PSD desnorteou a imprensa.

Parecia tão impossível criar um partido em seis meses que a imprensa deitou e rolou. Quando não assumiu o discurso ostensivo e ofensivo do DEM, internalizou o discurso silencioso dos tucanos, acostumados a municiar seus arautos com informações por debaixo do pano. 

Assim foi lá em 2004, quando Serra queria um tal Alexandre para vice e Alckmin queria um tal Lars, fazendo com que ambos se filiassem ao então PFL, com quem o PSDB estava comprometido a entregar o lugar de vice na chapa à Prefeitura de São Paulo. Falou mais alto o bastão de Jorge Bornhausen, um dos maiores gênios da política brasileira, que cacifou o nome de Kassab. O mundo desabou sobre a cabeça do pefelê. Tucanos alimentaram a imprensa durante semanas e também a campanha de Marta com mentiras e difamações para que o nome de Kassab fosse queimado antes de ser oficializado. Discípulo de Bornhausen, Kassab não tem queixo de vidro como os tucanos. Venceu a parada e virou o maior e mais fiel aliado do PSDB em todos os tempos. De Serra teve reconhecimento futuro, apesar de uma relação inicial tumultuada. De Alckmin há um ressentimento pela derrota que a ele aplicou em 2008, mesmo que Kassab tenha sido decisivo para a eleição do chuchu de Pindamonhangaba em 2010, em primeiro turno.

Quem observar com isenção, vai ver que tudo de ruim que é dito sobre o PSD está posto, pelos jornalistas, para o tempo futuro. Nestes seis meses, nada do que a imprensa propalou aconteceu. Absolutamente nada. O novo partido nasceu independente, foi declarado de centro, não fechou questão a favor do governo em nenhuma votação, não está envolvido em nenhuma "boquinha", enfim, está fazendo o que os partidos políticos deixaram de fazer: política. E gostem ou não gostem, Kassab está dando um banho de competência, formando em seis meses o terceiro maior partido do país. A imprensa tucana diz que o PSD começa onde o PMDB acaba, sugerindo fisiologismo. A imprensa petista também alimenta um suposto governismo e adesismo, pois isto é útil para as suas teses. Ambos atacam a falta de ideologia e de programa, como se algum partido primasse por isso, especialmente o PT com as suas "trocentas" correntes e o PSDB em eterna luta fratricida. Se estes partidos tivessem alguma ideologia que não seja a luta pelo poder, por que tanta diferença interna? 

A verdade é que o jornalismo político criou uma patrulha contra o PSD que chega a ser vergonhosa pela falta de isenção, de respeito à democracia, de profissionalismo: hoje, nenhum jornalista (exceção do Bosco do Estadão) pode falar bem do PSD e enxergar nele um papel relevante, se cumprir os 12 pontos do seu manifesto, no futuro do país. A imprensa brasileira está baseando tudo o que publica em cima de futurologia, pois sempre torceu o nariz contra Kassab. Este Blog cansou de dizer que a imprensa abraçou a tese errada. Vai morrer abraçada com ela.

Para ver como são as coisas: Henrique Meirelles, lá atrás, só não foi para o PFL por veto de Ronaldo Caiado (DEM-GO). Caiado continua mortinho no DEM, destilando o mesmo discursinho iracundo de sempre. Meirelles virou uma figura de projeção nacional, um nome e tanto para qualquer cargo, filiando-se ao PSD. 

Este Blog não tem partido. Sempre apoiou o DEM do Bornhausen, do Colombo, do Kassab, da poderosa e competente Kátia Abreu. Sempre apoiou o PSDB do Serra. E, dentro desta coerência, apoiou veementemente o direito do PSD ser criado.  O DEM acabou, já era, virou o nosso PSTU, apenas gritaria, histerismo politico, tempo de TV e fundo partidário loteado entre caciques. O PSDB caminha para ser um partido mais regional do que nunca. Acabou em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Ceará e  nunca foi em meia dúzia de estados. Sobrevive apenas no eixo Rio-Minas, com alguma possibilidade de futuro no Paraná. O PSD é algo de novo no ar, mesmo que a imprensa tucana e petista tente vender algo velho. No fundo, é a imprensa brasileira que envelheceu.