Foram duas horas de um espetáculo chocho e sem graça, a não ser pela bela Fernanda Lima. O palco brega, na forma de uma bola de futebol giratória, representou uma economia e tanto para a Rede Globo, que ganhou R$ 30 milhões de Sérgio Cabral, governador do Rio, para promover o espetáculo.Nada lembrou nem mesmo a criatividade dos carnavalescos cariocas, muito menos uma entrega de Oscar. Um evento simbólico, que bem representa a roubalheira que acontecerá na Copa do Mundo no Brasil.
O Ministério do Turismo estima em 600.000 turistas a vistação ao país durante a Copa 2014. Já a respeitada FGV afirma que a média de gastos de cada visitante será de R$ 11,4 mil. Assim temos o bolo da Copa: R$ 6,8 bilhões. Jogando uma carga tributária de 40% sobre o valor, o governo federal, estadual e municipal arrecadarão R$ 2,7 bilhões. Este é o retorno efetivo que o evento deixará para o caixa do estado brasileiro, para os cofres públicos que pagam a conta. Porque é assim que governos devem avaliar investimentos, no retorno efetivo que trazem para a sociedade.
Hoje uma
matéria publicada pelo Estadão afirma que a Copa do Mundo abrirá extraordinárias oportunidades em negócios para as empresas. Entre aspas!Em vermelho! Em negrito!
"Daqui até julho de 2014, os preparativos para receber os jogos e o fluxo de turistas no País renderão à economia brasileira R$ 142,39 bilhões." O estudo é da mesma respeitável FGV, feito a pedido do Sebrae.
Acontece que a FGV é suspeitíssima para fazer este tipo de estudo, pois está faturando alto com a Copa 2014. Só por um contrato para prestação de serviço de apoio técnico e pedagógico, gestão, monitoramento e avaliação "Programa Bem Receber Copa" está recebendo R$ 3.600.000,00. Já para prestação de serviços de monitoramento de projetos para a realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo FIFA de 2014, está recebendo mais R$ 10.000.000,00. E para prestação de serviços de planejamento, orçamentação, seleção e acompanhamento da execução de estudos voltados para implantação do Sistema Nacional de Controle de Acesso e Monitoramento de Torcedores em Estádios de Futebol integrantes do Projeto Torcida Legal está recebendo outros R$ 4 milhões. Toda a vez que você ouvir falar em FGV e em estudos sobre a Copa do Mundo, releve e desconsidere. Ela não tem isenção para validar qualquer dado.Ela está sendo paga exatamente para isso.
Na verdade, temos uma conta que não fecha. O que a descarada FGV está afirmando é que para cada R$ 1 que o turista vai gastar no Brasil, estamos investindo R$ 20 em ações as mais diversas para recebê-lo. É o que dá dividir R$ 142,4 bilhões por R$ 6,8 bilhões. Estamos ou não estamos diante de um grande chute, o maior chute da história, utilizando a mesma expressão batida e safada que a nossa presidente usou na cerimônia de hoje?
O revoltante é que em apenas estádios de futebol, completamente desnecessários,serão enterrados R$ 5,7 bilhões. À base de BNDES, isenções e futuros calotes, configurando-se em dinheiro público, com toda a certeza. Outros R$ 11,4 bilhões estão destinados para obras de mobilidade urbana, que poderiam ser muito melhor aplicados se fossem para atender trabalhador que demora duas horas para ir ou voltar para a casa, todos os dias, em vez de dar comodidade para turista eventual.
A oposição é covarde. Se uma porra de um destes institutos Teotônio Vilela ou Tancredo Neves que comem 40% da verba partidária tivesse feito uma pesquisa para saber o que o povo pensa da Copa do Mundo no Brasil, teria transformado uma campanha de esclarecimento séria, honesta e decente em um grande trunfo para vencer as eleições em 2014. No entanto, Kassab e Alckmin preferiram dar isenção e botar dinheiro no estádio do Corinthians, dirigido por um mafioso corrupto. Mais adiante pagarão um sério preço por isto. Quer dizer: eles não perderão nada mais do que uma eleição. Quem pagará a conta, somos nós.