Artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, intitulado "Carta Aberta a Aécio Neves"
Prezado senador Aécio,
Foi com prazer que li o seu artigo "Coragem", publicado nesta Folha no
dia 23 de abril. Ele traz merecidos elogios à privatização das
telecomunicações no governo FHC. Percebo que o senhor, assim como os seus colegas tucanos, animou-se ao
ver os adversários petistas aderirem a métodos de gestão que antes
combatiam. Entretanto, o senhor e os outros tucanos devem à opinião pública uma
descida do largo muro ideológico em que se abrigam. Vocês são, afinal, a
favor de maior privatização na economia brasileira ou não?
Se as "restrições ideológicas à privatização são, hoje, página virada na
história do país", por que os governadores tucanos resistem em
privatizar as empresas estatais de Minas Gerais, São Paulo e Paraná? Veja que coincidência: seus companheiros Antônio Anastasia, Geraldo
Alckmin e Beto Richa controlam as maiores companhias estatais estaduais
de capital aberto do país. Minas tem a Cemig (energia elétrica) e a Copasa (saneamento), duas
megacompanhias. Alckmin comanda as análogas Cesp e a Sabesp, ambas com
patrimônio líquido de cerca de R$ 10 bilhões. Nos mesmos setores, Richa
tem a Copel e a Sanepar. Essas seis empresas são negócios maduros, consolidados, adultos, que não
mais demandam a proteção de ventre, os cuidados maternos.
Onde está "a coragem para fazer o que precisa ser feito", alegada pelo senhor no seu texto? Tais empresas já têm ações negociadas em Bolsa. Mas existem profundas
incompatibilidades na existência de companhias ao mesmo tempo estatais e
com capital aberto. Empresas privadas têm como objetivo maximizar os lucros de seus
acionistas. O alvo maior de companhias públicas é exercer metas
governamentais. Isso cria incongruências. Há exemplos bem atuais disso.
A Petrobras é um. Importa derivados a preços mais caros do que os
revende no país. Outro exemplo: bancos públicos usados para forçar a
baixa dos "spreads". Essas atitudes obedecem a políticas de governo, não
ao interesse dos acionistas. Mas não se preocupe, senador. O saneamento dos lares não ficaria à mercê
de ganhos exagerados. Uma sólida regulação cuidaria do tema. Não esqueça também que a busca do lucro e a competição são as molas da
eficiência, como se verifica no setor de telecomunicações, tão bem
enfatizada pelo senhor.
Senador, está mais do que na hora de o PSDB oferecer ao Brasil um
segundo salto de modernização da economia, tanto quanto fez com as
privatizações dos anos 1990. E veja o senhor que, naquela época, por causa da fraqueza do mercado de
ações brasileiro, não foi possível dispersar o capital das empresas
privatizadas. O mesmo não se pode dizer dos dias de hoje. A Bolsa está
pujante como, o senhor me perdoe a citação, "nunca antes na história
deste país".
Os sucessos alcançados nos 1990 com a siderurgia, os bancos estaduais, a
Vale e as telecomunicações podem ser multiplicados, alterando
visceralmente a feição do saneamento básico no país pela criação de
megaempresas nacionais de capital aberto, competitivas e não
monopolistas. Basta que o senhor e os seus colegas governadores do PSDB transformem as
poderosas estatais que comandam em autênticas "corporations",
vendendo-as ao público investidor. O controle pode ser difuso, como é o
da Embraer.
(Comentário: Agora a parte humoristica )
(Comentário: Agora a parte humoristica )
Por sua influência e posição, senador, o senhor deveria liderar naturalmente tal processo.
6 comentários
Cel
ReplyAécio Silverio vai responder que a pátria dele é Minas e que não é a favor nem contra as privatizações feitas por FHC e os governos PT.
Que Aécio morra no Leblon com a mucosa nasal cheia de pó branco.
Átila
Coronel,
ReplyEsse Brasil esta precisando de gente com coragem: Chamem a Katia Abreu!!! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
JulioK
As perguntas melhores seriam:
Reply1) por que a Petrobras não é estatizada?
2) por que as empesas, cujos nomes sempre terminam com "X", não são estatizadas?
E aliás, a situação atual da economia brasileira, lembra o Encilhamento de Rui Barbosa, mesmo.
Que maldade do historiador com o pozinho. Pedir a um tucano (e que tucano, ademais mineiro e que faz frente política com socialistas e petralhas) que desça do muro e diga com clareza o que defende é pior do que torturá-lo. Aliás, já é a própria tortura.
ReplyMas como pozinho é um cínico como político e pândego como pessoa, vai vir, se responder, com o lero-lero de que depende, precisa ver as circunstâncias, existem áreas que são fundamentais para o Estado, é questão de analisar caso a caso, enfim, as mesmas baboseiras petralhas para defender a não privatização e ocupar, resistir e não produzir com os companheiros aboletados às pencas nas estatais.
Pozinho é só um petralha que não saiu do cavalo de tróia.
O Traécio perdeu a chance de ficar quietinho. Além de mexer num assunto antigo, não tem coragem de por em prática o que prega ou cobra. Se tivesse coragem incluiria as privatizações na sua suposta campanha à presidencia (caso passe nas prévias).
ReplyAchei muito desonesto este artigo. O autor deve saber decorado que desde o início do processo de privatização, ficou claro que não se mexeria nos monopólios naturais, pois o grande argumento era o de fomentar a concorrência, queira ou não, aconteceu no caso das teles e das mineradoreas.
ReplyCláudio Ramos
Brasília