Na primeira sessão presidida pelo relator do processo do mensalão,
Joaquim Barbosa, o STF (Supremo Tribunal Federal) definiu ontem que o
ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato cumprirá pena de 12
anos e 7 meses de prisão, em regime inicialmente fechado. Ele havia sido condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de
dinheiro, sob a acusação de ter recebido propina em troca de permitir o
desvio de R$ 76 milhões para o esquema.
A transação se daria por por meio de contratos de publicidade firmados
com as agências de publicidade do operador do mensalão, o empresário
Marcos Valério. Os ministros entenderam que Pizzolato, à época ligado ao PT, recebeu R$ 326 mil para permitir a fraude. "Henrique Pizzolato transformou a diretoria de Marketing do Banco do
Brasil em central chanceladora de ilicitudes", disse Barbosa.
Segundo entendimento do Supremo, esse dinheiro foi utilizado para a
compra de parlamentares com o objetivo de garantir aprovação de projetos
de interesse do governo Lula no Congresso. Em entrevista à Folha, Pizzolato havia afirmado que a acusação é "fantasiosa" e que ele está sendo "injustiçado, execrado e amaldiçoado".
Seu advogado, Marthius Lobato, apresentou na sessão de ontem uma questão de ordem com base em reportagem da Folha
que informou que está em andamento na Justiça Federal de primeira
instância um inquérito para investigar se outros diretores do BB
participaram dos desvios que abasteceram o valerioduto. O advogado pediu que o inquérito fosse levado em conta, uma vez que
poderia mostrar que o réu não agiu sozinho. Barbosa negou o pedido
alegando que essa apuração não deve interferir no caso do mensalão.
Após 47 sessões de julgamento -que começou em 2 de agosto-, o Supremo está na fase de definir as penas dos 25 réus condenados. Até agora, 16 tiveram suas punições anunciadas pelos ministros. Além de Pizzolato, o Supremo decidiu ontem as penas de outros cinco
réus, que intermediaram ou facilitaram a entrega dos recursos do esquema
a deputados. Ao analisar a situação do ex-tesoureiro do PL (atual PR), Jacinto Lamas,
que recebeu uma pena de 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de
dinheiro, o ministro Celso de Mello afirmou que Lamas ajudou a
viabilizar o projeto criminoso de seu então chefe, Valdemar Costa Neto.
"Jacinto Lamas contribuiu para que o deputado Valdemar empregasse seu
mandato parlamentar para obter somas milionárias em espécie degradando a
agremiação partidária que pertence". O tribunal também definiu ontem a situação do advogado Rogério
Tolentino, do núcleo publicitário comandado por Marcos Valério. Ele teve
pena de 8 anos e 11 meses.(Folha de São Paulo)
3 comentários
Pizzolato usou o mesmo esquema dos velhos tempos da prefeitura de Santo André para transformar os ativos em moeda de distribuição disfarçada, conforme consta antigas CPIs que exaustivamente exploraram o tema , providencialmente relegados alguns conteúdos incômodos , a fim de não requentar assuntos cujas figuras centrais exercem cada vez mais, poder de mando com mão de ferro, inclusive sobre a presidência...
ReplySe o Brasil fosse um país sério esses mensaleiros teriam pego no mínimo uns 20 até 30 anos de prisão! Se fosse seríssimo mesmo, seria prisão perpétua. Mas como é o Brasil, até quando são punidos pegam penas leves.
ReplyQuem é que vai devolver esse granório todo? Tem que botar o JD pra quebrar pedra e pagar o prejuízo causado à nação!!!
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