Cassem as medalhas do Merval!

Fazia tempo que este blog não apanhava tanto. Aliás, desde a semana passada, quando chamou os mineiros para serem brasileiros no caso de Aécio Neves. Ontem, o jovem governador declarou que a chapa puro-sangue é uma decisão de José Serra e que ele é um soldado do partido. Questão de bom senso e de deixar de lado o emocionalismo. Pegou muito mal para a oposição mineira os episódios da inauguração do Centro Administrativo e, agora, nada mais natural que as pontes sejam reconstruídas e os barcos consertados. Agora este blog está apanhando dos cariocas, pelo mesmo motivo: lembrar que, antes de tudo, eles são brasileiros. E mais: que não devem se prestar a manobras de políticos oportunistas, especificamente o prefeito, o governador, a candidata petista e o presidente da república. São eles os únicos responsáveis pela lambança na mudança da distribuição dos royalties do petróleo. O Rio de Janeiro tem todo o direito de defender os seus interesses, da mesma forma que os demais estados da federação. O Rio de Janeiro, através dos seus políticos, deve deixar de apresentar argumentos absurdos, tais como: "os royalties quebram o Rio e não resolvem o problema do Brasil", como se um real a mais não fizesse diferença no orçamento de Frederico Westphalen, no interior do Rio Grande do Sul e como se o seu governador tivesse alguma prerrogativa para falar no que ajuda ou não ajuda outras regiões; "o Rio arca com a infra-estrutura e vai ficar sem nada", como se a riqueza gerada pelo petróleo não se espraiasse pela indústria, serviços e comércio que vicejam em torno de qualquer estado produtor; "o Rio arca com os danos ambientais", o que é outra mistificação, pois ninguém mostra, destes bilhões, quanto o estado gasta com os tais danos causados pelo petróleo; por fim, "o Rio não vai poder fazer a Copa", como se o evento fosse apenas do Rio de Janeiro e como se o governo federal não estivesse bancando praticamente todas as grandes obras. O mais triste é ver o carioca, um povo politizado, crítico, inteligente, bem humorado, se encher de raiva e cair na conversa politiqueira de um governador sem o mínimo equilíbrio emocional para gerir uma crise politica da única forma possível: politicamente. Botar funcionário público na rua, incendiar a população pouco esclarecida, borrar a cidade com uma campanha dirigida contra ninguém, uma campanha que teve que achar um deputadinho gaúcho como vítima, é o fim da picada. É claro que o Rio não merece perder os royalties que recebe. Para não perder, bastaria o seu governador, de posse de um mero balanço do que o dinheiro significa, frequentar as comissões do Senado e mostrar aos senadores. De uma forma séria, não politiqueira. De uma forma profissional, acima da política. Se fosse preciso chorar, que chorasse no Congresso e não em aula inaugural. Afinal de contas, depois da passeata de hoje, é o que ele vai ter que fazer. Não tem saída. Vai botar o rabinho no meio das pernas e ir para Brasília, pois é lá, não na Cinelândia, que o problema do Rio será resolvido. Ao que parece, a grande responsável, Dilma Rousseff já está preparando uma nova proposta. É dela que o Rio deveria estar cobrando. Dela e do Lula. Não de um deputadinho gaúcho, que apenas representa o voto de quase 400 deputados de outros estados. Este blog nunca apanhou tanto. Os cariocas, assim como os mineiros, entenderão tudo, em seguida. Ah, para terminar, o Merval é gaúcho! Vereadores, cassem as medalhas dele, pois leiam o que este vendilhão da "pátria carioca" escreveu hoje, em O Globo:

Este nosso arremedo de Guerra de Secessão, com choro e ranger de dentes tipicamente tropicais, pode se transformar em uma crise política grave se o governo do Estado do Rio não agir seriamente, como não fez até agora. Não ajuda nada o comentário sarcástico do deputado Ibsen Pinheiro, autor do projeto que reduz drasticamente o pagamento de royalties aos estados produtores de petróleo, dizendo que estado produtor "no máximo tem uma vista para o mar, que é muito privilegiada". Por outro lado, vamos e venhamos, cassar a Medalha Tiradentes dada ao deputado gaúcho, considerando-o persona non grata ao estado, beira o ridículo. Melhor seria que a Câmara dos Vereadores zelasse pela escolha de personalidades que recebem a condecoração, valorizando-a, em vez de distribuí-la a torto e a direito. Não se discute que cortar bruscamente o pagamento dos royalties do petróleo para o Rio de Janeiro, quase inviabilizando a economia do segundo maior estado brasileiro, coloca em risco o conceito de Federação, incluindo um componente deletério no relacionamento entre os estados. Nem sempre a maioria pode tudo. Mas o fato é que a posição do Rio não é tão segura assim como querem fazer crer as autoridades fluminenses, e é preciso mais do que protestos para que se chegue a bom termo na negociação.