Existe algum senador presidenciável?

Quem acompanha um pouco o Senado da República, completamente dominado por escândalos, corrupção e um certo ar de inutilidade, tendo em vista a subserviência ao petismo, sabe que não há um só senador capaz de sair candidato à presidência da República. Muitos deles penam para renovar os seus mandatos. Entre os tucanos, Arthur Virgílio(PSDB-AM) e Eduardo Azeredo(PSDB-MG) são praticamente dois mortos-vivos. Tasso Jereissatti (PSDB-CE), sem um bom acordo com os Gomes, também não se reelege, assim como Sérgio Guerra(PSDB-PE), que enfrentará Marco Maciel (DEM-PE) e João Paulo(PT-PE). O senador Álvaro Dias(PSDB-PR), por sua vez, trava uma luta intestina contra Beto Richa, prefeito de Curitiba, para ser o ungido como candidato ao governo do Estado. Enfim, senador é como uma boa licença-prêmio, mas afasta o político da base, por oito longos anos. Quando voltam, via de regra, precisam lutar desesperadamente para renovar o mandato, quando não são sacrificados em nome dos acordos partidários. Por isso, não só entre tucanos, não se vê um só senador com a vida ganha, politicamente, em qualquer partido e, neste sentido, vale lembrar do pobre Aloísio Mercadante(PT-SP) e da coitada da Ideli Salvatti(PT-SC), sem a mínima chance de ser reeleita ou de conquistar o governo do Estado. Pois Aécio Neves (PSDB-MG), que sonha um dia ser presidente da República, está escolhendo ser senador por Minas, para de lá servir o Brasil. Só pode ser brincadeira. O senado será o fim da sua carreira política, em âmbito nacional. Será devorado pela máquina, um entre mais de oitenta, longe do Executivo, longe da gestão. Ganhando Serra, não terá a mínima chance de concorrer, pois o tucano irá para a reeeleição. Perdendo Serra, também nao terá a mínima chance, pois Dilma se reelegerá ou, se estiver fraca, teremos Lula de novo. No Senado, ficará até 2018 quando, aí sim, poderá pleitear ser o nome presidenciável pelos tucanos. Nada disso. O candidato em 2018 será Geraldo Alckmin(PSDB-SP), que estará encerrando duas gestões como governador paulista. Portanto, acredito piamente que a decisão de Aécio Neves é apenas para embaralhar o jogo, para deixar tudo em aberto, sem que o adversário saiba exatamente o que vai acontecer. Já está acertado com José Serra, pois não é um imbecil. O mineiro, na verdade, tem duas escolhas: a vice-presidência de Serra, que lhe garantirá uma eleição presidencial tranqüila em 2018 ou se contentar em ser prefeito de BH em 2012, governador de Minas em 2014, reconstruindo, sem nenhum segurança, um caminho que já trilhou e que nada acrescenta à sua biografia.

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Em 2006, Aécio foi eleito governador em primeiro turno, com 77% dos votos e 5,3 milhões de votos a mais do que o candidato do PT, em Minas Gerais. Aécio fez 9,7 milhões de votos. Transferiu apenas 4,7 milhões para Geraldo Alckmin. Aécio ficou devendo 5 milhões de votos para o PSDB. É hora de pagar a dívida.