A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu
ontem que houve fraude e simulação em empréstimos concedidos pelo Banco
Rural a réus do mensalão e decidiu pela condenação dos dois principais
gestores do banco à época. Os recursos obtidos pelas empresas de Marcos Valério de Souza e pelo
diretório nacional do PT foram depois usados para pagar parlamentares,
diz a acusação. Em 2003, o banco concedeu, em valores da época, R$ 29 milhões ao grupo empresarial de Valério e R$ 3 milhões ao comando do PT. Segundo a acusação, o dinheiro privado representou uma cortina de fumaça
para encobrir o desvio de recursos públicos para o esquema.
Os ministros apontaram que os empréstimos foram renovados sucessivas
vezes sem pagamento e sem garantias, em desacordo com normas bancárias. O julgamento foi suspenso quando seis ministros (Joaquim Barbosa,
Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia)
já haviam votado pela condenação da ex-presidente do Rural Kátia Rabello
e do ex-vice-presidente José Roberto Salgado. O crime pelo qual os dois foram condenados é o de gestão fraudulenta de
instituição financeira, cuja pena varia de três a 12 anos de reclusão.
Os outros quatro ministros deverão votar na sessão de hoje.
Ontem, Cármen Lúcia disse que ficou comprovada no processo a ruptura de normas do Banco Central e do Rural. "A gestão fraudulenta é emprestar a essas empresas [de Valério] o que
não seriam, na verdade, empréstimos verdadeiros", disse. Para Fux, o
Rural foi uma "verdadeira lavanderia de dinheiro" que cometeu "gestão
tenebrosa".
Rosa Weber abordou a estratégia da defesa dos réus de dizer que as
concessões foram autorizadas pelo ex-vice-presidente José Dumont, morto
em 2004. "Eu observo que esses crimes, ou essas irregularidades, iniciaram em 2003 mas prosseguiram no ano de 2004 e mesmo de 2005". Toffoli afirmou que "houve vontade consciente de dolo" em relação aos empréstimos concedidos.
Cinco ministros também condenaram outro executivo do banco, Vinícius
Samarane, e cinco absolveram a ex-vice-presidente Ayanna Tenório. Os
ministros entenderam que ela, ao assinar a renovação de dois
empréstimos, não sabia do que se tratava, "não era do ramo". Lewandowski
afirmou que Ayanna agiu com "candura". Joaquim Barbosa rebateu a
expressão, dizendo que ela ocupava cargo de relevo no banco.(Folha de São Paulo)
3 comentários
Joaquim Barbosa está certo.
ReplySó que só não acharam que foi ingenuidade alegar pagamento de conta de TV a cabo, como justificativa para receber R$ 50 mil.
ReplyO que estão esperando para prender os maiores de todos?!!
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