Na festa de FHC, quem brilhou foi Dilma.

"Reconhecer o peso da biografia de FHC não é apenas uma demonstração de honestidade, mas um gesto de sapiência política" - Editorial de O Globo. 

A frase acima é apenas uma das tantas referências elogiosas feitas pela mídia e pelo mais alto tucanato à cartinha enviada por Dilma Rousseff para Fernando Henrique Cardoso, em homenagem aos seus 80 anos. Aliás, haveria unanimidade nos elogios para Dilma não fosse a crítica fora de tom e de hora de José Serra, defendendo FHC que, ao contrário, adorou o mimo, declarando-se "bastante sensibilizado" e "extremamente feliz".   O que deveria ter sido tomado pelo PSDB como um simples gesto de gentileza foi transformado em fato político, colocando Dilma Rousseff como a mais importante convidada de uma festa de aniversário onde estavam Tony Blair, Bill Clinton, Kofi Anan e outras personagens globais. Dilma entrou pelos fundos na festa de FHC e arrasou.

O conteúdo da carta de Dilma, tão valorizado, não tem a mínima importância, pois serve apenas para apagar um discurso antigo, que já ganhou as eleições que deveriam ser ganhas pelo PT. Aliás, a derrota na última não teve nada a ver com lembrar ou não o tal legado FHC, de quem a metade dos eleitores não lembra.  E da metade que lembra no mínimo a metade odeia. A última eleição foi vencida pela Bolsa Família, pela Minha Casa, Minha Vida, pelo PAC, pelo uso ostensivo e corrupto da máquina pública, pela presença criminosa de um presidente da República burlando todas as leis e pela falta de um projeto de país por parte da oposição, envolvida em traições e mediocridades.

A verdade é que lendo os jornais e ouvindo os políticos sobre o episódio, Dilma aparece pairando acima dos fatos, valseando nas nuvens com Fernando Henrique Cardoso, muito além das picuinhas e do diz-que-me-diz-que da turma do gargarejo, longe daquele pessoal arroz de festa tão comum nos grandes acontecimentos sociais. Era para ser um simples cartão de aniversário. O PSDB conseguiu transformar em peça de campanha eleitoral para uma Dilma terna, carinhosa, gentil e generosa. Os tucanos deram um valor exagerado para o gesto. E isso tem um peso político muito maior do que reconhecer méritos sobre um passado que o eleitor nem lembra mais. Dilma, ao elogiar FHC, elogiou a si mesma. Com isso, roubou a festa.
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Comentando os comentários...

Se alguém tivesse que achar falso ou oportunista o que Dilma disse, não deveria ser o próprio Fernando Henrique Cardoso? Achou? Pelo contrário. Ele, o maior prejudicado nestes anos todos, declarou-se "sensibilizado". Anda que é só elogios e só defesas para Dilma. Claro, está defendendo o seu "legado". O seu legado pessoal, resgatando a sua imagem, pedalando e andando para a reles política.