Apareceu o Sérgio Guerra.

Em defesa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), a cúpula tucana acusou nesta terça-feira (17) o PT de promover uma ação orquestrada na CPI do Cachoeira para tirar do foco o julgamento do mensalão. Com ataques ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse que Perillo tem o apoio de todo o partido para não ser reconvocado. "Não tem investigação na CPI. O objetivo é criar uma cortina de fumaça para esconder o óbvio. Em 30 dias, petistas vão ser investigados por formação de quadrilha depois de 7 anos por causa do mensalão", afirmou Guerra. 

O presidente do PSDB disse que Perillo explicou ao partido "todas as questões levantadas contra ele até agora", e por isso o partido considera desnecessário que retorne à CPI. "Não venham para cima dele com investigações furadas que não vão nos atingir", afirmou Guerra. Além do presidente do PSDB, outras lideranças tucanas convocaram entrevistas para fazer um desagravo a Perillo. Com planilhas nas mãos, os tucanos mostraram números do crescimento do repasse de recursos do governo federal para a empreiteira Delta. O partido sustenta que os principais beneficiados são o PR e o PMDB, aliados do governo federal, seguidos pelo PT. 

O PSDB, segundo o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), teria uma fatia de R$ 500 milhões nos oito Estados governados pelo partido. Segundo o senador, do total de R$ 7,445 bilhões repassados pelo governo federal à Delta entre 2003 e 2011, o PR recebeu 45,6% do total --seguido pelo PMDB com 18,12% e o PT, com 17,44%. O PSDB aparece, segundo o líder, em quarto lugar com o percentual de 6,7%. O tucano disse que a liderança do PR no repasse de verbas se explica pela sua presença no DNIT e no Ministério dos Transportes, e do PMDB por estar no governo no Rio de Janeiro --que deteria 20% do total dos recursos repassados à Delta. 

"Um terço de tudo que o Estado pagou à empresa foi no período eleitoral. No segundo semestre de 2010, R$ 180 milhões para Delta", disse Dias em referência ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Com duras críticas ao PT, Guerra também acusou o partido de mirar a oposição numa "tentativa desesperada" de reverter o quadro negativo das eleições municipais de outubro. "Houve uma operação de guerra do PT nos últimos 30 dias. Implicou na invasão em Belo Horizonte, numa intervenção equivocada no Recife. Todo o esforço foi feito para tentar recuperar alguma iniciativa eleitoral desse partido, porque o trabalho dele em SP não deu em nada."

Os tucanos acusam a CPI do Cachoeira de realizar um "bloqueio" para poupar o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, assim como Cabral e outros aliados do governo federal. "Foram ouvidas 52% das testemunhas ligadas ao governador Marconi e 19% das pessoas ligadas à organização criminosa. O que o PT pretende é direcionar a CPI para o governador Marconi tirando a Delta do foco", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). 

As críticas do tucano têm como alvo, em especial, o vice-presidente da CPI do Cachoeira, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). O petista defendeu o indiciamento de Perillo, o que irritou a cúpula do PSDB. "Quando o vice-presidente da CPI usurpa funções do relator, mais do que assumir juízo de valor, mostra o grau de decisão político-partidária na apuração desse episódio", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE).(Folha Poder)