Principal programa social do país, o Bolsa Família tem sido utilizado nesta campanha municipal como uma nova modalidade de cabresto eleitoral.Candidatos a prefeito e a vereador usam o programa federal de transferência de renda (cuja base de dados para a seleção dos beneficiários é controlada pelos municípios) tanto para agradar ao eleitor, oferecendo-lhe um cartão de beneficiário em troca do voto, como para ameaçá-lo, condicionando sua permanência no programa à vitória de um dado político.Neste ano, o governo reajustou em 8% o valor do benefício, anunciou um programa de qualificação de profissionais específico aos beneficiários e estendeu o benefício a jovens de 16 e 17 anos -iniciativas tidas como eleitoreiras pela oposição.À época do reajuste, o TSE disse que a medida poderia ser contestada no tribunal, mas até hoje ela não o foi. Ao contrário, a oposição também exalta o programa na campanha.As eleições deste ano são, na prática, a primeira grande experiência municipal do uso do Bolsa Família para arregimentar votos. Em 2004, o programa ainda tomava corpo, beneficiando 4,5 milhões de famílias. Hoje são 10,8 milhões de famílias contempladas, que recebem entre R$ 20 e R$ 182.Nas últimas três semanas, a Folha encontrou casos de uso eleitoral do programa no interior de Ceará e Piauí e ouviu denúncias informais em Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.Promotores dizem que o principal obstáculo à fiscalização é o medo dos eleitores de serem perseguidos após a denúncia.Em Pedro Laurentino (PI), o candidato à reeleição, Gilson Rodrigues (PTB), encaixou no programa famílias de cidades vizinhas. Em troca, a condição que transferissem títulos eleitorais para Pedro Laurentino."Antes da eleição [de 2004, quando Rodrigues foi eleito] chegaram pra mim e falaram: "Transfere o título pra lá [Pedro Laurentino] e a gente dá um jeito de colocar você no cadastro'", disse Luciene Rodrigues, 28, que vive com o filho Walison, 7, em Socorro do Piauí.Outro morador do município que recebe o Bolsa Família pela cota de Pedro Laurentino é Luiz Gonzaga Pires, 50. "[Em 2004] transferi o título e lá, depois, o prefeito [Rodrigues] ajeitou um Bolsa aí pra gente."O prefeito e candidato à reeleição alega um "problema de regularização fundiária". Segundo ele, há cerca de 300 famílias que, por viverem próximas à divisa com outros municípios, votam e recebem o Bolsa Família em Pedro Laurentino, mas são contados pelo IBGE como habitantes de outras cidades. A Folha, porém, encontrou famílias com essa particularidade não apenas nos limites dos municípios: algumas delas vivem num bairro pobre no centro de São João do Piauí, a 50 km de Pedro Laurentino.Outro uso do Bolsa Família na eleição ocorreu em Acopiara (CE). Enquanto respondia a uma pesquisa encomendada pela campanha do prefeito, Antonio Almeida (PTB), Maria Aparecida Pereira, 51, foi surpreendida com uma pergunta sobre o Bolsa Família. A Folha teve acesso ao questionário."A senhora ou alguém que mora na sua casa recebe o Bolsa Família?", quis saber o pesquisador. "Sim, eu recebo", respondeu Maria Aparecida. Na seqüência, duas perguntas sobre eleição. Em quem votará para vereador e para prefeito."Quando eu disse que votaria no Vilmar [adversário do prefeito], ele perguntou se eu não tinha medo de perder o benefício", diz a dona-de-casa, que completa: "Fiquei com muito medo de perder".Mãe de seis filhos, ela saiu gritando pela rua, e o caso foi parar na Promotoria eleitoral, que abriu investigação. O prefeito nega a prática e diz que a denúncia é uma tentativa do adversário para prejudicá-lo.Em Aroeiras do Itaim (PI), um lavrador procurou o Ministério Público para denunciar a responsável da prefeitura pelo Cadastro Único, licenciada do cargo para concorrer à vereadora, de tirar-lhe o benefício se não votasse nela. "Do jeito que eu dou o cartão [do Bolsa Família], eu também retiro", disse a candidata, segundo relato do lavrador aos promotores.
4 comentários
Nada a ver com o tópico. O site da
ReplyMidia Sem Mascara está fora do ar
por motivos técnicos. Foi alvo de hackers.Voltará em breve.
Coronel
ReplyO Lula e o PT transformaram o brasil num CEU : Curral Eleitoral Único
HUmmmmmm¬¬
ReplyOra pois,pois.
Ontem à noite, numa sala de chat que é ponto de encontro de tugas e brasucas,uma tuguinha muito simpática me perguntava sobre Lula, sobre a tal bolsa família.
Disse que num debate, durante a semana,Lula foi tido e havido como o homem que "salvou o Brasil"(negrito e sublinhado, pls)
Perguntei o que exatamente significava 'salvar o Brasil'.Ela disse que ele havia salvado os pobres, tirado o Brasil da pobreza.
Difícil, num chat,explicar que as coisas não são bem assim.Há muitos teclando juntos,tenho dificuldades em digitar com a velocidade que tal ambiente requer...Mas cheguei a esclarecer umas coisas como a origem da tal bolsa,que vinha de um programa de transferência de renda do governo anterior, que, em tese,Lula apenas copia em quase tudo,tanto na economia como nas assim chamadas políticas sociais.
Achou pouco o valor da bolsa por cabeça.Quis saber se muitos ganhavam e qual o critério para a concessão.Nem deu tempo para eu responder, um mineirinho lascou:por voto.
Eis o tipo de mineirice de que eu gosto,bem longe da mineirice do playboyzinho tapuia,Aécio, que só vem à Floripa por conta da fama de vida noturna fácil e mulheres gostosas.Deve ter esgotado o cardápio das cariocas...
Sempre achei que o poder estava no dinheiro.Agora sei que o poder é a propaganda, a força que ela tem de vender mentiras como verdades.O tal alemão sabia das coisas.Será que Joseph Göbbels e Gramsci não eram irmãos separados ao nascer não?Contemporâneos eram...
¬¬
lia
Coronel, hoje vi uma perua de recadastramento do Bolsa Família. Que história é essa de recadastramento em vésperas de eleição? Isso é golpe mesmo... Compra de votos.
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