As chaves do cofre bilionário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão nas mãos de dois gigantes estatais e um punhado de grupos privados que nos últimos anos se associaram a projetos de interesse do governo. Levantamento feito pela Folha com base nas operações divulgadas pelo banco revela que a Petrobras, a Eletrobras e dez grupos privados ficaram com 57% dos R$ 168 bilhões destinados a transações contratadas de 2008 até junho deste ano. Entre os mais favorecidos pela instituição estão as três maiores construtoras do país, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht, que controlam investimentos em diversos outros setores da economia, a mineradora Vale, o grupo Votorantim e o frigorífico JBS. Além dos repasses que receberam diretamente do banco, alguns grupos foram beneficiados também como sócios de empreendimentos na área de infraestrutura e de companhias de outros grupos que conseguiram empréstimos da instituição. O BNDES é acusado de favorecimento de grandes grupos com amigos em Brasília em detrimento de concorrentes e dos consumidores. Principal fonte de financiamento de longo prazo disponível no país, o BNDES virou objeto de controvérsia por causa da expansão acelerada que sua carteira sofreu com a crise financeira internacional, quando o governo decidiu reforçar os cofres dos bancos públicos para combater a recessão. O BNDES recebeu R$ 180 bilhões. Como o Tesouro pagou juros elevados para levantar esses recursos e o banco cobra de seus clientes taxas inferiores às praticadas no mercado, a operação tem custo alto para a sociedade, hoje difícil de calcular.
LIMITE
Ao turbinar o BNDES, o governo também permitiu que ele ampliasse sua exposição a grandes grupos. De acordo com as normas do sistema financeiro, o banco pode emprestar até R$ 13 bilhões para empresas de um mesmo conglomerado. Há um ano, o limite era de R$ 10 bilhões. Em 2008, o governo autorizou o banco a ignorar esse limite no caso da Petrobras, que desde então recebeu R$ 29 bilhões do BNDES. A operadora de telefonia Oi, controlada pela Andrade Gutierrez e pelo grupo La Fonte, conseguiu R$ 7,6 bilhões.Empresas como a Petrobras e a Vale têm ações negociadas em Bolsa e acesso a outras fontes de financiamento. Os críticos do BNDES dizem que elas teriam condições de obter capital em condições razoáveis mesmo se o banco fechasse as portas. "O BNDES trava o desenvolvimento do mercado de capitais no país", diz a economista Ana Novaes, da consultoria Galanto e conselheira de duas empresas com acesso ao cofre da instituição. "Ninguém pode competir com as taxas oferecidas pelo banco e por isso ele fica com os melhores clientes."
4 comentários
Em qualquer país civilizado seria considerado um escândalo. No Brasil, a conivência da imprensa chapa branca aliada à ignorância do eleitorado e a uma classe política corrupta, resulta em uma política de desenvolvimento que só beneficia os detentores do poder político.
ReplyFico surpresa ao ver que um escândalo desses, que já é do conhecimento de muitos, não causa indignação. As pessoas que deviam tomar providências (alô MP!) parece que viraram zumbis! Nesse caso do BNDES, o juro para as empresas escolhidas é baixo, mas advinha quem paga a diferença? E se essa é uma política de governo, porque não é impessoal? Por que esse "pros mesmos de sempre"?
ReplyVamos procurar na relação de doadores para a campanha da bandidagem-petista, se consta uma dessas empresas beneficiadas.
ReplyCom certeza, TÔDAS!
Até o Antonio Erminio de Moraes,se vendeu ao governo dos petralhas.Predeu totalmente a independência como líder empresarial e crítico do governo.Meus pesâmes a um empresario tido como sério.Só falta declarar o voto na terrorista...
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