Guardo a lição de Franklin Delano Roosevelt quando afirmou que as liberdades fundamentais estão sintetizadas em não ter fome, não ter medo, livre culto religioso e respeito à privacidade das pessoas. A liberdade de não ter medo embasa-se no direito de expressar livremente o pensamento.As facções que desencadearam a luta armada de 1967 a 1974 (todas comunistas, exceto Caparaó) lutaram pela ditadura do proletariado, segundo a cartilha marxista. Mais recentemente, diziam ter lutado pela democracia, contra o que se insurgiu, indignado com a mentira, Daniel Aarão Reis, ex-guerrilheiro, preso e exilado, hoje professor universitário: "Nenhum documento das guerrilhas tratou de democracia", contestou.Claro, pois, marxistas, visavam à ditadura do proletariado. De resto, se vencedoras, teriam erigido um regime de partido único, como o fez Lênin. É paradoxal o defensor do partido único invocar direitos humanos se nega a liberdade de expressão e a pluralidade partidária quando no poder.O ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) foi militante da Ação Libertadora Nacional, liderada por Marighella, cujo manual de guerrilha defendia o terrorismo, diferentemente de Che Guevara, que o condenava.Se o ministro fosse um Sobral Pinto ou um Paulo Brossard, eu teria certeza de sua imparcialidade. Reconheceria que a tortura e o terrorismo são irmãos xifópagos, a primeira, uma praga existente desde priscas eras, presente em todas as guerras, e o segundo, não tão antigo. Afinal, a Constituição trata ambos como crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça.Já que o ministro faz diferença, teoricamente ao menos, julgo-o um revanchista, do tipo que, derrotado, está hoje no governo de um presidente que não foi guerrilheiro.Antecessor seu na Comissão de Anistia foi outro militante de guerrilha comunista vencida. O objetivo deles tem sido muito claro: queixar-se de torturas na luta armada e esconder o terrorismo que praticaram. Falta-lhes, pois, substância moral para a queixa mesclada de ódio, a despeito dos benefícios já recebidos.Só em indenizações, já receberam mais de R$ 2 bilhões. Nem um centavo para as famílias dos mortos e mutilados no atentado terrorista no aeroporto de Recife, em 1966, primeiro ato da luta armada que desencadearam. Pensão vitalícia, remuneração por atrasados e emprego livre de Imposto de Renda, tudo foi obtido por um dos terroristas que lançaram carro-bomba contra o quartel do Exército em São Paulo, cuja explosão estraçalhou o corpo de um soldado. Os filhos do povo, os vigilantes de bancos, os seguranças de embaixadores, os oficiais estrangeiros mortos à traição (e até por engano), esses não tinham pais, mães, esposas, filhos.A emenda constitucional nº 11, de outubro de 1967, revogou o AI-5 e restabeleceu os direitos fundamentais.Seguiu-se-lhe a anistia, mais ampla que o substitutivo do MDB, que não anistiava Brizola e Arraes. Reconhecendo que houve excessos de ambas as partes, o projeto de lei da anistia incluiu na graça os crimes conexos, assim tidos pelo Congresso em 1979, como a tortura e o terrorismo.FHC acrescentou as indenizações que privilegiam os derrotados na luta armada. Inverteram o humanitismo de Quicas Borba e o princípio: aos vencedores as batatas. As batatas foram para os vencidos. Millôr Fernandes não pôde conter o chiste: "Os guerrilheiros não fizeram guerra, mas um bom investimento".Bem pagos, cresceu-lhes a ambição de derrogar unilateralmente a anistia.Imitando Janus, são bifrontes: um rosto é dedicado à tortura, que é o mal, e o outro, ao terrorismo, sobre o qual silenciam. Apareceram "juristas" doutrinando sobre a imprescritibilidade da tortura, mas omitem o terrorismo. Um jurista de esquerda tradicional, indelicadamente, chamou de "burocratas jurídicos" o ministro da Defesa e o advogado-geral da União, que dele discordam. O menosprezo evidencia a marca da ideologia, e não a do saber jurídico.A propósito, declarou o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes: "Repudio qualquer manipulação ou tentativa de tratar unilateralmente casos de direitos humanos. Eles não podem ser ideologizados. É uma discussão com dupla face, porque o texto constitucional também diz que o crime de terrorismo é imprescritível".Vannuchi, arrogante, exibe o vezo do totalitarismo de que foi militante: ameaça demitir-se (que perda para o país!) se o parecer da AGU, reconhecendo a anistia para os crimes conexos, for mantido. Aprendeu de Lênin e seu centralismo democrático: "quem não estiver comigo é contra mim". Ousa constranger, publicando declaração do presidente que se refere aos cadáveres de comunistas desaparecidos há 40 anos no clima quente e úmido da Amazônia, e não à anistia.O presidente João Baptista Figueiredo disse que a anistia não implicava perdão, que pressupunha arrependimento não pedido, mas esquecimento recíproco, em favor da reconciliação da família brasileira. Perto de 30 anos passados, o esquecimento é unilateral. O ódio ideológico, o mais perverso dos ódios, prevalece.
JARBAS PASSARINHO, 88, é coronel da reserva. Foi governador do Pará (1964-65) e senador por aquele Estado em três mandatos (1967-74, 1975-82 e 1987-95), além de ministro da Educação (governo Médici), da Previdência Social (governo Figueiredo) e da Justiça (governo Collor). Publicou este artigo hoje, na Folha de São Paulo.
14 comentários
Li esse artigo ontem no Brasil Acima de Tudo, só para constar.
ReplyJá na Flolha Online de hoje, Kennedy Alencar tortura barbaramente a verdade quando afirma:
Reply"Tarso fez muito bem ao defender que a esquerda armada que combateu a ditadura militar não era terrorista, um posicionamento corajoso e lúcido."
Uma asneira dessas só cola para quem desconhece a História ou não tem muitos neurônios. Até quando este babaquinha vai continuar aaterrorizando a lógica e a razão em sua tribuna na FSP?
Não entendi a declaração daquele neguinho da OAB, que justificou a guerrilha porque se tratou de uma luta contra uma ditadura, portanto, aprovada pela ONU e pelo direito internacional.
ReplyMas há aí um grave e óbvio erro: se a rejeição da ditadura é o valor fundamental da equação, um fim que justifica como meio o ataque à população civil que a guerrilha operou, então entramos em curto-circuito quando constatamos que a guerrilha de fato “lutou” contra a ditadura militar, mas para substituí-la por uma ditadura comunista nos moldes cubanos no Brasil, e não pela democracia, conveniente mito posterior e retroativo quando do fracasso da guerrilha e a vinda da chamada redemocratização.
Enfim, se é para rejeitar a ditadura e negar direitos aos ditadores, é forçosa a rejeição, também, da guerrilha ditatorial de proto-ditadorezinhos. Senão o princípio jurídico desse bufão da OAB é o antigo “ladrão que rouba ladrão”, aplicável também à própria ditadura, que pode alegar ter cometido o mal da ditadura face a outro mal ditatorial. Então ou são todos culpados e ninguém merece anistia, ou todos inocentes e todos merecem anistia, ou deixamos de palhaçada e analisamos os fatos de acordo com a realidade, com seriedade e honestidade. Mas aí já seria exigir demais de um apoiador de guerrilheiros comunistas.
Coronel,
ReplyLouvo sua iniciativa de publicar na íntegra o artigo do grande Jarbas Passarinho, que merece a maior admiração.
Saudações,
M. Rosa – S. Paulo-SP
Coronel
ReplyParoles! Paroles!
Quero ver quando aldo rebelo do PC do B ocupar a vaga de jobim!
Aí quero ver quem è homem e quem è guri!
Tenho assistido à tomada do Poder por parte dos bolcheviques, com total apoio e consentimento de lula, até chegar a este desafio, tornar unilateral a Lei da Anistia.
Ou alguém ainda acredita que esse vannuchi está há tantos meses mexendo no passado sem consentimento do vagabundo imbecil?
Coronel
ReplyQuem está empurrando e ajudando vannuchi , com pleno consentimento de lula? O PC do B.
(...)
"Caso pode gerar nova crise militar no governo
A decisão judicial que manda apontar o paradeiro de 70 guerrilheiros desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia – 58 ativistas do PCdoB e 12 camponeses que viraram combatentes – coloca o governo contra a parede. E força uma tomada de decisão política que amplia o abismo que separa os ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi de seus dois colegas de Esplanada, Nelson Jobim e José Dias Toffoli, em conflito sobre a punição (ou não) de torturadores protegidos pela Lei da Anistia. O Caso Araguaia é mais grave e pode arrastar para a arena o segmento que o governo do presidente Lula – formado em seu núcleo por ex-ativistas que pegaram em armas – mais tem tentado evitar: as Forças Armadas."
(...)
http://brasilacimadetudo.lpchat.com/index.php?option=com_content&task=view&id=5551&Itemid=141
Coronel,
ReplyE incrivel como o ministro Jarbas Passarinho, com 88 anos, continua com sua saude emntal perfeita.
Da de 100 a zero em qualquer um desse governinho.
Dr Evil tem saudades do tempo em que homens de tamanha inteligencia governavam este pais.
Coronel
ReplyEnquanto a União Européia define crimes de terrorismo em 06/12/2001, lula dá prêmios, cargos no governo e as mais altas condecorações e honrarias aos terroristas.
"União Européia adota definição única para crimes de terrorismo
Os ministros de Justiça da União Européia (UE) adotaram hoje uma definição do crime de terrorismo comum aos 15 Estados-membros. A organização considera terrorismo todo ato cometido com o objetivo de "intimidar gravemente uma população, obrigar os poderes públicos ou uma organização internacional a realizar ou a abster-se de realizar uma determinada ação, desestabilizar gravemente ou destruir as estruturas fundamentais políticas, constitucionais, econômicas ou sociais de um país ou de uma organização internacional", diz o texto aprovado pelo conselho.
(...)
Os 15 países irão condenar com pena mínima de 15 anos os crimes mais graves, e com mínima de oito anos, o delito de colaboração, anunciou o ministro espanhol da Justiça, Angel Acebes, em entrevista à imprensa."
http://www.usinadeletras.com.br/
Grande Jarbas Passarinho!
ReplyÉ isso aí, enfrenta-se molecagens com os fatos e a lei.
Não existe nada mais nojento e cínico neste país, do que esta comunistalha raivosa e atrasada.
Perfeito este artigo do grande patriota Jarbas Passarinho. É pena que o Brasil não tenha um PRESIDENTE, assim com maiúscula. Se tivesse, Tarso Genro e Vanucchi já teriam sido sumariamente demitidos, pelos constrangimentos que vêm criando dentro do próprio governo.
Replyexceto Caparaó?
ReplyNão é o que diz no documentário "É tudo verdade" ,vencedor de festival internacional...
Ganha prêmio em cima de prêmio,quilômetros de críticas elogiosas, justamente por mostrar a primeira tentativa de luta armada contra a Ditadura,com 'paitrocínio' do vampiro Fidel.
Faz sucesso o documentário,coronel,entre os 'cult',chegados a uma nostagia da luta armada, pelas UNEs e DCEs, então...
¬¬
Meu ex-professor Jarbas Passarinho,é uma das poucas reservas morais,deste infeliz país.Petralhas safados,aprendam com o mestre.Fico feliz com a súde do mestre,que nunca,molestou seus alunos com ideologias infames(Papa João Paulo).Longa vida ,Jarbas Passarinho,pois eles tremem com suas palavras.Globo News,Critiana Lobo,etc,entrevistem e aprendam.
ReplyEsses comunistas safados,só não explicam,porque treinavam guerrilha em Cuba e na China já em 1960.Tiveram premonição da contra_revolução de 64?Mistificadores nojentos.
ReplyJá coloquei aqui (mas parece que voce não gostou e não quis publicar) a versão para "democracia" que esses imbecis tem
ReplyNa midia independente tem um palhaço que escreveu que a verdadeira democracia é a ditadura do proletariado.
Ditadura= democracia.
Eles lutavam pela ditadura, que é democracia na mente deles.
Como discutir com uma mente degenerada dessas? Olavo é que tem razão, nada de discutir, manda pra PQP.