PT e PMDB blindam Cavendish para esconder corrupção no PAC.

Não demorou muito para se dissipar a expectativa positiva de que a CPI do Cachoeira poderia resultar em algum avanço no combate à corrupção. Às críticas à noticiada intenção do governo e partidos alinhados de limitar as investigações sobre a teia montada pelo contraventor goiano nos três poderes, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), reagiu com veemência. Em artigo publicado no GLOBO, garantiu que as investigações seriam as necessárias para desvendar as relações (de Cachoeira) "com esferas de governo e seus mandatários, parlamentares, corporações empresariais e funcionários de tais corporações".

A promessa, porém, não será cumprida na primeira fase da CPI, definida na semana passada. As atenções estarão voltadas apenas à atuação do esquema na Região Centro-Oeste. Cachoeira está na relação dos depoentes, mas dela não consta um elo que parece chave no esquema, Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, ligada à máfia de Cachoeira.

Há indícios de que Congresso e Executivo temem um depoimento franco de Cavendish. Afinal, alguém que diz, em conversa gravada, que põe milhões de reais nas mãos de político para conseguir o que quer deve ter sido protagonista de muitas cenas picantes nos bastidores das finanças da baixa política. Também por ter sido a Delta a maior empreiteira do PAC, o empresário frequentou com assiduidade gabinetes brasilienses. 

Talvez pelo bom relacionamento no poder, o empreiteiro tenha recebido o tratamento VIP de ter sua construtora absorvida pela holding J&S, beneficiária de crédito subsidiado do BNDES, acionista da principal empresa do grupo, o frigorífico JBS. A investigação sobre Cavendish se justifica pela conexão entre ele e Cachoeira, por meio de remessas milionárias para empresas laranjas do contraventor. Nenhum governador consta dos depoimentos desta fase da CPI, nem Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, localizado no Centro-Oeste. 

Já Sérgio Cabral continua um assunto fora de pauta, pois, até agora, não surgiu qualquer evidência de operações suspeitas da dupla Cachoeira/empreiteiro com o governo fluminense. Por enquanto, o que há são registros da amizade do governador com Cavendish. Se novos fatos surgirem, que se convoque Cabral, assim como precisam ser chamados Perillo e Agnelo Queiroz (PT-DF).

A preocupação com o que pode revelar Fernando Cavendish parece ter arrefecido até mesmo os radicais do PT, interessados em manipular a CPI para constranger a imprensa profissional e dar um troco em "Veja", pelas reportagens sobre corrupção com o envolvimento de militantes graduados da legenda. E como também o PMDB não aceita participar desta aventura, ao lado de Collor, outro interessado, por razões conhecidas, a investir contra a imprensa, a manobra parece se frustrar. Assim como a tentativa de criar embaraços ao procurador-geral Roberto Gurgel, por ser ele quem encaminhará a denúncia contra os mensaleiros no STF.

O fracasso de tentativas de uso espúrio da CPI merece comemoração. Mas, infelizmente, ela pode frustrar quem a considerava chance rara de se mapear a infiltração de um braço do crime organizado no Estado. Os temores parecem tantos que há o risco de um acordão para tratar o escândalo como um caso regional. Será lamentável. (Editorial de O Globo intitulado Temor de Políticos ameaça a CPI)

6 comentários

A que ponto estamos anestesiados pela corrupção EPIDÊMICA que grassa no Brasil desde 2003...

A BLINDAGEM da DELTA e a sua venda (uma construtora!) para um frigorífico e a clara e mais que evidente manipulação da CPI do Cachoeira (que já chegou até em sarney)tem como propósito uma única coisa:

DESVINCULAR A EMPREITEIRA DO PAC À SUA MÃE...

... só isso.

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Cel.

PT está se borrando todo com medo de um provável depoimento de Fernando Cavendish.

Seria uma excelente oportunidade para lavar o Brasil de norte a sul de tanta corrupção.

CONTA TUDO CAVENDISH!

Chris/SP

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No mundo do crime, um ladrão não entrega outro. Simples.

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Assistindo na TV Senado no dia de ontem, na tribuna o Senador Pedro Simon, foi aparteado pelo Senador Cristovão Buarque que apresentou uma proposta que eu gostei.

Sugeriu ele, que o Cachaceiro-vagabundo, idealizador da CPMi, determine aos petistas e aos aliados, que apurem tudo (duela a quem duela, conforme Collor), já que é uma proposta sua. Se não o fizer, estará em jogo sua reputação, se é que ele tem.

Agora Lula, a bola é sua, faça o gol que os Brasileiros honestos estão esperando, determine uma apuração ampla, geral e irrestrita.

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Cuidado que também há digitais do Serra/ASTOM/Paulo Preto nesta Cavernadish!!!!

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Desde o mensalão, nada é tão sórdido quanto este caso.

É escandaloso ver o circo que se armou com essa CPI! De quê adiantou se efetivamente eles não vão apurar porcaria nenhuma!

Essa CPI foi criada para fazer mangação da cara do brasileiro? Para "inqueritar" o quanto o brasileiro está anestesiado com essa corrupção sem fim?

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