O que pode ser feito a curto prazo, que independa de reformas profundas e difíceis, para travar o avanço na gastança pública?
Os esforços precisam se concentrar nos itens de maior peso no orçamento do governo. As despesas de previdência, assistência social e funcionalismo representam 70% dos gastos do governo. É necessário conter o avanço desses gastos. Essa conta cresceu bastante por causa da política de conceder aumentos ao salário mínimo bem acima da inflação. Isso não pode acontecer. Os pagamentos ligados ao salário mínimo representam quase um quarto de todas as despesas do governo. É justo manter o poder de compra do salário mínimo, mas, na atual circunstância, não faz nenhum sentido conceder reajustes acima da inflação. O impacto nas contas públicas é devastador. Cada real de aumento no salário mínimo significa uma despesa extra superior a 200 milhões de reais ao ano.
O governo não poderia acomodar o aumento dos gastos e a queda na arrecadação valendo-se da criação de mais impostos? É improvável que consiga. Na última década, o total dos impostos pagos pelos brasileiros subiu de menos de 30% para quase 40% do PIB. É esse o tamanho da bicada do governo. Essa carga chegou ao limite. Não há como criar mais tributos ou alíquotas sem que a sociedade reaja e se oponha. Durante muito tempo, os cidadãos engoliram pagar novos tributos. Isso acabou. A derrota do governo em sua tentativa de prorrogar a CPMF (contribuição provisória sobre movimentação financeira) comprovou a aversão da sociedade. Ninguém aceita mais. Isso não impede, obviamente, que a Receita Federal busque aumentar a arrecadação apertando a fiscalização.
Há uma década, os estados são obrigados a gastar menos do que arrecadam, por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. Que avaliação o senhor faz dessa lei?
A Lei de Responsabilidade Fiscal, junto com a renegociação das dívidas dos estados, mostrou-se fundamental para equilibrar as contas do setor público. Os governos estaduais, até 1998, possuíam déficits em suas finanças. Aquela situação trazia uma incerteza muito grande sobre se a dívida pública sairia do controle e deixaria de ser paga. Essa fragilidade tornava o país vulnerável em meio a crises financeiras, porque, ao menor sinal de perigo, havia fuga de dólares. A questão é que os gastos do governo federal permanecem descontrolados. Ao contrário dos estados, a União pode aumentar suas despesas de custeio à larga, como tem feito, sem que haja nenhum impedimento. Chegou o momento de acabar com essa farra.
5 comentários
Humm, os mesmo 'culpados' de sempre.Né não?
ReplySeu Velloso não usa o SUS,hospital público.Daí que deve achar que é salário de médicos e demais profissionais da Saúde, da Segurança(incluindo FFAA) e da Educação que 'quebram' o país.
Curioso que antes da crise o discurso era o mesmo.Sempre.
Curioso que não tem nenhuma linha falando contra os perdões de dívidas externas que o governo dá,nem do que entrega a Evo,Lugo, Chavez.Nem dos cargos comissionados (fala apenas de concurso/concursados).Remova-se os técnicos em informática, mas não toquem nos Magistrados,sem nos ganhos absurdos dos políticos.
Mas não é curioso,é até bem compreensível,que tantos economistas estejam em filas dos desempregados,sobretudo nos EEUU,como eles sempre sabem de tudo e nunca resolvem nada...
Sujeitos assim, tão 'ixpertus', não são ainda presidentes? nem numa republiqueta como aqui??
Noofffaaa ¬¬
Quando vai ser a festa de entronamento nas honras dos altares do Sr.Velloso?
Ele tem razão qdo diz que novo mundo vai piorar e a razão é bem simples:por que economistas não se calam?
Ainda bem que não foram eles que inventaram o capitalismo.Pensando bem,o capitalismo existe e resiste apesar dos economistas.
Como há poucas oportunidades pra eles em funções públicas,via concursos,como há para advogados, por exemplo,vivem babando a eterna gosma de gastos com servidores e previdência.
Dou muito mais crédito aos contabilistas do que a economistas.
De fato, são os da contabilidade(ou Ciências Contábeis) que dominam o óbvio das colunas DEVE -HAVER; só se gasta dentro dos orçamentos,só se gasta de acordo com o que ganha,se possível sempre menos, pra sobrar uma reserva por enterro que está pela hora da morte...
Lia
O economista tem toda razao. O governo nao pode gastar mais do que ganha. Se o fizer, entra no "cheque especial" pagando juros por isso, e depos para solucionar sua divida ou "pede aumento" (aumentando mais os impostos ou simplesmente imprimindo mais dinheiro) ou deixa de pagar as contas e tem seu nome mandado para o "Serasa".
ReplyMas o cachaceiro a cada dia aumenta mais os gastos. Com coisas absolutamente desnecessarias, como a contratacao de centenas de milhares de funcionarios. E nao ve a vaca indo pro brejo. Quando acordar, a vaca ja vai estar atolada. Ate o pescoco.
"Quando os homens são honestos, leis são desnecessárias; quando os homens são corruptos, leis são inúteis." -- Disraeli
ReplyEstupro é crime?
Sim. Porém, um canalha sempre irá se livrar alegando que a lei não especifica se é crime com ou sem camisinha.
Dr. Evil,
ReplyDesculpe. Quem disse que a canalha se importa com a vaca? Tudo o que lhes importa é o "pudê". Tendo o "pudê" tem tudo, inclusive o dinheiro todo do país.
CHISTE, apenas repassando:
Reply(Será que serve para o nosso Guru Marolinha???)
Dez lições de Bush para Obama
Eis aqui dez lições que Obama e sua equipe devem aprender a partir da experiência de Bush.
1.Os presidentes definem o tom do relacionamento entre os membros da sua equipe. Não se pode ser passivo nem tolerar divisões virulentas.
2.O presidente deve insistir para que todos se pronunciem abertamente uns diante dos outros, mesmo que haja - ou especialmente quando houver - discordâncias veementes.
3.Um presidente precisa fazer a lição de casa para dominar as ideias e conceitos fundamentais por trás das medidas que adota.
4.Os presidentes precisam fazer com que as pessoas exponham seus pontos de vista e se certificar de que as más notícias cheguem ao Salão Oval.
5.Os presidentes precisam fomentar uma cultura de ceticismo e dúvidas.
6.Os presidentes recebem dados contraditórios e precisam confrontá-los com rigor.
7.Os presidentes precisam contar a verdade nua e crua ao público, mesmo que isso signifique dar notícias muito ruins.
8.Motivos justos não bastam para garantir eficácia política.
9. Os presidentes precisam insistir em pensamento estratégico.
10.Os presidentes devem abraçar a transparência.
Eles devem manter debates e discussões internas com seus principais assessores que façam sentido quando vierem à tona posteriormente. Esse tipo de relato dos bastidores será divulgado, ao menos em parte, durante a presidência. Mas a melhor versão possível emergirá mais vagarosamente, ao longo do tempo, e fará parte da história.
(Bob Woodward - The Washington Post)