Eles odeiam a Imprensa.

Bernardo Kucinski, professor de jornalismo da USP, lulopetista de carteirinha, desanca o pau no Noblat, Lúcia Hippólito, Willian Wack, Sardenberg e, para manter àquela aura de imparcialidade, até em Mino Carta, lá no site do PT.

Alimenta a tese de que a Imprensa é preconceituosa com Lula, por isso sempre coloca o presidente como alguém que “confunde” as coisas. Levanta uma série de exemplos para comprovar que “a linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade.”

O método é o de sempre. Ao pinçar críticas de vários jornalistas à falta de entendimento de Lula em situações diferentes, o professor de jornalismo tenta demonstrar que existe um movimento organizado na Imprensa para desqualificar o presidente. Para, em seguida, descambar para a mesma desqualificação que condena: “se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Quer comentário mais escroto do que este?

Utilizando a mesma metodologia kucinskiana, fizemos uma breve exploração nos discursos de Lula, para verificar o tratamento que ele dispensa à Imprensa. É estarrecedor o desrespeito sistemático e continuado com que Lula trata os jornalistas e os meios de comunicação. E olha que lemos somente alguns discursos dos últimos dois meses.

Para catadores de lixo, Lula disse que a Imprensa "não repercute”a violência, “porque não sabe”.

Para gerentes de banco, declarou que a Imprensa “estranhou a alegria dele”, novamente colocando o segmento como desinformado.

Para políticos, na inauguração de uma agência do INAMPS, saiu com essa: “eu vi que a imprensa não estava prestando atenção quando você estava falando”.

No lançamento do Banco do Sul, transformou jornalismo em intriga: “de vez em quando a imprensa tenta mostrar disputa: “quem quer ser líder, quem quer ser mais poderoso”.

Logo depois, em outro discurso, responsabilizou a imprensa por incidentes diplomáticos: “De vez em quando querem que eu brigue com o Chávez. Cada coisa que eu falo é uma manchete negativa.”

Chegou ao ápice, no lançamento do PAC da Saúde, quando afirmou: “Me falaram: a imprensa está esperando um discurso violento. Aos 62 anos, eu não tenho mais tempo de ser violento”.

No lançamento de um programa de monitoramento de barcos, chamou a imprensa de ignorante: “Eu espero que a imprensa tenha compreendido a apresentação aqui, para avisar aos navegantes que eles agora estão mais protegidos”.

Ao inaugurar um pedaço de estrada, Lula colocou a imprensa contra a geração de empregos: “De vez em quando a imprensa me bate porque nós vamos contratar mais gente. E vamos contratar, sim”.

Por fim, ao dar posse a José Múcio, depois do escândalo da demissão do Walfrido Mares Guia, envolvido no valerioduto mineiro, em mais um episódio da podridão que é o seu governo, Lula bradou: “Vira e mexe, a gente lê na imprensa as dificuldades nas relações dos governos brasileiros, não do meu, com o Poder Legislativo. Qualquer coisa que aconteça de votação, contra ou a favor, ou se demora, há sempre a tentativa de passar que existe uma guerra”.

Se formos mais fundo e olharmos todos os discursos de Lula, desde a sua posse em 2003, não veremos uma só palavra de respeito à Imprensa. Por um motivo muito simples: Lula não admite críticas, não aceita ser contestado, desdenha a imprensa. Neste aspecto, o presidente não passa por ignorante ou despreparado. Pelo conteúdo dos seus discursos, em relação à imprensa, Lula não “confunde” absolutamente nada: é PhD em desqualificação e em falta de respeito. Como Bernardo Kucinski.