As eleições na "apaixonante"Cuba de Lula.

Ao levar U$ 1 bilhão para Fidel e dizer que ele "está pronto para assumir um papel político", Lula deu um tiro no peito da oposição cubana. Passou recibo para uma ditadura sanguinária continuar no poder.

O processo eleitoral cubano consta de duas partes. Iniciou em finais do ano passado, com a eleição dos “delegados de base”, representantes de bairros, que são nominados pela população em “assembléias de vizinhos”. Nesta fase, os cidadão propõem os seus próprios vizinhos e os candidatos são apoiados “erguendo a mão”, o que permite que a polícia e os espiões do regime identifiquem possíveis opositores. Os ganhadores de cada circunscrição são os candidatos para a primeira rodada eleitoral, onde o voto passa a ser secreto.

A lei impede que o partido único, o Partido Comunista, lance candidatos nestas assembléias. Todavia, como única força política existente, os seus membros se articulam e votam em bloco em seus próprios candidatos. De qualquer forma, até este momento qualquer um, inclusive dissidentes, podem ser eleitos, se foram nominados e votados pelos seus vizinhos. Mas o difícil é entrar no Parlamento, na segunda fase das eleições.

Estes delegados indicados pelas “assembléias de vizinhos” correspondem a 50% dos candidatos a deputado. Os outros 50% são indicados por Comissões de Candidatura, formada pelos ditos “movimentos sociais” – organizações de massa, sindicatos, federação de mulheres, de estudantes e outras. Estes indicam membros destacados da sociedade, cientistas, escritores, jornalistas, desportistas, enfim, membros que só chegam a esta condição por favorecimentos de quem? Do Partido Comunista.

Estas candidaturas “oficiais” seguem um padrão populacional e regional – um deputado para cada 20.000 habitantes e no mínimo dois por município – terminando com uma lista única, um para cada cargo, onde cada um deverá obter mais de 50% dos votos para ser eleito.

Mesmo sem apresentar candidatos, o Partido Comunista tem total controle sobre as candidaturas, tanto que mais de 90% dos membros do Parlamento pertencem a ele. É praticamente impossível que um opositor consiga atravessar a “máquina de moer carne” das Comissões de Candidatura, se transformando em deputado.

Por que a ditadura de Fidel prega o voto unido, em bloco, marcando um único “x” no centro da cédula? Porque o eleitor pode votar em todos, em alguns ou em nenhum. E porque o sistema eleitoral explodiria em pedaços se a população fizesse com que os candidatos não alcançassem o mínimo de 50% dos votos, pois teriam que ser realizadas novas eleições.

Os esforços da dissidência, nas eleições deste domingo, é para ultrapassar os 10% de votos nulos, abstenções e brancos. Fazer com que a lista única tenha menos do que 90% dos votos, mesmo sob todas as ameaças, pressões e prisões. É certo que os 614 deputados, que mais tarde, na última etapa do processo reconduzirão Fidel ou Raul, acabarão eleitos. Mas votar sob protesto silencioso é a única coisa que os cubanos podem fazer.

Com informações do Pinceladas de Cuba.