no Maranhão.Qquer dizer, eu "axo", mas não me "pré-ocupo" muito).
Esther

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Coronel, Vc não percebeu a sutileza do universo Dilma. A palavra estrupo existe, sim. Significa estrondo, ruído forte. No caso, Dilma se referia aos casos em que o tarado pega a mulher no grito. Ela não é mesmo um estrupício?

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Coronel
Infelizmente meu ex-marido ficou desempregado e tivemos que colocar meu filho numa escola publica no taboa da Serra..ele está no 1º ano do ensino médio..é o seguinte:

OS PROFESSORES SÓ FALTAM!
NA SEMANA PASSADA ELE SAIU NA 3ª AULA TODOS OS DIAS !
QUASE 2 MESES DE AULA E ELE SÓ TEVE 3 AULAS DE HISTORIA E O PROFESSOR SABE O QUE ELE DEU? UM TRABALHO SOBRE A "ILHA DAS FLORES" ONDE EXISTEM PORCOS E PESSOAS DISPUTANDO COMIDA NUM LIXAO!!!!! O CARA SÓ FALA NO CHE QUERVARA!!!NADA DE HISTORIA SÓ PAPO DE DESIGUALDADE SOCIAL!

A PROFESSORA DE BIOLOGIA NAO SABE FALAR!

A PROFESSORA DE MATEMATICA DEU UMA MATERIA RIDICULA DE PERTENCE E NAO PERTENCE, MATERIA DE PRÉ-PRIMARIO !!

ATÉ HJ NAO CHEGARAM AS APOSTILAS!
AONDE IREMOS CHEGAR DESSE JEITO?
MEU FILHO É SUPER INTELIGENTE, PRATICAMENTE APRENDEU INGLES SOZINHO E NAO QUER NEM MAIS IR A AULA...PRA QUE?? NAO ESTA APRENDENDO NADA!

SERA QUE PROFESSORES, DIRETORES DE ESCOLA PUBLICA GANHAM TAO MAL ASSIM?
PASSE NA PORTA DE UMA ESCOLA E DE UMA OLHADA NA GARAGEM ...SÓ CARRO NOVO! SÓ CARRO BOM
EU, NEM CARRO TENHO!


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Processo de letramento em trânsição ao nível superior e blablablá = somos incompetentes mesmo!

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Estranho é a Rede Globo fazer alarde desse fato onde no Jornal Nacional há pérolas como "é amanhã a reunião","meterologia", "banco do carona", "faltou luz e o metrô parou" e outras pérolas.
Eu não sabia que o metrô é movido a luz e que sou carona quando a minha esposa dirige o meu carro.

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"de ser o participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em processo de letramento na transição para o nível superior”.

Oi?! Chamou o aluno SUPOSTAMENTE pronto para entrar numa universidade de analfabeto ou é impressão?

Depois de ver uma professora socialista achar normal e melhor que uma colega não socialista dissesse que ia ficar calada ao invés de expresar sua opinião e que é melhor ser roubado pelo BB "porque é banco público"... tá valendo.


Ese aí é o "controle merdia do social"

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No longínquo ano de 1958, após intensa preparação, prestei exame de admissão para o conceituado Liceu de Humanidades de Campos. Realizando provas escritas e orais de Português, Matemática, História e Geografia, logrei a aprovação e me lembro de ir orgulhoso, junto com meu pai, verificar a listagem dos aprovados, no suntuoso hall daquela tradicional instituição de Campos dos Goytacazes. Ingressava no ensino médio.

Férias! Minha família foi para a praia de Atafona, no município ali vizinho. Mas o meu pai, zeloso pelo meu aprendizado, conduziu diariamente um exercício que consistia de um ditado com palavras grafadas com s, c, ç, x. z, ch etc. Evidentemente eu não gostava nada da atividade, mas em compensação, isto me foi útil pelo resto da minha vida, posto que devia copiar aquelas que eu houvesse errado.

Quando leio na edição do jornal de hoje a quantidade de erros absurdos cometidos e, o que é pior, as tentativas de tapar o sol com a peneira preocupa-me sobremodo o futuro da educaçãono nosso país.

“A tolerância deve-se à definição... um egresso do ensino médio, ainda em processo de letramento na transição para o ensino superior.” Como é que é? O ensino superior é que fará o letramento (horrível) do aluno?

E, tudo isto é considerado só desvio? Deve ser por este motivo que o ex-ministro da educação considerou normal uma cartilha que ensinava, entre outras coisas, que nós pega o peixe é tolerável. E foi eleito prefeito da maior cidade do país. Socorro!

Senhores pais, professores, responsáveis: ensinem a norma culta!

Marco Antonio Esteves Balbi

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Vindo da Globo os reparos são mesmo risíveis.
Eles editam uma livro chamado "Manual de Redação", feito por um ex-grandão da Globo e do Jornalismo. No manual está bem claro que o certo é 'hora' de Brasília, como sendo a hora legal, oficial. No entanto...Tirando Ilze Scamparini, todos usam 'horário de Brasília, de Paris, etc. Na mesma toada usam 'horário de verão', quando o certo é 'hora brasileira de verão'. Mas pedir que jornalistas leiam os decretos que já vêm desdes os anos 30, sempre instituindo as datas da HORA DE VERÃO, é querer mais do que podem dar.

Nem vamos anotar as pérolas como "o dia amanheceu"[sem o correspondente 'a noite anoiteceu'],'uma Ferrari','uma BMW',etc. Vai que resolvam demitir todos os analfabetos funcionais de todas as redações? Vai ser desemprego em massa, não?

Por isso quem é esperto nunca se mete a ser professor de português. Pode ser de qualquer coisa como Educação Artística, Educação
Física, afinal, nenhum exame pede nada de tais coisas, não precisam mostrar excelência em avaliações. Jamais cobram que alunos saiam de escolas, incluindo as privadas, sabendo tocar piano, violão, flauta. Nem mesmo pandeiro. Idem para esportes, nada de cobrar que alunos tenham ao menos índices olímpicos em algum esporte.

Napoleão Mendes de Almeida é que tinha razão.

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Caro Coronel, sou totalmente antipetralha, mas, desta vez, tenho de dizer que a presidenta-governanta-incompetenta tem razão (provavelmente, sem querer, pois duvido que ela saiba). A palavra "estrupo" consta no VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), assim como "estupro", sendo ambas as formas admitidas no português brasileiro.

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Ao anônimo de 18 de março de 2013 08:45

Antes fosse só nos blogs de esportes que o brasileiro escrevesse comentários em português ruim. Em todo lugar se percebe a dificuldade no manejo do idioma e a cada dia se nota a generalização de novos erros. Veja só:

Quando eu era estudante (faz muito tempo) lembro que todos tinham dúvidas quanto às exceções da crase, mas a regra geral todo mundo conhecia bem. Hoje nem mais a regra se sabe, crase se coloca em todas as letras “a” da frase, inclusive as que estão diante de verbos ou de palavra masculina;

Verbo haver indicando tempo decorrido (há três meses) é quase sempre escrito sem o “h”; em compensação a expressão “nada a ver” acaba virando “nada haver”, o que prova que os estudantes estão escrevendo de orelhada;

“Sob” é confundido com “sobre”, um e outro são usados indistintamente;

Contração de objeto direto não se usa mais – ninguém mais quer “pegá-la”, todo mundo “pega ela”, e por aí vai.

Aliás, é muito otimismo do INEP considerar que o estudante do ensino médio aperfeiçoa seu “letramento” ao ingressar no ensino superior. No meu trabalho pedi a uma estagiária que mandasse e-mail cobrando resposta de um ofício que havia sido enviado e levei um susto ao ler um texto de cinco linhas simplesmente ininteligível. Se isto ocorre na área do Direito, em que o uso correto da linguagem é fundamental, imagine quanto ao resto.

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