O editorial da Folha de São Paulo.

O desfecho do caso Antonio Palocci se deu como quase todos esperavam: sai o ministro que teve seu patrimônio multiplicado por 20 em quatro anos como deputado e, depois, coordenador da campanha de Dilma Rousseff. O que ninguém contava era que causasse tanto prejuízo, em tão pouco tempo, à autoridade da presidente. Transcorreram 24 dias entre a publicação da reportagem sobre os bens do ministro, nesta Folha, e sua demissão. No breve período, Dilma cometeu pelo menos dois erros graves.

O primeiro deles foi a demora em tomar a decisão. Não se admite, de um ponto de vista moral, que o ministro mais poderoso da República carregue para o coração do Planalto tamanha brecha de vulnerabilidade e oculte da presidente -para não falar do público- a extensão e a natureza dos negócios de sua firma. Palocci, afinal, já passara por constrangimento ético comparável ao participar da quebra de sigilo de um caseiro quando era ministro da Fazenda do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Foi, na época, sacrificado a contragosto pelo presidente, que viria a reabilitá-lo como homem forte do governo de sua sucessora.

O segundo deslize de Dilma foi a aceitação passiva, se não a busca ansiosa, dessa tutela. O mentor não é personagem desprovido de argúcia a ponto de deixar passar em branco oportunidade de voltar tão cedo à cena política. O desembarque de Lula em Brasília, na semana retrasada, foi o ponto mais baixo até aqui da Presidência Dilma Rousseff, por patentear a disposição de partilhar a autoridade de que havia sido investida pelo voto popular.

O que nas primeiras semanas era motivo para elogios -um estilo mais discreto de governar, com atenção para os detalhes da coordenação gerencial não raro negligenciados por Lula, e certa firmeza no trato com demandas fisiológicas do próprio PT e de sócios na base de apoio parlamentar- revelou-se uma fraqueza. Antes mesmo de inteirar cinco meses em palácio, a presidente colheu a derrota estrondosa do Código Florestal.

As tentativas de manter Palocci no cargo só faziam aumentar a fragilidade de Dilma. Após orquestrar o revés na Câmara dos Deputados, o PMDB -partido do vice-presidente, Michel Temer- credenciou-se como "garantia da governabilidade". Poucos grupos são tão exímios no manuseio da chantagem como arma política.Dilma acertou em não utilizar o novo pretexto para prolongar a crise oferecido pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que espera ser confirmado no cargo e não viu justificativa para investigar Palocci, divergindo de tantos. Tardiamente, mas acertou. Agora, sobra-lhe a tarefa nada trivial de provar-se mais independente de Lula do que dá mostra o desfavorável balanço do episódio.

7 comentários

Thyrson Silveira mod

Existe paraíso melhor para bandidos do que o Brasil??!!?
Aqui é tudo muito simples: rouba milhões, é exonerado do cargo e sai rico. Maravilha!!! Como faço pra ter uma vaguinha no governo do PT?!?!

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E para os brasileiros , uma coisa inédita, não presvista na Constituição, o BIPresidencialismo.
De gênero.
Uma muié i um hómi guvernano sem pará ...

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Que vergonha, dona dilma! Pensei que vc fosse mais firme em suas decisões, que tivesse mais personalidade. Aceitar a tutela de seu ex? Vergonha, vergonha...

Lucia

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O lula defendeu estes porquinho, para que nao abrisse a boca e contasse quem e o chefe da quadrilha, imagina so quando o lula nao pegou do dinheiro da campanha, se ate agora o Palocci declarou 20 milhoes, isto e so a ponta do iceberg, o CORONEL deve continuar investigando e denunciando para que esta quadrilha pare de assaltar o Brasil, que vergonha lula.

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Coronel,
belo dia aquí neste planalto de Piratininga.Sol e frio!Me gusta!
Então,Coronel,que coisa,não?Este Pallocci então é o cara!Pense comigo:locupletou-se de dinheiro de campanha,e sai,livre e solto.Só isto,já é um encorajamento e tanto pra muita gente em terra brasilis.Muitos por aquí gostam da esperteza!(Óbviamente,para MUITOS de nós,isto é mais uma vez a evidencia de um estado fraco e corrupto).Mas,POR QUE os petistas outros não se rebelaram?Não existe a menor evidencia de que ele,o mefistófoles ambulante vá "rachar" a grana com partido ou membros do partido.Então,ele se locupleta,o partido é posto em guarda para blindá-lo,e assim,ele vai embora? Sim,existia o medo de que ele se apertado fosse falar...daí,é cobra venenosa de diferentes categorias.(jararaca versus cascavel)...Mas acho que não.Ele não demonstra ser bandido manso que nem o Delúbio.Este é mais refinado.
Bom,esperemos pela continuação de toda esta obra bufa.Mas,uma certeza temos:esta classe de políticos do PT é burra,muito burra,pra começar.Fazem o que o molusco manda.Aliás,outro que usa e abusa do dindim e, joga migalhas...Gente mentecapta.

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Coronel, a FOLHA DE SÃO PAULO é jornal ou pasquim do governo?
Tira este folhetim da categoria de jornais, FOLHA NÃO É DIGNA NEM PARA LIMPAR A BUNDA.

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Para mim o prejuízo começou quando elle foi colocado lá como ministro. Nunca na historia dessepaiz um presidente colocou em um cargo de importância uma pessoa conhecidamente conhecida por quebrar sigilo bancário e está intimamente ligado com todo tipo de caso de corrupção. Quem com porco se mistura farelo come! Mas como painho mandou....

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