Nada mais empolgante na produção de conhecimento do que a quebra de paradigmas. O paradigma que modela as mentes tacanhas do marketing político brasileiro, quando o assunto é sucessão presidencial, é o da "continuidade ou mudança". Para a imprensa rápida e rasteira, então, nada mais adequado para que laudas e mais laudas da mais pura besteiragem sejam escritas. Afinal de contas, tudo cabe dentro do falso dilema, tipo "amor e ódio", "ser ou não ser", uma beleza. E a gente é obrigado a ouvir e ler dez vezes por dia: "se o eleitor quiser continuidade, ganha Dilma; se quiser mudança, ganha Serra". Quanto reducionismo. Poderiam analisar, por exemplo, o fato de que esta eleição será o final de uma era Lula que durou trinta anos. Neste período, teve gente que sempre votou no Lula, que nunca votou no Lula, que votou uma vez e não votou mais no Lula ou que só uma vez não votou no Lula. Ele sempre foi um protagonista importante do embate eleitoral. O fim da era Lula muda completamente qualquer análise do tipo "continuidade ou mudança", pois isto já torna a eleição um momento de "mudança". Ou alguém acha que o eleitor vai pensar que Dilma é a "continuidade" de Lula? Só porque Lula afirma isso? O que está aparecendo nas pesquisas sérias é que, por menos que o Lula queira e por mais que coloque a máquina pública a lutar contra, ele já é carta fora do baralho e o povo começa a entender isto com naturalidade. Aliás, o fato já aparece nas pesquisas espontâneas, onde Lula é citado depois de Serra e Dilma como candidato escolhido. Sem contar que os 30% da Dilma x os 80% do Lula é um fato incontestável de que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Na última eleição, o povo atendeu ao chamado do "deixa o homem trabalhar". Agora chegou a hora do "deixa o homem descansar", pois o eleitor tem noção de tempo e espaço, sim. Quanto mais Lula insistir em impor a sua secretária, mais desconfiança irá gerar no eleitor. Quanto mais Lula afirmar que vai continuar influenciando o governo, mais suspeitas irá despertar no eleitor de que alguma coisa vai mal com a sua boneca. Quanto mais Lula quiser impor medo atacando um homem público da estatura de um José Serra, mais comparação irá gerar dele com a ex-terrorista. Quanto mais Lula quiser posar de Messias a indicar o seu Pedro, a pedra sobre a qual construirei a minha igreja, mais ridículo isto irá soar para o eleitor, pois a tese não se sustenta na realidade chamada Dilma. Lula só tem 80% de popularidade porque trouxe para si, exclusivamente para si, todas as vitórias, transferindo para os aloprados, mensaleiros e quadrilheiros do PT os seus muitos "não sabia". Não é agora que vai transferir tal capital pessoal para uma estranha, com um passado obscuro e um currículo paupérrimo. Esta eleição tem componentes muito mais profundos do que o falso dilema da "continuidade ou mudança". Não serão os sociólogos, jornalistas e mutreteiros que vão engambelar o eleitor com este "bem-me-quer, mal-me-quer" tosco, obtuso e velho, com esta visão analógica em plena era digital. Lula vai chegar no seu outubro sendo o que é: um presidente em fim de carreira, que teve a sua oportunidade e que agora tem mais é que ir assar o seu coelhinho em São Bernardo do Campo. O embate é entre José Serra e Dilma Rousseff, sem que nenhum deles represente "continuidade" ou "mudança", mas sim duas propostas muito diferentes para o futuro do Brasil. O eleitor já começou a mandar os recados de que entendeu o novo contexto muito antes dos especialistas de plantão. O candidato que acertar o que o eleitor quer mudar e o que ele quer que continue igual ganhará a eleição. Viram como é fácil montar um falso paradigma?
14 comentários
Coronel:
ReplyDesta vez o Lula tem toda a razão!!!
Ele não sabia mesmo...que a Dilmasiada (ruim) era tão ruim assim...como ele pensa q é o Rei Midas (isso aí) pensou q olhando para ela ele estaria reeleito para o 3o mandato!!! alem do mais ele não sabia pq ele não sabe mesmo distinguir...a não ser qdo quer levar vantagem em alguma coisa..ou seja foi calculista demais, esperto demais e agora tudo se volta contra ele..os fatos, as pesquisas (bem feitas) a natureza, o própio PT (q precisa se desfazer dele para sobreviver...)os politicos sanguessugas...e nós o povo q ja encheu o saco de salvadores da patria!
Justiça seja feita Lula não sabia q a dilma era tão ruim a ssim!!!
poderia ser um belo slogan de campanha não é!!
abraços e ja começamos bem a campanha vitoriosa para arrancar o lulismo daí!!!
APA
Faço um adendo ao seu post, Coronel:
ReplyNão se pode subestimar a capacidade do povão, que, realmente, é desprovido de consciência política, de voltar a eleger o Mulla em 2014. Nunca se esqueça que o Mulla é político profissional. Ele, enquanto viver (que seja por pouco tempo!), continuará sendo uma sombra negra e presente na vida pública brasileira. Continuará sendo uma espécie de paizão do povo ignorante e dependente do auxílio estatal. Por mau ou por bem, ele sabe capitalizar sobre si a imagem do "salvador da pátria". Vencendo o Serra a próxima eleição, o Mulla jogará toda a torcida contrária sobre o novo presidente, apostando no "quanto pior, melhor", como sempre fez. O futuro presidente, Serra, precisará ser um presidente acima da média, quase perfeito, para não corrermos o risco da volta dos stalinistas-farofeiros ao poder. Isso sem contar que a CUT, MST, sindicatos, etc., farão de tudo para atrapalhar a nova gestão. Não se esqueça também que a herança de Estado que o Mulla estará deixando para o futuro governo é horrível. É um Estado super inchado, quase um elefante, e deficiente. Nossa infra-estrutura está aos frangalhos.
Por mais que eu torça pelo Serra, sei que o seu futuro governo será como estar constantemente pisando em cascas de ovos.
Cel, o eleitor nao quer mudar nada, o braZil esta PERFEITO! Soh vc nao enxerga.......
ReplyNo futuro governo Serra ele terá que investir forte em educação pois esta é a melhor maneira de quebrar a força de Lula e do pt,que se alimentam da ignorância e da miseria da população. Ajudár o povo a ter consciencia é o melhor caminho e, claro, dar condições para que a cidadania predomine, com a devidapromoção social da população. Isso vai quebrar a espinha dorsal do lulismo.
ReplyExcelente texto, Coronel.
ReplyEssas análises que querem fazer da eleição um embate entre o bem (continuidade) e o mal (mudança) são incentivadas pelo PT, a quem interessa a eleição plebiscitária. Em geral, os jornalistas adotam-nas porque são petistas, ou porque não têm capacidade intelectual para se abstrair e pensar de outra forma.
ReplyA lengalenga que mais se ouve é que, como o governo Lula tem grande aprovação, o povo quer continuidade, e, por isso, vai votar em Lula, isto é, Dilma. Eles acham que a pergunta “você aprova o governo?” tem o mesmo peso da pergunta “quem você quer para presidente?” É como se alguém que acha um restaurante “bom”, ou “bonzinho”, fosse ainda escolhê-lo se pudesse, pelo mesmo preço, jantar no Fasano.
Outro erro crasso é isolar a variável “aprovação de governo” no tempo, de hoje até a data da eleição, como se ela não estivesse sujeita a outras variáveis que interagem com ela. Exemplo: Serra terá, obrigatoriamente, que mostrar os problemas do governo de Lula para fazer sua campanha – que a infra-estrutura aos cacos freia o crescimento da economia e do emprego, ou que o descalabro fiscal impede a queda dos juros e o aumento do crédito e por aí vai. Essa variável e outras deverão ter impacto sobre a popularidade de Lula até a data da eleição.
O fato é que, assim como a Dilma, falta conteúdo a esses analistas políticos. Mas, para alguns analistas, os petistas, a posse de maior conteúdo não alteraria a tendência da análise.
Ajba.
Parabéns Coronel!
ReplySua análise é perfeita. Belíssimo contraponto.
Abraços e vamos em frente!
Airo Zamoner
Considerei excelente sua análise, Sr. Coturno. Ao final, até pensei que era o falso dil(e)ma, ele, ele por trás. Mas, de qualquer forma, é isso aí mesmo.
ReplyO que fazer, então? Que cada um de nós, acompanhantes de V. Sa. de Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, nos engajemos o mais integralmente possível para a consecução do estabelecimento do que podemos chamar de Nova Política Nacional.
Um dos comentaristas que me antecederam destacou a necessidade de investimento maciço, real, na área da educação. Exemplo: sem educação clara como impingir ao nosso povo o respeito ao nosso hino nacional? Como podemos dançar o hino nacional ao som de um berimbau?
Temos seis meses para avançarmos para essa vitória que queremos. Eu não quero minha casa invadida, por isso estou, também, como o Sr., de corpo, alma e cabeça empenhados nessa eleição.
Coronel, o Noblat é um bobalhão. Foi patética sua intenção de favorecer a candidatura Dilma O mote das próximas eleições não será da continuidade ou mudança, será da competência ou da falta dela para governar o país. E neste aspecto, José Serra ganha de lavada.
ReplyCristina
Excelente artigo Cel. parabéns, este negócio de candidato de mudança e não mudança é pura balela, quando o Lulla assumiu era o candidato da mudança e ele mudou o que? nada, manteve a mesma política econômica do governo anterior,se beneficiou da ascensão da economia global e foi passear pelo mundo as custas de nós contribuintes.
ReplyO Plano Real que foi implantado na gestão do Itamar Franco tendo a frente o FHC é que foi a grande mudança criando o alicerce para o Brasil se inserir nas grandes economias do mundo.
É preciso mudar sim, mas mudar conceitos, como por exemplo, o Brasil parar de doar bilhões de dolares como o Lulla faz frequentemente a Países de ditadores em detrimento a nós Brasileiros e reduzir o alto grau de corrupção patrocinado por este governo.
Que o próximo governo e espero que seja do Serra porque a Dilma Mentira não tem condições de representar o Brasil, seja um governo voltado para a ética que foi destruida pelo Lulla e invista maciçamente na educação, saúde, segurança e infraestrutura e faça as reformas políticas e tributaria que tanto o País precisa.
Por onde se puxe o fio da meada da escolha de Dilma se chega a DG.
ReplyA aniquilação dos processos internos do PT com a aclamação da "pedetista histórica" informa que DG está no comando e, pior, sem resistência que ouse denunciá-lo.
Sua força devastadora se sobrepõe a qualquer interesse local do PT evidenciando que o jogo político está mudando, realmente.
Mudando para o imponderável.
Aqui dentro e lá fora.
Coronel,
ReplySe aveche não. Esse povo é prolixo e escreve, em tese, para quem já está bem formado e informado. É tempo perdido por eles e dinheiro jogado fora pelo PT.
O povo lê mesmo é a gente.
Estou contando os acessos. Quem nos acessa sai repetindo direitinho, formando opinião, pois era só isso o que faltava.
AS RÁDIOS AGORA TÊM PAUTA. ESTAMOS FAZENDO. NÓS PODEMOS. O BRASIL PODE MAIS.
NINGUÉM SEGURA ESSE CAMINHÃO DE IDÉIAS. VIVA A REDE DE BLOGS.
Eu aposto no combate à leitura enviesada da constituição que tenta tornar legítima a figura do "presidente-laranja"
ReplyAposto no uso futuro da inépcia dessa figura sem história político eleitoral para a simulação de conflitos no teatro de operações do Foro de SP de modo a abrir flancos que instaurem um clima propício à revisão da Constituição.
Aposto no direcionamento em massa das candidaturas do núcleo de partidos vermelhos para o legislativo.
Aposto no autoritarismo claro e excludente de Dillma.
Aposto em encontrar uma maneira de manter em evidência o descompromisso com a verdade, estampado na pré-candidata e provar-lhes o potencial doloso.
Aposto na expectativa delles de construir a oportunidade fatal que Lulla não teve contra as Instituições.
Essas apostas me movem a reconstituir a memória que dá alicerce à atuação subjacente e constante dessa figura sombria, o DG, sabe-se lá porque, revelado pelo próprio apedeuta em 2006.
O pior é que os caras ganham pra escrever estas bobagens.
ReplyÔ dinheirinho facil!