Na disputa pelo PSD, e com ele os pouco mais de dois minutos no
horário eleitoral gratuito, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à
reeleição em belo Horizonte, venceu o primeiro round. O juiz diretor
do Foro Eleitoral da capital, Rogério Alves Coutinho, concedeu ontem
liminar para suspender os efeitos da intervenção feita pelo presidente
nacional do PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Com isso,
fica validada a convenção municipal do partido que decidiu pela aliança
com o PSB. A coligação de Patrus Ananias (PT) pode recorrer.
O
partido de Kassab havia sido registrado duplamente no Tribunal Regional
Eleitoral, constando tanto da chapa de Lacerda como na do adversário do
PT, o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus
Ananias. A divergência ocorre porque, apesar de o Diretório Municipal
ter decidido e registrado o apoio ao socialista, o presidente nacional
do PSD instituiu uma comissão interventora formada por três deputados
federais e o presidente estadual da legenda, Paulo Simão, e ela cancelou
a convenção de 23 de junho, estabelecendo a coligação com Patrus e
acabando com a união para a chapa de vereadores com o PPS, ficando com
uma única candidatura para a Câmara Municipal.
Na argumentação, o juiz entende que não
há notícia de falhas na convenção municipal que pudesse justificar a
intervenção e que a decisão foi tomada de forma atabalhoada,
prejudicando inclusive a chapa de vereadores. Considera ainda que as
mudanças políticas ou quebras de acordo “não permitem a alteração da
soberana vontade dos convencionais reunidos em 23 de junho, sem o
devido processo legal, ou seja, com a convocação de outra convenção
para tratar especificamente deste assunto”. O magistrado cita o
estatuto do partido, que delega à instância municipal a prerrogativa de
decidir sobre as alianças eleitorais.
A liminar atende a ação apresentada pelo secretário de estado de Gestão Metropolitana e secretário do PSD de BH, Alexandre Silveira, na sexta-feira, impugnando a participação do PSD na chapa de Patrus Ananias. No documento, assinado pelos demais integrantes da comissão provisória do partido na capital, ele alegou truculência e violência da intervenção nacional. O secretário arrolou a vice-presidente nacional da legenda, senadora Kátia Abreu, que segundo ele testemunharia que a Executiva Nacional não deliberou sobre a situação de Belo Horizonte, ou seja, teria sido uma decisão somente de Kassab.
Alexandre Silveira afirmou que a decisão do TRE, embora do ponto de vista jurídico não seja uma surpresa, restabelece a democracia e a liberdade de escolha do partido em Minas e em Belo Horizonte. Segundo ele, ela é uma contribuição para que o comando nacional do PSD reflita a partir de agora como os rumos da legenda devem ser conduzidos: “A construção de um partido é feita a partir da base, que deve ter sua voz respeitada. E, em Minas, havíamos decidido pelo apoio a um projeto vitorioso, que é administração do prefeito Marcio Lacerda.”
Para uma ala do PSD mineiro, a articulação para tirar o partido da chapa de Lacerda viria de Brasília, por uma pressão da presidente Dilma Rousseff (PT) para garantir apoio ao seu partido, e de São Paulo, onde Kassab atenderia ao aliado José Serra (PSDB), candidato a prefeito que disputaria com o senador Aécio Neves a indicação dos tucanos para concorrer à Presidência em 2014. Tal medida teria o intuito de enfraquecer Aécio.
O racha no
partido criado com a intervenção levou o vice-presidente nacional
Roberto Brant a se desfiliar. Alegando descontentamento com a
interferência de Kassab, o político deixou os quadros do PSD dias
depois da intervenção.
1 comentários:
Com essa decisão, Kassab estragou os planos de Aécio Neves rumo ao Palácio do Planalto, pois no pacote de apoio ao petista Patrus Ananias na capital mineira está a promessa de endossar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. Pode parecer que essa manobra prejudicou sobremaneira os projetos do PSDB, mas nesta manobra tem outro projeto por trás, só que frequenta os bastidores da política sabe!
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