Temer tem "respeito político" por Dilma. E diz que reunião com Lula foi "proveitosa".

Entrevista com Michel Temer, publicada hoje em O Globo, feita pelo colunista Jorge Bastos Moreno: 

A crise entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer quebrou várias regras elementares da política e, pelo menos, uma do jornalismo, curiosamente, a fundamental - a definição do que é notícia. Coube ao mestre Luiz Garcia a mais resumida delas: “Notícia é a quebra da rotina”. Pois bem, um ato mais do que rotineiro no dia a dia de Brasília, e que se banalizou nas gestões FH e Lula, está sendo divulgado, pelas duas partes, como o fato mais solene que marcará a reconciliação entre Dilma e seu sucessor imediato: a foto da transmissão de cargo hoje de manhã, na Base Aérea, de onde ela embarca para uma viagem ao Uruguai. Ato normalmente restrito ao público interno, e que vem se tornando dispensável justamente pela rotina em que se transformou, será aberto à imprensa, com direito a fotos e imagens. Com direito, não. Com a exigência. - Fotos, muitas fotos e imagens - pediu um assessor palaciano, ao organizar o evento.

Quem quiser poderá transmitir ao vivo os abraços sorridentes da reconciliação. A antinotícia fala por si, mas não resolve a crise política. Notícia seria, sim, se, na reunião de Dilma com a bancada do PMDB no Senado, nesta quarta-feira, estivessem os nove dissidentes do partido, principalmente o ícone deles, o senador Jarbas Vasconcelos (PE). Era o que prometia Michel Temer. Mas no início da noite de ontem, o senador pernambucano avisou que não estará presente porque trata-se de uma encontro da presidente Dilma com a base de apoio no Senado, e ele não integra o grupo.

Em entrevista ao GLOBO, na qual tenta esclarecer a sua briga com o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, Temer nega ter usado a expressão “ministério de merda!”, em referência à pasta da Agricultura, ocupada pelo seu afilhado político Wagner Rossi - o primeiro a quem Palocci ameaçou de demissão, em represália à votação do Código Florestal com anistia para desmatadores.

ÁSPERA

Michel Temer reconhece, porém, que a conversa foi áspera. Quem a testemunhou, também, o ministro Moreira Franco, confirma: “O Michel, realmente, não usou palavrão, mas, se usasse, teria sido menos grave do que o que realmente disse, educadamente”. Eis a entrevista.

O GLOBO: O senhor teve várias conversas ásperas com o ministro Antônio Palocci num intervalo de 24 horas, que terminaram com um encontro no qual ele pediu desculpas. O senhor poderia historiar este incidente, esclarecendo a causa ou as causas?
MICHEL TEMER: Na verdade, o que houve foi uma conversa num tom mais elevado. Nada mais do que isso. Tanto que logo mais nos entendemos.

P: O senhor é conhecido também por ser um dos políticos mais educados e pacientes do país. Por isso todos estranharam o fato de, numa dessas conversas, o senhor ter usado a expressão “ministério de merda”, referindo-se à pasta ocupada pelo seu afilhado político, Wagner Rossi. Quem ouviu a conversa ouviu mal?
R: Ouviu muito mal. E foi maldoso ao dar a informação. Você sabe que eu não uso expressões dessa natureza em hipótese alguma. Ademais, o Ministério da Agricultura é importantíssimo para o desenvolvimento do país. 

P: A passagem do ex-presidente Lula por Brasília agitou o meio político. Foi proveitosa?
R: Foi muito proveitosa. Ele conversou com várias lideranças, ouviu e fez sugestões. Estive com ele na reunião com o presidente Sarney e os líderes do Senado.

P: Falta articulação política ao governo? Não seria também essa uma das funções do vice-presidente da República, que conhece o Congresso como poucos?
R: Não creio que falte articulação política. Muitas vezes há necessidade de ajustes, que são feitos paulatinamente. Quando sou convocado, colaboro na relação com o Congresso Nacional. O caso típico foi o do salário-mínimo, tema importante para o Governo.

P: O senhor, nesta semana, conseguiu um feito extraordinário: unir todas as correntes do PMDB. Foi o instinto de sobrevivência que falou mais alto? Ou é apenas uma trégua?
R: Desde muito tempo tenho buscado a unidade absoluta do PMDB, que vem sendo obtida com a colaboração de todos os peemedebistas.

P: Como está a sua relação com a presidente Dilma Rousseff?
R: Excelente e com muito respeito político.

P: Nesta segunda-feira, o senhor brinda no Palácio Jaburu a união do PMDB. E, na quarta, tem o encontro da bancada do Senado com a presidente da República. O senhor vai convidar os dissidentes?
R: Em busca da unidade, não falamos em dissidentes. São todos colegas e estarão comigo, nesta segunda-feira, debatendo os rumos do partido. Na quarta, o convite é da presidente Dilma à bancada do Senado Federal. Todos.

P: Como o senhor avalia o resultado da votação do Código Florestal? Foi derrota do governo?
R: Não. Foi uma decisão da Câmara dos Deputados. Mas há, ainda, um longo caminho a percorrer. Passará pelo Senado Federal e, afinal, pela apreciação da Senhora Presidente da República, para sanção ou veto.

COM DILMA
Antes de embarcar, a presidente Dilma Rousseff terá um encontro reservado com o vice-presidente, Michel Temer, na Base Aérea de Brasília. Será o primeiro encontro com o vice depois do enfrentamento dele com o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, quando este transmitiu ao peemedebista a ameaça de demitir o ministro da Agricultura se o PMDB não desistisse de aprovar a anistia a desmatadores no Código Florestal. Segundo interlocutores do Planalto, neste primeiro encontro os dois “vão tirar a pintura de guerra”, ou seja, tentarão apaziguar os ânimos entre governo e PMDB . A estratégia é ambos aparecerem sorridentes na passagem do cargo.

4 comentários

O Lula, a Dilma e o PT acharam que tinham arrumado outro José Alencar, para lhes dar apoio e sustentação e principalmente a eleição da presidente. Ledo engano. O que surpreende é que a aliança não durou nem 5 meses, pois alguém duvida, que daqui para frente a coisa vai ferver para valer?

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Coronel, o filósofo e matemático, Georg Christoph Lichtenberg, nascido em Ober Ramstadt, Alemanha, em 1742, naquele tempo já dizia: "QUANDO OS QUE MANDAM PERDEM A VERGONHA, OS QUE OBEDECEM PERDEM O RESPEITO". Taí um Brasil com todas essas características de vagabundagem.
João Ballarin/Sorocaba/SP

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Temer é político, macaco velho. Ele nunca fala o que realmente pensa. Já vi que a foto, publicada lá no alto, com o poste, nada teve de sorrisos na Base Aérea de Brasilia.


Chris/SP

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só aparencias nada mais

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